domingo, fevereiro 21, 2010

Os Revoltosos Cibernauticos

Num dia de Setembro eis que se abate um drama sem precedentes na CACA-OI.
And it goes like this...
Um condutor que regressava das suas férias, entra na Camionete e depara-se com um cenário manhoso.
Os condutores principais, gente acima de qualquer suspeita, não querendo a sua companhia na cabine, mandam-no fazer a viagem na caixa aberta da camionete.
O Condutor não estranhou, pois eram conhecidas situações semelhantes na camionagem pesada e os condutores em causa já tinham provas dadas no passado.
Um deles, negociante astuto, detentor de inúmeros negócios era conhecido pela cortesia e educação, que punha em todas as suas acções.
O outro, raposa velha, nunca tinha deixado os seus créditos por mãos alheias.
Sendo um entusiasta de longas jornadas laborais, tinha no passado sido o grande impulsionador duma linha de transporte das camionetas que de forma rápida unia 2 cidades basilares do império Austro-Germânico.
Ao entrar na camionete, qual linha Bombaim-Carachi, tudo havia, desde índios, canzoada, gente com sacos de fruta, ovelhas e até borregos.
O nosso amigo não estranhou, pois por vezes a barateza da coisa não se compadecia com conforto.
Mas eis que, são chamados à cabine principal 2 rapazolas distintos que nada tinham de familiar.
Ui, esquemas, já topei, pensou o nosso Condutor.
Aqui a historia divide-se.
Uma versão diz que os rapazolas eram amigos de longa data dos Condutores e que juntos já teriam partilhado tropelias mil.
A outra versão, garante que um dos rapazolas nem sequer o nome do condutor sabia umas horas antes e que tinha sido apresentado por terceiros.
O que importa é o que veio a seguir.
O condutor incomodado pelo fim das férias, eis que resolve ter uma conversa indiscreta numa mesa de café.
Estava danado ele.
Os amigos em plena cavaqueira apoiam-no e dizem que realmente não há nada a fazer, só à bofetada é que a coisa ia e tal, enfim, um arranca-rabo.
Ingénuos, julgavam estarem a salvo de ouvidos indiscretos.
Puro engano.
Um amigo que presenciara a dita conversa, ao chegar a casa e vendo-se invadido pela inocuidade da sua vida sexual pensa, vou fecunda-los.
Se assim o pensou melhor o fez e sem demora trata de dar eco da converseta aos visados.
Estes não se ficam e tentam uma jogada de limpeza da coisa, argumentando que era mentira, que nunca fariam nada de parecido.
Afinal eles tinham provas dadas no campo da cortesia.
A partir daí, qual circo Cardinalli a coisa nunca mais parou, e houve de tudo, anões, cavalos, mulheres barbudas e palhaços.
Devido às implicações da coisa os chefes da CACA chamam o condutor que explica a situação, que era uma conversa de amigos e que não queria confusão.
Perante o exposto não havia outra solução dizem os chefes.
Os visados eram gente influente de modo que teria de haver lugar a chicotada pública e para que a coisa se sanasse o condutor prometeria não andar durante uns tempos nas camionetes, que não fosse com a intenção de produzir riqueza.
Nem pensar diz o nosso Major Alvega e eis que segue para a UPA-LA onde foi encontrar algum apoio.
Os chefes da UPA não achavam bem aquelas conversas de café, mas reconheciam a coisa como um fait-divers e achavam que não havia lugar a reprimendas.
Se o circo estava mau, pior ficou.
Os Compostinhos, Grupo a que voltaremos no futuro, indignaram-se.
Faça-se qualquer coisa que isto assim não fica.
Primeira acção de campanha, edite-se já uma lista com os nomes da rapaziada envolvida e quando eles quiserem andar à boleia, vão na carris e já gozam.
Mas isso não chega gritou um.
Então espera.
Estou a fazer um curso por correspondência que me está a custar uma nota.
Que saudades da telescola.
Tenho direito a tirar 2 dúvidas por semana, de modo que vou perguntar a um entendido que sabe destas coisas, já que pago usufruo, que isto de diplomas ao Domingo não é só pro Primeiro.
Vinda a resposta, não havia dúvidas, era a pior coisa que tinha acontecido nos últimos 50 anos, a CACA vai fechar de modo que há que pôr a circular o veredicto fatal.
Mesmo assim não chega gritavam outros.
Já sei, fala com um dos visados, aquele que é accionista da tabaqueira nacional e convence-o a tratar da coisa à séria para esta rapaziada tremer.
Assim o fizeram mas a rapaziada não tremeu, acharam graça e ripostaram ainda por cima.
Isto é um deboche diziam os Compostinhos e não tendo opção, viraram-se para as artes do ocultismo onde finalmente lograram os seus intentos.
Galinha preta na encruzilhada, sapos vivos e muitas rezas depois eis que sem saber nem como nem porquê é criado à pressa uma acção de enquadramento que por coincidência incluía a malta que tinha estado no café naquele dia.
Só podia ser magia. E da negra.
A revolta era grande, as aguas dividiam-se qual Moisés de cajado no mar vermelho.
Os revoltosos estavam danados pois achavam uma ingerência na sua vida pessoal.
Querendo dar ênfase à coisa e uma vez que o processo legal não parecia de feição, eis que o visado faz chegar aos periódicos nacionais a saga da coisa.
Parou o País.
Afinal perante a conjuntura actual nada melhor que uma guerra de alcoviteiras pra entreter a populaça.
Esses malandros, ganham fortunas, dormem em hotéis fabulosos, sempre acompanhados de beldades estonteantes, comem caviar, vidas sexuais de sonho e ainda urinam fora do receptáculo.
Nem pensar, liberdade de expressão sim, mas com juizinho, afinal não andámos aqui a aturar o Botas 40 anos para agora estragarem tudo.
Enforquem-nos que menos que isso é pra meninas.
Pelo meio a UPA-LA convoca uma reuniãozita em que vários assuntos eram abordados.
Nessa reunião, muito concorrida por sinal viu-se de tudo.
Uns lutaram pela vida, outros pelo direito à informação privilegiada, outros pelas secretárias de 4 pernas, outros pelo direito de expressão, outros pelo emprego, outros pelo futuro, outros pela implantação da prática tão em voga nas arábias da lapidação pública, outros pelo....e ainda pelo....e tb.....
Até que, entre gritos irados e raiva latente, eis que apareceu um ancião que vem dizer que lá em casa dele de vez em quando também achincalhava uns quantos.
Foi um alarde, que não, nunca na vida isso se fez gritavam danados os Compostinhos.
Ficou provado que em 50 anos de vida, os revoltosos tinham sido o primeiro grupo a desdenhar alguém. Estava ali para quem quisesse ver. A Ética da classe era total.
Os revoltosos estavam desorientados e resolveram que a coisa tinha de acabar.
Foram ao palco e lá engoliram o batráquio.
Que não queríamos ofender e tal, estávamos na conversa, era privado.
Algumas salvas de palmas pois o povo gosta é de lágrimas no canto do olho e abraços distribuídos.
E agora, como fica a acção de enquadramento?
E se ficássemos doentes diziam alguns.
A hipótese foi descartada e após várias reuniões lá se decidiu.
Vamos ao tal enquadramento e logo se vê.
Armados de convicções eis que se apresentaram para uma semana de trabalhos forçados no campo de reeducação, qual Cambodja de Pol-Pot.
Os carcereiros, um grupo de Condutores com secretárias de 4 pernas, ficou desconcertado com a união do grupo e com os detalhes contados, e aos poucos lá foi mudando a sua visão do acontecimento.
A coisa correu bem e diz quem lá esteve que as culpas de parte a parte foram reconhecidas.
No fim, regaram tudo num almoço conjunto e ainda houve entregas de camisetas e autocolantes alusivos ao tema, como prova da amizade que une os povos e na esperança de um futuro melhor.
Há quem diga que tudo isto foi positivo pois houve definições de carácter que ninguém estava à espera.
Talvez andassem desatentos.....

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Carta ao Tom

Aos amigos que me seguem aqui, peço desculpa pelo interregno de 10 meses.
Prometo voltar com mais histórias da camionagem assim as haja.
E pela mostra que o passado recente nos tem dado, haverão com certeza.
Até já

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Até tu Brutus

Titus teria sido o seu nome.
Seu pai, grande entusiasta do antigo império Romano, havia-lhe escolhido essa graça em honra de um antigo imperador, porém sua mãe, católica fervorosa tinha achado pouco.
Que maior nome, que o do primeiro apóstolo seguidor do Messias, pensara ela.
Em nome da harmonia familiar, conjugue-se os dois e não se fala mais nisso.
Petrus Titus ficará.
Rapaz alto e de bom porte, desempenhava as funções de condutor principal na CACA-OI.
Tinha tido uma vida calma até ao ano de 2006, altura em que resolve dedicar-se a aventuras na UPA-LA.
Vou mudar o rumo das coisas, pensou ele.
Juntou-se a uma rapaziada complicada, tudo condutores especializados, e liderados por um outro especialista fizeram aquilo que os especialistas fazem...Especialidades.
Ficaram conhecidos como "Os Alopécios"
A história da ascensão e queda já aqui foi referida, o que importa agora é o que veio a seguir.
Um dia o nosso condutor pega na camionete e faz-se à estrada.
Ao seu lado tinha uma ajudante recém-chegada, mas com uma atitude pouco abonatória.
No passado recente a CACA-OI e a UPA-LA tinham-se envolvido em discussões acesas. Várias coisas os dividiam, nomeadamente os tacógrafos, a qualidade dos colchões de descanso, Aqueles atrás dos posteres e claro, o dinheirinho ao fim do mês.
A condutora-ajudante achando tudo isto disparatado, pensou, a mim ninguém me pára e vai de pegar na camionete e num dia de descanso põe-se a fazer quilómetros e mais quilómetros. Uma fartura.
Os AA não gostaram e ficaram ressentidos.
Vários juraram-lhe uma futura conversa e alguns chegaram a tê-la.
Para azar de Petrus Titus nesse dia calhou-lhe a ele tão selecta ajudante.
Que fazer, pensou Titus, já sei, não a deixo guiar e vou-lhe explicar os prós e contras da sua atitude passada.
Tentou, mas como todos sabemos os Equus Asinus nunca foram bons ouvintes.
No dia seguinte eis que a ajudante resolve ligar ao capataz da camionagem ligeira e relatar-lhe os factos.
Ainda hoje não se sabe bem a cronologia dos acontecimentos, foi a ajudante que se dirigiu ao capataz, terá sido pressionada a relatar, fica o mistério.
Assim como ficou o decreto real:
Chame-se o alópecio, Reúna-se o conselho dos druidas e preparem a moca.
Titus já antevendo o que aí vinha, diz que não, não foi bem assim e tal.
Explica o seu ponto de vista, afinal era condutor especializado vai pra 10 anos e a ajudante tinha 3 meses de camionagem.
Era um seu direito, guiar a camionete sempre que quisesse.
Troca argumentos e sabe que a razão está do seu lado.
Os druidas não queriam ouvir e danados por a sua magia maligna não resultar não vêm outra escolha senão tirar-lhe as chaves da camionete.
Ilegal, gritavam uns, bem feito gritavam outros.
Os condutores deixavam-se levar pelas relações pessoais, não ligando à essência do caso.
A verdade é que depois dessa reunião de druidas, Titus ficou sem chaves e com a vida revirada.
Dias negros, sem dormir, sem comer, sem alegria...
Sem opções, virou-se para a UPA-LA que tentou pôr juízo na cabeça dos druidas.
O juízo teve de ser metido por meio intra-venoso mas lá foi entrando.
Batalha difícil no meio de tantas outras, estes druidas são danados.
Com o tempo como melhor conselheiro, as chaves voltarão para a mão do alopécio.
Quanto à ajudante, 35 anos de camionagem a esperam e os druidas não estarão sempre lá.
Ou estarão?