segunda-feira, abril 26, 2010

O Perna de Pau

Amigos ouvintes, antes de mais, peço desculpa pelo silêncio.
Como sabem aquele vulcãozito de nome fácil, acordou na semana passada.
Com o velho continente parado, eu e o meu camião voltámos a ser necessários.
A vida não anda folgada de modo que uns Kuanzas a mais são sempre bem-vindos.
Assim, este vosso amigo, sempre à espreita de uma oportunidade de negócio, passou os últimos dias a rentabilizar a camionete, de um lado para o outro, fazendo o transporte por estrada das mais diversas cargas e personalidades.
Já sei o que vão dizer.
Que há negócios mais rentáveis e menos trabalhosos, nomeadamente naqueles jogos da bola e os geis milagrosos.
Eu sei isso, sei que sou antiquado, mas mesmo assim, prefiro a legalidade.
Nunca alinhei com ciganadas e pelo menos vou dormindo descansado.
Uma vez regressado, vamos hoje contar uma história de época.
Uma história de piratas e corsários à séria.
Daqueles do olho de vidro, perna de pau, cara de mau e papagaio no ombro.
Bom, olho de vidro será um exagero, mas quanto ao resto...
Não teremos o Errol Fliyn, nem outros famosos da sétima arte.
Quem espera capa e espada com nível, glamour e brilho é melhor pensar duas vezes.
Piratas bonitos serão uma miragem.
Aqui gostamos dos personagens feios, porcos e maus.
Como eles são na vida real.
Ainda tentámos contratar o Johnny Depp para o papel principal mas o budget apertado não nos permite.
Contingências da crise.
Adiante.
Há muito muito tempo, num reino distante, vivia o nosso personagem.
No reino deste pirataço não existia lei.
Ou melhor existia mas não era pra ele.
Nascido num tempo em que tudo era permitido o nosso pirata cedo viu as vantagens da piratice, para conseguir levar as suas empreitadas a bom porto.
Iniciou-se na CACA-OI e foi levando a sua vida inicialmente sem sobressaltos.
Um dia a CACA resolve abrir uma subsidiária, a Yes Weekend, já falada anteriormente.
Esta nova empresa dedicava-se ao transportes de veraneantes, para aquela semaninha de inferno All-Inclusive, mojitos à fartazana e coristas de hotel com meias de rede rotas em coreografias deprimentes.
O nosso amigo, junto com outros piratas de renome tinha sido um dos “escolhidos” e transferiram-se todos para a dita subsidiária.
“Escolhidos” é uma maneira de dizer pois os critérios foram sempre duvidosos.
Dizia-se que ele, junto com os outros espertalhões, viram ali um short-cut.
Para uns foi a camionagem pesada antes do tempo, para outros o lugar de condutor-principal muito antes, para outros os mojitos, para outros as louras...
Cada um teve as suas razões, e certamente válidas.
Todos juntos, montaram o esquema e lá foram eles.
Olharam para o bolo e o que cada um comeria ficou logo destinado.
Não deixava no entanto de ser engraçada a feliz coincidência de todos os que ganharam com isso, estarem na altura nos meandros da UPA, tendo-a usado para se proteger, como veremos mais à frente.
Coincidências que o nosso Francis Drake, soube usar em seu proveito.
Deu-se assim inicio à operação Verão.
Experiência fabulosa, semanas inteirinhas em hotéis de luxo, caipirinhas mil, beldades louras de bikini curtos.
Êta vida boa...
Mas a vida das subsidiárias é sazonal e é preciso correr atrás.
Se no verão a coisa corria bem, já no inverno, tal como a cigarra, havia que ir a todas, quando e onde desse.
Só que o nosso pirata e sus muchaxos queriam o melhor de dois mundos.
Os mojitos e as louras, mas as regras laborais da casa-mãe.
Aquela rede de segurança que tanto jeito dá.
Uma Win-Win situation portanto.
I win, I win.
Não há almoços grátis e os gestores da Yes Weekend começaram a pedir um pouco mais de empenho à rapaziada.
Ai que não pode ser, isto é uma vergonha, a escravatura já acabou.
Na altura, como assumia a sua piratice, era só direitos e regalias.
Então se eu estou em casa 15 dias sem fazer nada, hoje que estou de folga é que querem que me faça à estrada.
Só porque arranjaram um contrato para hoje.
Logo para hoje que não me dá jeito nenhum.
É que os 15 dias não me chegaram.
Não, Não vou e não se fala mais nisso. Arranjem outro.
Essa, era uma, entre outras tropelias várias.
Os tempos máximos de trabalho eram pra ser respeitados tal como na casa mãe.
Lei é lei.
A menos que se levasse a namorada na camionete para aquela semaninha de férias...
Aí, como valores mais altos se “levantavam”, quais atrasos, quais tempos máximos.
Aí se via a verdadeira força da lei...
Estamos aqui é pra trabalhar.
Era pra ir e mais nada, desse por onde desse.
Assim acontecia e claro, não deu.
A própria manutenção das máquinas já deixava a desejar e a coisa piorava a olhos vistos.
Com estas e outras que iam acontecendo, não restava grande margem de manobra aos gestores da YW.
Entretanto, uma vez que os piratas dominavam igualmente a UPA, faz-se uma reunião magna.
Qual assembleia do PREC, cheia de piratas e todos cheios de razão.
Até as louras queriam trazer com eles de volta à casa mãe e alguns pediam apoio do resto da plebe para tão altos desígnios.
Lindo de ver é o Amor.
A CACA mais não podia fazer, e ordenou a volta de todos os piratas.
Voltaram mas vinham de bolsos cheios.
O saque tinha sido bom, uma vez que voltavam para os lugares que ocupavam na YW, mas agora na casa-mãe.
O nosso amigo foi assim, um dos principais causadores da queda em desgraça da Yes Weekend, mas isso agora não o incomodava.
Estava de volta à casa que o viu nascer e uma vez que tinha sido incorporado na camionagem pesada, teria tempo livre em mãos para se dedicar a outros hobbies.
Quais seriam?
A ajuda a instituições de solidariedade?
O voluntariado?
Não, não se esqueçam que estamos a falar de um pirata, mas um pirata ambicioso.
Ambicionava ser mais do que pirata, por isso queria algo que lhe desse algum glamour.
A criação de equídeos era a sua paixão e dedicar-se-ia a isso de corpo e alma.
Andaria mergulhado no estrume, com bosta pelos joelhos a desbastar os animais.
Teria belos exemplares e assumiria aquela postura de aristocrata titular que tanto almejava.
Seria um Pirata-Criador, o que sempre confere outro “estar” e impressiona a Coroa.
Assim o fez e pensámos todos que ficasse por aí.
Pois pensámos.
No entanto o saque que tinha trazido da YW não lhe chegava de modo que dá inicio a um movimento rebelde com outros piratas.
Tipo maio de 68, mas sem mamocas à mostra, embora desse ideia que tal como os estudantes de outrora também eles teriam fumado qualquer coisa, tais eram as piratices.
Que nome iriam dar ao movimento era a questão.
Depois de muito pensarem chegou-se a um consenso.
Piratas sem Horizontes, seria o nome escolhido.
Pretendia ser uma plataforma de reflexão da piratice, mas na realidade os objectivos eram bastante mais maquiavélicos.
Plataforma de proscritos diziam uns, mas piratas proscritos? Não seria um contra-senso?
O futuro se encarregaria de nos mostrar que não.
Seria uma plataforma onde encontrariam morada, todos aqueles que se sentissem órfãos da estrutura e do poder de outrora.
Os novos órfãos tinham chegado.
Os estatutos da dita associação eram bem claros.
Recuperar o que foi nosso a qualquer custo.
Não fariam prisioneiros.
Aproveitando tempos de guerra aberta entre a CACA e a UPA, a tal que tinham perdido, vê aí a sua chance de mudança de actividade.
A chance perfeita.
De pirata passaria a corsário.
Faria as malandrices a soldo da coroa.
Assim sendo, inicia conversações com os Chefes da CACA e vende os seus serviços aos antigos inimigos.
Uma vez patrocinado pela coroa, seria muito mais fácil a sua movimentação por mares tempestuosos e teria a cobertura para as suas piratices.
Andaria em cima do muro ao sabor dos ventos predominantes.
Os chefes da CACA sabiam do que ele era capaz, pois os episódios da YW estavam ainda vivos na memória, mas mais vale um Judas do nosso lado que contra nós e assim esfregaram as mãos de contentes, receberam-no no seu seio e emitiram-lhe as instruções.
Começava aí a era do Corsário.
Tal como Francis Drake, também ele traria as riquezas máximas para a coroa que servia.
Seria o Francis Drake da camionagem.
Imbuído do novo estatuto delineou o plano.
Qual a melhor forma de começar o serviço pensou.
Tenho de arranjar um assunto que reúna alguns descontentes e tentar capitalizar a coisa com alguma desinformação.
Já sei, vou impugnar o contrato do Continhas e tentar lançar a confusão.
Se assim pensou, melhor o fez e munido da sua altivez e seriedade vai para os tribunais do reino tentar denegrir a imagem alheia.
Ele cheio de virtudes e os outros só defeitos.
Claro que como bom pirata das suas piratices e malandragens não se lembrava ele.
Eu explico.
Para a prática da camionagem eram precisos dotes físicos mínimos e o nosso amigo não os cumpria.
Não cumpria mesmo.
A lenda dizia que devido a uma batalha antiga nos mares do Caribe, tinha perdido uma das pernas e agora, como bom pirata que era, ostentava uma perna de pau, no lugar onde outrora pontificava uma bela canela de carne e osso.
Mancava até mais não e até os cegos da rua, sabiam quando se aproximava devido aquele irritante, toc toc toc toc, toc, toc...
Apesar disso, estranhamente, os curandeiros do reino emitiam-lhe semestralmente o salvo conduto real para operar as ditas máquinas.
Mais estranho ainda era o facto do nosso amigo possuir uma declaração real que averbava a sua inferioridade física.
Devido a essa declaração, estava isento do pagamento dos vários impostos e tributos devidos ao reino.
Tinha inclusive direito a parar a carroça naqueles locais para diminuídos, aqueles mais perto da porta.
Tudo para não forçar tanto a perna de pau.
Nas filas dos supermercados e mercearias, idêntica situação.
Deixa passar que o senhor é aleijado.
E ele passava, rindo-se por dentro da ingenuidade alheia.
Não, não era aleijado, era sim vigarista, como qualquer pirata que se preze.
Assim decorria a vida do nosso pirata convertido em corsário.
A dar a volta a tudo e todos.
Ficaria por aqui?
Claro que não.
Uma vez que a jogada suja do contrato do Continhas iria demorar, havia que entrar por outros caminhos.
Socorrendo-se de amigos, piratas dos tablóides, minava a confiança dos condutores.
Uma das formas mais ardilosas, consistia em enviar mensagens electrónicas de dentro de assembleias magnas da UPA.
Assim, mesmo antes dos condutores votarem os seus assuntos, já os tablóides os divulgavam para que todo o reino pudesse saber, tirando força à rapaziada.
Enfim, coisas que já saem do âmbito da piratice e ganham novos adjectivos.
Adjectivos esses que infelizmente não poderemos usar por respeito aos mais sensíveis e às Crianças que nos lêem.
Entretanto, avizinhando-se o fim do mandato da direcção da UPA, tem nova ideia mirabolante.
Resolve patrocinar um encontro de condutores numa estalagem, para mais uma vez tentar tirar partido da desinformação e da mentira.
Contactado o estalajadeiro informou-o das suas necessidades.
Vêm aí uns rapazes escolhidos a dedo, de modo que quero uma sala em que possamos reunir sem ser interrompidos.
O estalajadeiro anuiu, mas já se sabe, almoços grátis não há e os impostos do reino estão cada vez mais altos (sim, que ao contrário do nosso pirata, o estalajadeiro pagava os seus).
Eu arranjo a sala, mas quero uns dobrões de ouro para pagar a despesa.
O nosso pirata disse que sim, dobrões não faltariam, mas esqueceu-se de informar os restantes piratas que teriam de pagar pela sua presença.
Mais ou menos do género, vem cá a casa jantar mas traz tu a comida.
Estiveram lá muitos e vindos de todas as partes do reino.
Todos queriam ouvir as boas novas e tentar ver se seria por ali o caminho do novo poder.
Desde antigos dirigentes máximos da UPA, ex chefes da camionagem, chefes wanna be, gente do norte, gente do centro, enfim, até do reino dos algarves chegou um emissário.
Gente boa lá havia, mas muitos deles sem eira nem beira.
Havia de tudo nesta palete. Era só escolher.
O ponto de ordem residia em criar um movimento de fundo e rebentar com a UPA e os seus líderes, antes do dia D, a bem da classe claro.
Claro.
Só que os Homens da UPA estiveram lá e não se acanharam.
Falaram, expuseram os seus pontos de vista e a mentira não vingou.
A reunião acabou por ter um rumo que não era o desejado pelos organizadores.
Um dos convivas, antiga glória da UPA, acabou inclusive por sair irritado com tanta piratice e tanta falta de rumo.
As razões ninguém as soube mas que saiu mais cedo saiu.
Teve sorte, safou-se ao pagamento.
Pois, é que no fim, o nosso pirata organizador não se ficou.
Embora pudesse ter pago o aluguer da estalagem com os dobrões que rouba nos impostos reais, já se sabe, uma vez pirata, sempre pirata.
Se há que pagar, divide-se por todos que eu sou muito doente e não posso.
Reparem na perna de pau.
Eram 7,5 dobrões de ouro a cada um por favor.
A rapaziada ferveu.
Além de não terem conseguido lograr os seus intentos, ainda tinham que pagar.
Que luxo de organização, pra próxima não me convidem.
Acabou tudo zangado e a guerra UPA-CACA foi levada a bom porto.
O dia D chegou, com acordo entre as partes.
A CACA não faliu e afinal até o vulcãozito “Joli”, causa mais dano.
Do nosso Francis Drake de trazer por casa, nunca mais ninguém ouviu.
Mas não se iludam.
Deve andar neste momento, pelos mares a preparar o próximo saque.
Piratas que o queiram acompanhar sempre haverá, pois existem sempre malandros novos.
E foi assim que um pirata ganancioso se tornou num corsário do Reino.
Vitória Vitória, acabou-se a história.

Nota do Autor.
Francis Drake era filho bastardo da Rainha Elizabeth e todos sabemos o nome carinhoso com que o povo mimoseia os filhos bastardos.

sexta-feira, abril 16, 2010

Resultado do Inquérito "Guevarista"

Terminou hoje o segundo inquérito levado a cabo neste site.
Saiu ganhadora a opção "Gosto mais daqueles de nariz vermelho" com 46% de votos.
Dos votantes, 31% diz "Ter sentido uma vergonha Enorme" e 17% dizem que o Guevarista "Nunca me enganou".
4% ou seja 2 Votos, acharam "Muito bom e Concordaram com tudo".
Quem terá sido o outro é a pergunta que se põe.
Sai novo texto e novo inquérito dentro de momentos.
Até já

terça-feira, abril 13, 2010

10600 Visitas

Em Fevereiro tínhamos 2500 visitas, hoje passados dois meses e meio, são 10600
Obrigado a Todos.
Um duplo Obrigado a todos aqueles que deixam comentários e sugestões de temas.
São as vossas visitas e comentários que nos fazem ter vontade de escrever mais e mais.
Lá terá que ser...
Boas Conduções e até já.

sábado, abril 10, 2010

A triste vida dos Condomínios Fechados

Peço desculpa aos Amigos Ouvintes por hoje não vos trazer uma história de camionagem mas tenho andado ocupado com a administração do condomínio onde moro e tenho tido pouco tempo.
Passo a explicar.
Ao contrário do que possam pensar, não sou um rato rico, nem descendo de uma qualquer família de ratazanas reais.
Somos uma família de Ratos classe-média, trabalhadores e já conhecemos melhores dias.
Não poderei dizer que vivemos mal, realmente não é o caso, mas a loja dos queijos tem facturado pouco, o queijo não sai como antes, enfim, a crise é pra todos e as grandes superfícies com aqueles queijos baratotes têm sido concorrência forte.
Vivemos num condomínio simpático que incorpora 3 prédios de apartamentos e um apart-hotel.
Dentro do complexo temos vários jardins relvados, uma zona para os petizes brincarem com piscina de crianças e uma piscina maior para adultos, que é partilhada com o apart-hotel.
Cada apartamento tem ainda 2 lugares de garagem.
Não sendo um palacete em Biarritz, é confortável o suficiente, um lar portanto.
Mas viver em condomínio não é fácil.
Nada fácil.
Pode-se ter sorte com os vizinho, mas também se pode ter muito azar.
Nunca sabemos o que vamos encontrar, como na Box of Chocolates do Forrest.
Run Forrest run...
Quando nos mudámos, achámos que num condomínio tão simpático apenas iríamos encontrar gente de bem.
Primeira decepção.
Tal como na Box of Chocolates, também aqui temos de tudo, gente boa e gente mais bera, uns mais novos outros mais velhos.
Até cá mora um rapaz primo direito daquele antigo dirigente futebolístico que habita agora na velha Albion, aquele do “Lucky Me”, há ciganos daqueles que já deixam as filhas ir à escola, mas continuam ciganos, há uma meia dúzia de descontentes com o mundo, enfim, uma panóplia de sensibilidades.
Eu sempre pertenci à maioria, ou seja, não me ralava muito, deixava a direcção do condomínio pra quem percebia e estava mais preocupado com a organização dos jogos de futebol ao sábado de manhã com o resto da rapaziada.
Mea Culpa.
Até à 2 anos atrás, tínhamos a gestão entregue a uma daquelas firmas, que se encarregava de tudo e apresentava a factura no final.
A vida corria na normalidade e por culpa de todos nós, nunca ligámos muito à gestão da coisa.
A relva andava aparada, os elevadores pra cima e pra baixo, a piscina limpa e o apart-hotel cheio de ingleses o que conferia um aspecto internacional e dava algum glamour.
Depois um de dia de trabalho, sabia mesmo bem chegar a casa e não me preocupar com mais nada, só relaxar e apreciar a paisagem.
Andei assim anos e anos, até que...
Nos últimos tempos comecei a achar que o condomínio estava a ficar com pior aspecto.
A tinta dos prédios a descascar, algumas luzes das escadas iam-se fundindo e não eram trocadas, a relva mal aparada, a piscina com folhas, enfim, coisas poucas mas que me começavam a irritar.
Liguei pra empresa e disseram-me que estavam ao leme, eu que não me aborrecesse que iriam tratar, que não me preocupasse, que estavam ali pra mim.
Esperei pra ver.
Passados uns tempos, nada melhorava, as luzes das escadas iguais.
Os ingleses também começavam a escassear e o apart-hotel já não gerava o dinheirito habitual.
O parque infantil com equipamento partido e os miúdos até já tinham medo de voltar à noite pra casa pois até as luzes das partes comuns começavam a não ser substituídas.
Isso tudo aliado à degradação evidente do edifício, tornava imperativo uma acção.
Juntei mais 4 amigos, dos que jogavam comigo aos sábados e transmiti a ideia.
Rapazes, não há volta a dar, os jogos vão ter que esperar.
Epá, mas logo agora que não nos dá jeito nenhum e estamos quase a perder a flacidez.
Pois, não dava jeito, eu também teria preferido ficar em casa a assistir de camarote, mas não podia ser, algo tinha de mudar.
Quando chegou a altura de renovar o contrato com a empresa gestora, pedimos uma reunião de condóminos e propusemos que passaríamos nós a fazer a gestão da coisa.
Ui, que fim do mundo.
Eles não gostaram.
Ah e tal, porque já estamos aqui há muitos anos e conhecemos bem os problemas, somos quem pode resolver melhor isto.
Estava cansado de conversa e de promessas.
Tivessem-no feito quando tiveram oportunidade.
Não desistimos e pedimos uma votação pra deixar que a democracia levasse a melhor.
Embora muitos condóminos tivessem optado pela continuação da tal empresa, acabamos por ter mais votos.
Seria a nossa vez de mostrar serviço e dado que morávamos aqui teríamos concerteza a ajuda dos outros, igualmente interessados em que tudo melhorasse.
Seria assim?
Começámos com uma limpeza profunda para descobrir os cancros existentes.
Analisámos os contratos de serviços, assinados com terceiros, pela empresa anterior.
Nem queria acreditar.
Os atropelos ao bom senso eram enormes.
Os tais da experiência acumulada tinham feito e assinado contratos com empresas de amigos, os seguros do prédio tinham sido feitos em seguradoras duvidosas sem se perceber bem os porquês e as contrapartidas.
O condomínio tinha 13 contas diferentes espalhadas por bancos, pagando taxas em todos eles e despesas de manutenção.
13 encontrei eu...
Até o bar da piscina, vim a descobrir ter tido em tempos a exploração, entregue à filha de um condómino amigo dos donos da empresa, sem aprovação da maioria e com largo prejuízo para o condomínio.
Com amigos assim, eu ganho a exploração de qualquer coisa.
Aliás, estou a pensar falar com um amigo que tenho na Agência Espacial Europeia a ver se consigo ficar com um pedacinho da exploração da lua.
Sim que apesar dos rumores contrários, todos sabemos que o velho satélite é mesmo feito de queijo.
Dava-me um jeitão.
Há grandes negócios sem dúvida, é preciso é encontrá-los e amigos nos sítios certos.
Encontrei mais uma que nada tinha de abonatório e tudo de elucidativo.
Em tempos tivemos um senhor que prestou bons serviços ao condomínio, então não é que, sem levar a decisão a reunião de condóminos, a tal empresa decidiu assinar uma avença ad aeternum com o senhor.
Se ele a merecia não sei, provavelmente sim, mas o mínimo era terem-me perguntado.
Afinal era o meu dinheiro.
Percebi nesse momento que a empresa tinha estado tempo demais à frente do condómino e que já se julgava dona disto.
Tinham-se esquecido que estavam cá para gerir um complexo do qual não eram os donos.
Ainda por cima tinham alguns, não muitos é certo, condóminos amigos que achavam estes atropelos muito bem feitinhos.
Já dizia aquele general romano do século III A.C. em carta ao Imperador, que este povo da parte mais ocidental da Iberia, não se governa nem se deixa governar.
Quanto à segunda ainda subscrevo, agora quanto à primeira...
Com isto tudo na mesa, iniciei a gestão optando por melhorias consideráveis em todo o condomínio.
Comecei por mandar pintar o mais pequeno dos prédios e dar-lhe uma cara nova.
Ficou bonito, com um aspecto rejuvenescido.
Os moradores até passaram a andar mais alegres.
Como o orçamento não dava pra mais tive que fazer as coisas com calma.
Passei de seguida para o do meio e claro, deixei o prédio maior para o fim.
Mudei o contrato dos elevadores pois vim a descobrir que havia comissões por fora e esquemas estranhos.
Mudei igualmente a empresa de segurança, mandei relvar as partes do jardim que estavam piores e aos poucos a relva começou a nascer.
Está rala, mas já se vê qualquer coisa.
Fiz imensas melhorias sempre a achar que os condóminos iriam aprovar, afinal era uma mais valia para as suas próprias casas.
Mais um engano da minha parte.
Vcs não queiram saber o que eram as reuniões de condomínio.
Gritaria, gente mal disposta e muitos que nunca fizeram nada, sempre a criticar.
Não eram muitos mas eram tão chatos.
Parecia que estavam de mal com tudo.
Nada os agradava e inventavam problemas sempre que podiam.
Defendiam que tendo em conta os outros condomínios, não era altura de fazer melhoramentos no nosso.
Belo pensamento, sim senhor.
Chama-se o nivelamento por baixo, Chelas Style.
Acho que a ideia era deixar a coisa ficar com tão mau aspecto que já ninguém daria nada por isto.
Sempre desconfiei que deveria haver interesse no terreno e alguém deveria querer ficar com isto a baixo preço.
Pato bravices.
Se não havia dinheiro pra jardins, era uma vergonha porque estava tudo abandonado, se mandava relvar não gostavam da relva.
Lembrava aquela metáfora do rabiosque e dos pantalones.
Tínhamos aqui um espaço de lazer que a câmara em tempos tinha prometido ajardinar.
Nunca o fez e eu quis transformar a zona num parque para os nossos condóminos mais velhos.
Um espaço onde pudessem ler e descansar melhor.
Que era impossível, que ninguém ia convencer a câmara.
Lá fiz a minha pressão e o que é certo é que a mesma câmara acabou por ceder e relvou-nos este espaço para os velhotes poderem estar.
Hoje em dia sinto que o complexo está muito melhor.
Temos mais espaços verdes, tudo funciona, há transparência nas contas do condomínio, enfim, tudo pronto para quem venha a seguir pegar nisto e continuar.
Claro que tive que acabar com o negócio de muitos que cirandavam à conta do condomínio.
Afinal era o dinheiro de todos nós que estava em causa.
Entretanto os dois anos desta missão chegaram ao fim.
Aquele grupo que durante este tempo falou tão mal da minha gestão, de certeza que iria avançar, pois tem ideias bem concebidas e bem estruturadas.
De certeza que iriam.
Pensava eu.
Com a breca, errei de novo.
Então não é que ninguém apareceu a candidatar-se.
Deviam estar distraídos e deixaram passar o prazo.
Só pode ser essa a explicação.
Depois de tudo o que disseram, agora não aparece vivalma?
Nada? Zero?
Como é possível que depois de tudo, nem um descontente tenha avançado, eles que tinham sempre tanto a dizer.
Seria falta de coragem?
Ao ver que ninguém aparecia meti a minha candidatura para que não houvesse um vazio na gestão, afinal ainda há contratos a decorrer e obras a finalizar.
Os meus amigos dizem-me que não surgiram outros porque sabiam que perdiam conta mim e que não queriam passar pela vergonha.
Outra versão é que talvez tivessem medo de sentir o seu real peso entre os condóminos e por isso não vieram a jogo.
Não sei o que pensar.
A convicção das suas palavras anteriores era tal, que não acredito que seja isso.
E então, o que fazer?
Estou cansado, mas sei que tenho que terminar esta missão.
A partir de agora vai-me ser muito mais difícil aceitar as criticas.
Tiveram a chance de mostrar o que valiam e não quiseram.
Moral, perderam-na toda e só não vê quem não quer.
Depois de tanta gritaria era só apareceram na arena certa.
Não quiseram.
É muito fácil gritar da plateia que o forcado não presta.
Sentadinho a olhar cá de cima o touro tem sempre ar de bezerro.
Se tiverem vergonha na cara, ficarão caladinhos, mas do que eu vi durante estes dois anos, já não digo nada.
Entretanto no dia da votação, espero que todos sem excepção apareçam pra meter a cruz no quadradinho.
Sim porque eu gostava de voltar aos jogos de sábado de manhã e já que vou usar esse tempo a tratar dos problemas de todos, o mínimo era mesmo virem mostrar que existem e que realmente se importam.
Se não for incómodo claro.
E é por estas e por outras que quando a loja dos queijos começar a dar, largo o condomínio, compro uma moradia e vou morar pro campo.

Desculpem o desabafo e prometo voltar às histórias da camionagem já a seguir.

segunda-feira, abril 05, 2010

O Continhas - História de uma Traição

Conta-se que uma cobra vivia próximo de uma joalharia.
Certa vez, morta de fome, entrou ali, procurando restos de comida.
Não tendo encontrado nada, põe-se a roer desesperadamente uma lima.
A lima então diz: que pretendes tu, infeliz?
Não vês que sou feita de aço?
É que assim, sem me prejudicar, estarás prejudicando a ti mesma?
Percebes que logo não terás dentes para usar, e eu continuarei a mesma?
Esta história fala-nos daqueles que só sabem criticar e é com base nisso que arranca mais uma história ficcional da camionagem.
O ciclo estava a terminar e a UPA tinha passado por uma reestruturação imensa.
Tinha sido um caminho difícil, muito difícil.
A Cúpula dirigente estava extenuada das batalhas travadas.
Não, não tinha sido a CACA a causadora de tal estado.
Os principais inimigos, as principais batalhas, tinham sido mesmo com alguns Condutores sem vida própria.
As batalhas fratricidas são as que mais nos custam e as que mais nos derrubam.
Nunca tendo superado a perda do brinquedo, alguns Condutores tinham-se envolvido em guerrilhas sujas, tentando ligar a UPA a tropelias mil.
O problema inicial, nunca resolvido e recorrente era o Continhas.
Eu avisei que íamos voltar falar dele...
O Continhas, vivia na CACA desde tempos imemoriais e ao longo dos anos tinha criado uma vasta rede de inimizades.
Estranho? Talvez não, pra quem conhece esta plebe.
Tinha queda para os números e falava com aquela sobranceria de quem sabe sempre mais do que nós sobre o tema, o que irritava muitos Condutores, que habituados à bajulação diária, estranhavam a atitude.
Eles que até liam O Económico, negociavam spreads fabulosos no banco e condições ímpares na compra do automóvel, enfim, magos das finanças.
Nos números ninguém me ganha e agora vem este “Doutor” dizer-me que não presto.
Era o que mais faltava.
Se ele é tão bom, gostava de o ver a ter água, luz e Tv sem despender um tostão como lá em casa, sim que neste mundo de tótós só paga quem é tolo e eu pago os contratos que quero.
MBA, my ass.
Pois, mas a vida empresarial não se deixa impressionar com as capacidades mirabolantes de quem consegue spreads de 0,5% de modo que era preciso um pouquinho mais para fazer frente a negociadores experientes.
É que enquanto muitos de nós estavam a tratar da sua vidinha, o Continhas foi estudando umas coisas e lendo uns livros.
Não se dedicou à escalada ocasional nem tão pouco à criação de equídeos.
Estrumeiras e badalhoquices não era com ele.
Era um citadino e assim se conservaria, sem entrar pelos devaneios rurais de outros.
O seu mundo era e seriam sempre os números.
Ainda por cima acumulava as boas contas com a boa condução.
Que raiva deste gajo.
Em tempos passados tinha sido recrutado pela UPA para lutar pelos Condutores e muito do que a rapaziada tinha actualmente, a ele se devia.
Conseguiu à custa de muito saber, fechar um acordo, acordo esse ainda em vigor.
O acordo contemplava melhores condições de vida, com os condutores a terem mais tempo com a família, tacografos melhorados e regras rígidas de não perturbação do sono.
Mas a memória dos homens é curta e a ganância varia na razão inversa.
Depois de ter sido útil, tal qual pano velho, havia agora que o chutar pra canto.
Enquanto serviu era o maior, agora remetê-lo à condição de proscrito era a solução.
O Continhas não gostou e saiu a esbracejar, mas ninguém acreditava, já que os que ficaram, entretiveram-se a denegrir a sua imagem durante anos para que a proscrição fosse maior e assim justificarem os seus actos.
Até quem não o conhecia, já ia com cuidado.
Coisinha honrada pra se fazer a um dos seus pares.
Tem graça que o acordo além de todas as regras enumeradas, incluía igualmente mais Kuanzas para a rapaziada.
Já diz o povo, visteze-os?
Pois, os Condutores também não.
É que os que ficaram à frente da coisa, resolvem convocar uma reunião da UPA com meia-dúzia de Condutores amigos e impugnam a parte dos Kuanzas que tinha sido aprovado por larga maioria anteriormente e que até já estava assinada.
Coisa estranha, mas estranhos são igualmente os desígnios da humanidade e duma casa em que se gastava 25 Kuanzas por dia em papel de folha dupla pra limpar o rabiosque, tudo se pode esperar.
E foi aí que começou a conversinha do....Não é a altura..., conversinha que virou moda, serviu de guarda chuva para muita coisa e albergou vários patriotas durante anos.
Diz-se que foi à troca de outros mundos, mas tal não passava de especulação.
O Continhas andava revoltado mas nada podia fazer.
Estoicamente, pegava no seu TIR e cumpria.
Sempre cumpriu o que irritava ainda mais os que o denegriam.
Dizia-se dele o que Moisés não disse do toucinho, que era o Anti-Cristo renascido e que tinha como plano maquiavélico o fecho da CACA, e claro está o domínio do mundo por arrasto.
Esse domínio aconteceria através de uma base submarina secreta, onde rodeado de beldades em fatos de lycra muito justos e de um anão zarolho, careca com dentes prateados, tocaria em botões luminosos que fariam coisas acontecer, enquanto o seu riso maquiavélico ecoaria por todo o oceano.
Os Condutores foram comendo, cantando e rindo...
Entretanto a UPA mudou e a rapaziada que assumiu não era de acreditar em balelas.
Contra tudo e todos pediu ajuda ao Continhas.
Ai, que vocês não vão ter mão nele, era o que se ouvia.
Ai, que vem aí o Demo encapotado.
Não, não era o Demo que andava encapotado como veríamos mais à frente.
Os que não tinham outros argumentos, esgrimiam aquela básica que diz, eu não tenho nada contra ele, mas o tipo gosta é de dinheiro...
Sim, que o cerelac dos meninos e as idas ao Café Photo são pagas em galinhas vivas queres ver.
Dinheiro é feio e eu sou mais da troca directa.
A vida no entanto mudava e as mentalidades também.
A rapaziada que tomara conta dos destinos da UPA, tinha-o feito por escassa margem é certo, mas mesmo assim mais que suficiente.
Continhas contratado e vamos em frente.
Socorrendo-se da tal base secreta do Continhas e dos botões luminosos, fecharam acordos com a Yuppi, com a Viriato e finalmente com a CACA.
O “Acordo Velhotes” foi pro papel e tudo conseguido sem a falência anunciada.
O Continhas lá do fundo do oceano ia fazendo as suas tropelias, apertando os seus botões luminosos e as coisas aconteciam.
Porém, uma falha grave a assinalar, beldades em fatos de lycra, nem vê-las, zero, nada.
Já quanto a anões, não de corpo mas de espírito, ainda apareceram alguns.
Os arautos da desgraça, de megafone em punho podiam descansar, o fim não estava próximo.
Mas descansariam?
Quando a paragem das camionetes esteve iminente, episódios caricatos aconteceram.
Desde Condutores-Principais a enviarem mensagens electrónicas azedas e intimidatórias, até um Condutor-Ajudante que querendo pôr-se em bicos de pés vinha agora incitar os seus iguais a furar a dita paragem.
Supra-sumo da badalhoquice.
Mais uma vez a conversa, que não era a altura e tal, que havia que ter postura perante as dificuldades da Pátria.
Não deixava de ser engraçado tal discurso vir de quem se dedicava ao fomento de um jogo ilegal, jogo esse que consistia basicamente em roubar os amigos, ludibriar os conhecidos e tentar atrair os incautos para uma ratoeira de ilusão e mentira.
Lucros mirabolantes eram anunciados.
Jogo de ciganos, ladrões e vigaristas e a quem as autoridades já seguiam o rasto.
Alguns Condutores da CACA, quais foragidos, já dormiam em parte incerta tal era o nível que a coisa tinha atingido.
Enfim, um embusteiro travestido de virtuoso, tal qual vendedor do elixir mágico do velho oeste.
E nós sabemos o que a populaça fazia a esses não sabemos?
Alcatrão, penas....
Mas enfim, de personagens menores não rezará a história e fica apenas o apontamento lúdico.
A paragem tinha sido desconvocada e vinha agora uma parte igualmente importante e tão temida.
Depois do novo acordo assinado, havia que puxar o tapete ao Continhas e deixá-lo sem Kuanzas.
Mas por onde vamos pegar gritavam os Contristas.
Depois de muito pensarem era óbvio.
Ora se o acordo de camionagem era uma partilha de Kuanzas novos, o que o Continhas conseguiu não é mensurável, logo...
Somos ou não somos geniais.
Sim que não é à minha conta que esse rapaz vai comprar uma casa nova e Camões quando terminou a odisseia definiu muito bem naquela última palavra o nosso fio condutor.
Não pode haver Kuanzas pro Continhas tornou-se o novo mote.
É muito caro, eu não pago, comigo não contem, saio logo da UPA e entrego o excedente de Kuanzas àquela instituição lá do bairro.
A ideia peregrina sempre foi, se o Continhas é Camionista, tem de fazer tudo pelos Camionistas sem levar nada a ninguém.
Bela teoria, brilhante até.
Eu que sou camionista e tenho uma loja de queijos, agora tenho de dar do meu Chèvre a outros camionistas.......porque sim.
Ainda bem que não tenho um bar...
Parece que era essa a regra.
Claro que a ser implementada teria de ser alargada aos muitos que fazem os chamados “Bicos” em Camionagens mais leves, ensinando jovens aprendizes de Camionistas a singrarem na vida dos TIR.
Não se sabia exactamente as condições de trabalho destes nossos amigos, mas concerteza que o faziam em regime pro-bono, tal é o desdém que sentem a quem ganha Kuanzas com o seu saber.
Contradições a quanto obrigas...
E era assim, no meio deste rebuliço, que se iam preparando para numa qualquer reunião da UPA, tentar mais uma vez que a inteligência dos Camionistas fosse arrastada pela lama em discursos inflamados e deturpações da realidade.
Afinal, era sabido que alguns mais iluminados até teriam preferido alguém que soubesse menos da poda, até poderia ser mais caro, mas o Continhas com os bolsos com Kuanzas é que não.
Se a UPA na sua maioria tinha decidido, isso não era um problema deles, eles não pagariam.
Regra aliás usada por todos nós que não gostamos de pagar impostos e lá porque uns maduros decidem que tem de ser, agora íamos pagar também queres ver.
Não queremos, não pagamos.
Paguem os outros que democracia assim não me dá jeito.
Se isto tudo não fosse ficção, pela minha parte estaria decidido, pagava e ainda agradecia.
Querem queijo, vão comprá-lo.

quinta-feira, abril 01, 2010

A Noite das Facas Longas - Epilogo

Um certo animal alado
Que julgava saber cantar
Numa árvore empoleirado
O seu talento quis mostrar
E logo a vaidade lhe fez perder
Aquilo que ia comer

Jean de La Fontaine