segunda-feira, outubro 18, 2010

O Manifesto

Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano! O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Dantas é um habilidoso! O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha! O Dantas especula e inocula os concubinos!
O Dantas é Dantas! O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu! O Dantas é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio! O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso! O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas é o escárnio da consciência! Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas! E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa! E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Vocês não sabem quem é o Dantas? Eu vou-lhes contar:

Com este manifesto tão actual, iniciamos hoje mais uma história da camionagem.
História ficcional claro está.
Aqueles de vocês que pensam ser este manifesto um texto antiquado e bolorento, desenganem-se.
Nunca foi tão actual e tão sintomático dos dias agitados que se viviam na CACA.
Ai vocês não sabem? Então, tal como o poeta, eu vou-vos contar.
Os últimos tempos eram de descontrolo total por parte dos Druidas.
Andavam nervosos devido a vários assuntos.
Queriam descanso para gozar os Kuanzas que rolavam em catadupa mas não havia maneira de o terem.
Desde à algum tempo a esta parte que a operação das Camionetes não andava bem, a juntar a inúmeros problemas que vinham de trás.
A CABO por exemplo, não ajudava.
O pessoal da CABO, com aquela mania parva de cumprir o que estava acordado, recusava-se por vezes em servir as iguarias especiais que a CACA preparava para os seus clientes.
Iguarias preparadas por cozinheiro de renome, não viam a luz do dia devido à falta de planeamento atempado.
De quem era a culpa perguntam os meus Amigos ouvintes?
Seguindo a tendência da rapaziada que tem governado a Pátria e que quando se vai a ver, não têm culpa de nada, também eles os Druidas assim se achavam, isentos de responsabilidades.
Que a culpa era dos da CABO que não queriam fazer.
Dizia a história que a CABO tinha um acordo firmado com a CACA.
Goste-se ou não dele, lá que tinha, isso tinha e como em todos os acordos feitos por gente de bem, era pra cumprir.
O tal acordo dizia que numas determinadas camionetes trabalhavam 4 Cabistas e noutras, por serem maiores, trabalhavam 5.
Os chefes dos Druidas, acharam que o acordo não lhes servia e vai daí, tinham de fazer alguma coisa.
O que fazer pensaram.
Tinham dois caminhos.
O primeiro passava por falar atempadamente com a rapaziada da cabo escutar os seus anseios e negociar, negociar, negociar.
Dava trabalho.
O segundo era mais fácil e passava por acreditar que com um passinho de dança, uma falinha mansa e um jeitinho de ancas tudo se consegue.
Pensaram e decidiram.
Olha lá, à frente da CABO não está aquela moça desorientada e que se quer orientar?
É verdade, está mesmo.
Opá, então vamos orientá-la e pelo meio resolvemos o nosso problema.
Se bem o pensaram, melhor o fizeram e em menos de um nada, sai um acordo de intenções para que os Cabistas passassem a ser menos, fazendo o mesmo trabalhinho.
Seria uma poupança de 20% a 25% conforme o caso.
Um piparote de Kuanzas de poupança que poderiam ajudar a colmatar alguns investimentos ruinosos do passado recente.
Tudo feito e assinado, só faltava a aprovação do documento em reunião magna.
A Chefe da CABO tinha garantido aos Donos que a coisa seria aprovada, sem contar com a opinião generalizada dos seus pares, que estava claramente contra.
Um azar nunca vem só e os Cabistas, armados de opiniões, não aprovaram, mostrando uma total falta de “Espírito de Missão”.
Com votação esmagadora o belo documento de intenções caiu por terra.
Malandros.
A vaia foi total e só faltaram os tomates arremessados pro palco por parte da audiência.
Também faltaram dos outros para fazer mea culpa e sair de fininho, mas isso já ninguém estava à espera.
A CACA, qual Amante descoberto em roupeiro alheio, ficou de calças na mão.
Nada a fazer, com o tempo a jogar contra, ainda encena a fuga para a frente, tentando acenar com umas cenouritas á miudagem.
Dobramos os Kuanzas e tal...
Mas a miudagem já não ia lá com cenouras, a desconfiança era grande e a operação das camionetes acabou bastante penalizada.
Isto de contar com a apatia alheia e o ovo no rabiosque do galináceo tem destas coisas.
Para os Condutores-Principais era espectacular, e retirava a monotonia da vida, uma vez que nunca sabiam atempadamente se iriam ter os Cabistas necessários à boa condução da viagem, o que conferia grande emoção à coisa..
Tal como os afamados Pimentos, passaram a ser viagens, umas com refeição, outras não...
Já ninguém acreditava numa solução a curto prazo e assim se passou mais uma época estival com a imagem para o exterior cada vez mais catita...
Os clientes esses, andavam irritados como é óbvio, pois para ter tratamento de vão de escada a preços destes, não obrigado.
Kuanzas à fartazana gastos em refeições rápidas de aspecto duvidoso e milhares de outras deitadas ao lixo pois uma vez entradas nas camionetes, não há volta a dar, nem que seja na camionete que sai meia hora depois.
É lixo e não se fala mais nisso, porque o “Sistema” não permite.
Dizia-se à boca pequena que o tal do “Sistema” devia ser um tipo barrigudo de bigode e que ganha a sua comissão à sandocha vendida...
Que o “Sistema” é aquilo que quisermos que ele seja.
Quem fala assim, desconhece por completo as complexidades do mundo empresarial.
Gente sem visão Exogena, está bom de ver...
E a culpa a morrer solteira, como se quer nas incompetências.
Outro dos problemas que afligia os Druidas eram os Mapistas, grupo nunca referenciado antes mas que já vai sendo tempo de ter os seus minutos de fama.
E quem eram os Mapistas perguntam os Amigos ouvintes?
Os Mapistas eram uns tipos simpáticos, com recursos infindáveis e que ajudavam os Condutores na nobre missão da Camionagem.
Gente muito necessária em qualquer empresa do ramo.
Era necessário mais carburante, pede ao Mapista.
Ah e tal, a camionete mudou de lugar, o Mapista avisa.
Preciso de uma autorização pra circular por outras estradas, o mapista arranja.
A Pátria de Bonaparte encerrou pela centésima vez, o Mapista resolve, and so on, and so on.
Dito isto e numa acção ainda hoje por entender, eis que os Druidas resolvem mudar os Mapistas de local de trabalho.
Que ficariam melhor noutro local, que seria uma questão de hábito era o mote.
É óbvio para todos que qualquer serviço de extrema importância funciona sempre melhor quando os interlocutores estão separados por distância e por um telefone.
Isso do cara a cara é coisa antiquada e não tem lugar neste século cibernético.
No seu lugar deixaram um novo dono do local que se comprometia a fazer funcionar a coisa.
Assim foi e lá se transferiram os Mapistas.
O local ficou triste, sem vida e vazio, não se antevendo os tais ganhos operacionais tão propagados na comunicação social.
Foram, mas foram danados.
E terminou por aqui a saga dos Mapistas.
Queriam?
Claro que não terminou.
Os Mapistas tinham expressado a sua revolta anteriormente e recorrendo a uma figura que ainda existe na lei, eis que encetaram uma paralisação geral.
A tal paralisação era legal, completamente legal, mas arreliou bastante os Druidas.
Durante a dita, a CACA, que não aprecia contrariedades, recorreu, como sempre aos suspeitos do costume.
E quem são os Usual Suspects perguntam vocês?
Não, não tem nada a ver com o filme e o nome não é Kaiser Sose.
São sim, aqueles malandros que têm um umbigo grande, uma ambição maior e justificam-se perante os seus pares com o tal “Espírito de Missão”.
Normalmente só eles o têm e a sua luz e visão, advêm dessa qualidade
Uma maneira bonita e floreada de dizer, vou-te fecundar se tiver que ser porque estou-me nas tintas para os outros.
Existem em todo o lado e é só abrir a porta e deixá-los fazer o dirty work.
Esses 2 ou 3, imbuídos do tal “Espírito de Missão” e encharcados em red bull, fizeram o trabalho de 20, usando terminais remotos e dando ao tele-trabalho uma nova dimensão.
A operação das camionetes não saiu penalizada e os Mapistas, vendo que tinham sido traídos pelos seus, resolvem abortar a paralisação, pois não havia solução à vista.
Apesar da volta à normalidade, os Druidas levaram a mal a desfeita e ficaram irritados.
Uma vez que a lei é palavra vã naquelas paragens, eis que marcam a caneta vermelha os principais malandrecos sabotadores, sempre à espreita de um oportunidade para mostrar o seu “desagrado” num futuro próximo.
Assim que pudessem, pimba que já estás.
Não demorou muito e usando argumentos que fariam corar qualquer relator do santo oficio, eis que conseguem pôr em casa sem prazo definido, a líder do grupo dos Mapistas.
Junto com ela, foram mais uns que isto de aviar tem de ser aos grupos para causar mais impacto.
Aviso à navegação, e dos bons, dirão uns.
Uma vergonha de actuação, mostrando a falta de argumentos dirão outros.
O que conta no fim da história é que gente boa e de valor é achincalhada na sua dignidade, perdendo alegria, sanidade e gosto pelas camionetes.
Uma herança pesada para o futuro era o que ia sendo construído.
Mas se acham que o incidente com a Chefe dos Mapistas é coisa de monta e arrelia qualquer pessoa de bem, então que dizer sobre o próximo caso.
Um Homem sério, Condutor-Principal, com a vida inteira dedicada à CACA.
Nela tinha cumprido e desempenhado vários papeis, sempre com esmero e dedicação.
Um dia comete o erro de pensar que está a lidar com gente honesta e dá-se mal.
Eu explico.
Devido a conflitos laborais esteve eminente uma paralisação por parte dos Condutores.
Nessa altura, tal como noutras veio ao de cima uma “indignação” da opinião pública, muito característica de quem está mal resolvido na vida.
Os antigos chamavam-lhe inveja.
Eis então, que no meio deste rebuliço, algumas funcionárias mais diligentes se entretêm a trocar mensagens de teor ofensivo à classe dos Condutores.
Isto durante o expediente e usando os recursos da CACA.
Cansadas da sua actividade diária de roço de cauda pelas paredes CACAIS, resolvem incitar as outras comadres à revolta.
Tudo começava na secretária de 2 pernas de um famoso Director da estrutura CACAL, que incentivava as outras comadres a tomar uma posição.
Com contornos de revolta popular, pede às outras que façam circular a mensagem, tenta organizar o ajuntamento e distribui mimos vários.
Apelidava a classe de Camionistas de “Mercenários Prepotentes”
Bonito de se ler.
Este nosso amigo Condutor, indignado, faz uma carta ao seu chefe directo, o Druida-Mor, procurando obter uma resposta aquela afronta pública.
O seu chefe na resposta....
Peço desculpa pela incorrecção.
Quem responde inicialmente não é o Druida.
Talvez por falta de tempo, talvez por não ter uma folha à mão, o que é certo é que quem responde à carta enviada ao Druida é a própria da comadre.
Que bonito.
O Druida-Mor delega na comadre, a resposta a um pedido de esclarecimento feito por um Condutor-Principal.
Fantástico.
Não contente com isso, numa missiva enviada à posterior diz que o assunto em questão é do foro privado pois tal acontece numa conversa privada tida na internet e que ninguém tem nada a ver com o assunto.
Onde é que eu já ouvi isto?
Ah, ouvi sim, mas ao contrário.
Diz ainda que o nosso amigo Condutor têm uma visão deturpada do assunto e que afinal ele é que estaria errado ao intrometer-se numa conversa privada.
Nada como ver a justiça a funcionar à medida de cada um.
Dá-nos mais alento para o futuro...
O nosso Condutor-Principal, teve que se resignar a receber uma resposta da dita comadre, onde esta dissertava toda a sua indignação.
Os malandros adoram indignar-se, é uma coisa que lhes advém da moral superior...
E em termos de moral, pelos vistos, ninguém a bate.
Poderão achar estranho esta defesa da honra comadresca, em que um Druida-Mor, defende uma secretária de 2 pernas de um dos seus Director.
Porque raio um Director fará tanta força junto de um Druida-Mor para defender a honra da sua secretária?
Não consigo encontrar uma resposta, mas lá que deve haver deve.
Vá lá, pensem um bocadinho....
E assim ficava mais uma vez provado o brilhantismo dos Druidas, nas resoluções de questões mais delicadas.
O nosso Condutor levou com um dia de suspensão pra ficar enquadrado.
Justíssimo sim senhor.
Claro que o dia de paragem foi oficialmente por outra razão, mas já sabemos que há sempre muitas maneiras de esfolar um gato.
Assim ia o mundinho da CACA, mergulhado em processos kafkianos, quando mais uma diabrura vem ao de cima.
Passo a relatar.
Um dia, sai uma Carta Incrível a que ninguém ligou.
Cartas Incríveis, eram a forma com que os Druidas davam as boas noticias, as más ou as noticias assim-assim, sendo um estilo de comunicação muito apreciado, a julgar pela quantidade e cadência a que eram emanadas.
Dizia eu, um dia sai então mais uma Carta Incrível a que poucos prestaram atenção.
Muito blá-blá-blá e que dentro em breve os Kuanzas que a rapaziada recebe para suportar as agruras da ausência do seio familiar seriam revistas dados os novos condicionalismos a ter em conta, em que a vertente sócio-económica vigente, se torna um paradigma digno de relevo, numa sociedade em construção que se quer mais digna, e blá-blá-blá...
Epá, finalmente pensou a rapaziada.
Mais uns Kuanzas para repor os valores que não eram revistos faz muitos anos, granda pinta.
E quanto é que sobe, alguém sabe?
Ninguém sabia.
E passados dois dias já ninguém se lembrava que isto das camionetes, viagens, miudagem na escola, contas pra pagar, este ministro que não me dá descanso, enfim, muitas coisas a tratar e algumas a ficarem esquecidas.
O tal quadro com os novos valores não estava disponível mas seria anunciado futuramente em data e locais próprios.
O tempo passou e o quadro não desabrochou...
Estranho, pensou a rapaziada mais atenta, não descortinando o que aí vinha.
Então, num dia ensolarado, em mais uma brilhante jogada CACAL eis que o quadro é enviado ao povo, no meio de um documento de 30 páginas, daqueles que passam por todos com a rapidez de um click de mouse.
A ver se pega.
Claro que não pegou e os mais atentos logo se encarregaram de pegar na trombeta e bradar aos ventos a tal patranha.
Os ajustes eram pra baixo.
Estão-nos a ir ao bolso gritava o povo já ciente do que se passava.
Que era mais justo diziam alguns Druidas, mas isto já se sabe que o sentido de justiça é da cor do bolso e dos interesses de cada um.
Uns havia que diziam saber a razão destes ajustes.
Davam como prova o facto de agora já não ser necessário a alguns Camionistas da camionagem pesada dormir nessas paragens e assim os valores poderem ser reduzidos sem impacto na economia privada dos ditos senhores.
Rebuscado é certo, mas como é mesmo aquele ditado de nuestros hermanos sobre as bruxas?
Pois esse.
Os Druidas, continuavam no meio disto tudo a levar o seu “Espírito de Missão” ao expoente máximo.
Descartando-se de toda a responsabilidade, esquecendo-se do efémero das funções que desempenhavam, esquecendo-se porventura da sua origem laboral e sendo marionetas nas mãos dos donos.
Sim donos, que isto quando se é comprado têm-se um dono.
Ainda no outro dia, comprei um yo-yo, dei Kuanzas e trouxe o yo-yo.
De quem é o yo-yo?
Meu, é claro, paguei é meu e faço dele o que quero.
Era mais ou menos isso, mas sem a parte lúdica do yo-yo, com aqueles truques giros.
Os truques aqui eram outros.
Entretinham-se a vender moral e bons costumes, apesar da sua estar de rastos.
Amigos de longa data deixavam de o ser e as relações deterioravam-se diariamente, fruto do autismo que trilhavam.
Já dizia o poeta que não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador.
Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!
Elucidativo não é?
E os nossos Druidas eram de pantominas várias.
Apesar dos olhos meigos, dedicavam-se a calar todas as vozes discordantes, cerceando tudo e todos na sua opinião, fazendo da força o seu único argumento e achando nisso a melhor forma de resolver os problemas.
Diz-se que qual Copcon, também eles teriam autos de prisão domiciliária assinados em branco, para mais rápido desenlace de futuros processos.
Tentavam desta maneira perpetuar-se na Druidice, mas ninguém é eterno e o passado é sempre cobrado no futuro.
Entretanto a Pátria que nos pariu definhava lentamente e cortes eram anunciados com aquele ar pesaroso e circunspecto, pelos responsáveis.
Ficamos todos a saber que apesar de não termos primos nem irmãos em nenhum organismo nem fundação da dita Pátria, a culpa disto também era nossa.
Quem já desconfiava que aqueles milhares de Kuanzas que entrega às autoridades mensalmente indiciavam uma culpa latente, passou a ter a certeza.
Tempos de corte e contenção eram anunciados na pantalha, recorrendo a tons sisudos, gráficos mil, equações complicadas e ameaças de entrada do Fundo Monetário em solo Luso, mas no fim, em Português do tempo de Vasco Santana o que nos queriam mesmo dizer era, Aperta o cinto ó Zé...
E nós lá teríamos de apertar. Mais uma vez.
Ou seja, apesar da CACA não ser uma empresa amiga durante os 12 anos em que nunca foi contemplada com nenhum aumento de Kuanzas, agora que era pra contribuir já a coisa mudava de figura.
Apesar da falta de Kuanzas na CACA, ainda assim abundava o vil metal para as tropelias,
Devido a birras passadas, um curso interessantíssimo tinha sido criado.
O Curso que teve como objectivo a punição directa de um grupo, tinha-se tornado um elemento educativo e de correcção de comportamentos na mão dos Druidas.
Tipo a palmatória do tempo dos nossos pais, mas em formato académico século XXI.
Agora quem não concordasse com alguma coisa, fizesse banzé, ou respondesse em termos que não agradassem, teria ali o espaço de enquadramento necessário.
Os Druidas rejubilavam com a sua criação.
Além da moca afiada, havia a componente monetária tão cara aos formadores, sim que isto de ir dar cursinhos correctivos, também rende Kuanzas e pra isso estamos cá nós.
A necessidade que os Druidas viam da frequência do dito curso era enorme.
Não acreditam?
Sai um exemplo.
Num determinado domingo ensolarado, uma falta de Condutores-Principais assolou 7 viagens.
Pois vocês acreditam que havendo um Condutor que se disponibilizou insistentemente para qualquer uma dessas viagens, a CACA preferiu ir buscar Condutores em férias e em descanso, tudo para não privar este nosso amigo da frequência do dito curso no dia seguinte.
Pagou o dobro e o triplo a quem veio salvar a coisa, havendo mesmo viagens a sair com 2 horas de atraso, mas cursinho é cursinho e tinha de ser feito.
Foi pena a opção, pois infelizmente o nosso amigo adoeceu e perdeu tão espectacular oportunidade.
Estou certo que novas chances surgirão no futuro, mas não deixa de ser caricata a opção tomada, envolvendo tantos recursos.
E depois, ai, ai, ai que não há Kuanzas...
Há quem diga que são birras pessoais, mas não iremos acreditar que quem gere tão grande empreitada deixe a sua inteligência toldar-se por coisas tão mesquinhas.
No meio de tudo isto, a Rapaziada da UPA está de saída e vêm aí pessoal novo.
A chance de mudança está à porta.
As várias listas que se apresentam a votação têm programas diferentes e é altura de escolher em consciência, o futuro que se quer.
Estou agora a analisar a correspondência que me chegou e só me enviaram uma lista.
Deve ser um erro e as outras opções devem vir noutro envelope.
Vou ligar pra UPA e esclarecer.
........
........
........
Estou de volta.
Peço desculpa mas enganei-me.
Devia ter feito melhor a pesquisa e por isso me penitencio, mas estava completamente convencido que as listas eram várias.
Então vocês querem ver que esta é lista única.
Com a breca, ele há coisas que desafiam a minha percepção.
Então depois de tanta conversa, só aparecem estes?
Logo estes?
Eu que apostava numa contenda eleitoral disputada camionista a camionista, argumento a argumento, fazendo lembrar a batalha de Berlim, bairro a bairro, eis que sou mais uma vez defraudado na minha expectativa.
Não se faz.
E agora? Qual a moral dos que ficam no sofá, para ir dizer que está mal e aquele conversinha toda.
Será que os Contristas vão ter cara-de-pau de continuarem a falar.
Aqueles que falam de boca cheia acerca da moral alheia e vai-se a ver têm 74 dias de descanso em atraso e um piparote de horas a mais no bucho.
Será que esses vão aparecer para gritar?
Até aposto que sei a resposta...
Adiante, lembram-se de vos contar das guerras recentes à volta dos Kuanzas a mais que os Condutores conseguiram?
Com este plano maquiavélico de saque governamental a ter sucesso, muito desses Kuanzas poderão vir a desaparecer, mas não deixa de ser interessante pensar para que níveis Kuanzisticos iriam os condutores caso a quantidade mensal auferida fosse a antiga.
Claro que muitos dos Condutores, daqueles que realmente se importam, não acreditam na inevitabilidade deste saque e procuram meios de contrariar o assalto.
Havendo união tudo será possível.
Em tempos ninguém acreditava no Acordo Velhotes e igualmente falavam da inevitabilidade da lei.
Quem quiser saber a verdade, fale hoje com um dos velhotes e descubra por si o poder da união, o poder de acreditar.
Eu, que já conheço a rapaziada, tenho a certeza que aparecerão alguns “Salvadores da Pátria” que inundados de “Espírito de Missão” tudo farão para nos provar da inevitabilidade da coisa, mais uma vez.
Falarão de responsabilidade social, agitarão as bandeiras de sempre.
Haverão relatos caóticos e antevisões de um futuro negro em caso de não aceitação.
Dirão que é uma vergonha pensar assim, que o esforço deve ser de todos e que alinhar nisto é uma prova de patriotismo.
Que tem de ser, que o país precisa e que os camionistas têm de dar o exemplo.
Os mesmos Camionistas que são achincalhados pela populaça em qualquer mesa de café ou programa de TV...
Falarão de uma moral maior e tentarão provar-nos que os portugueses decentes foram aqueles que morreram com escorbuto a caminho da Índia, esses sim, são os exemplos a seguir.
Os outros (Todos nós), somos malandragem.
Isto tudo enquanto comem a sua frutinha e os seus legumes cheios de vitamina C claro está, que o escorbuto é bonito mas não é pra eles.
Já dizia o poeta.
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi.
É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos!
É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Fica a pergunta, e nós, até quando vamos permitir estes Dantas a representar-nos?

sábado, outubro 09, 2010

Dia 152

Amigos Camionistas
Não resistimos a transcrever um magnifico texto que recebemos em forma de comentário à "Carta ao Amigo".
O nosso muito obrigado a quem enviou esta pérola que tão bem descreve a nossa situação actual.
É bom saber que nos acompanham.


Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho
e a oportunidade de vivermos felizes e em paz.
Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha,
sem respeito e sem dignidade.
Obrigado por nos roubarem.
Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono.
E a tranquilidade.
E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.