segunda-feira, abril 26, 2010

O Perna de Pau

Amigos ouvintes, antes de mais, peço desculpa pelo silêncio.
Como sabem aquele vulcãozito de nome fácil, acordou na semana passada.
Com o velho continente parado, eu e o meu camião voltámos a ser necessários.
A vida não anda folgada de modo que uns Kuanzas a mais são sempre bem-vindos.
Assim, este vosso amigo, sempre à espreita de uma oportunidade de negócio, passou os últimos dias a rentabilizar a camionete, de um lado para o outro, fazendo o transporte por estrada das mais diversas cargas e personalidades.
Já sei o que vão dizer.
Que há negócios mais rentáveis e menos trabalhosos, nomeadamente naqueles jogos da bola e os geis milagrosos.
Eu sei isso, sei que sou antiquado, mas mesmo assim, prefiro a legalidade.
Nunca alinhei com ciganadas e pelo menos vou dormindo descansado.
Uma vez regressado, vamos hoje contar uma história de época.
Uma história de piratas e corsários à séria.
Daqueles do olho de vidro, perna de pau, cara de mau e papagaio no ombro.
Bom, olho de vidro será um exagero, mas quanto ao resto...
Não teremos o Errol Fliyn, nem outros famosos da sétima arte.
Quem espera capa e espada com nível, glamour e brilho é melhor pensar duas vezes.
Piratas bonitos serão uma miragem.
Aqui gostamos dos personagens feios, porcos e maus.
Como eles são na vida real.
Ainda tentámos contratar o Johnny Depp para o papel principal mas o budget apertado não nos permite.
Contingências da crise.
Adiante.
Há muito muito tempo, num reino distante, vivia o nosso personagem.
No reino deste pirataço não existia lei.
Ou melhor existia mas não era pra ele.
Nascido num tempo em que tudo era permitido o nosso pirata cedo viu as vantagens da piratice, para conseguir levar as suas empreitadas a bom porto.
Iniciou-se na CACA-OI e foi levando a sua vida inicialmente sem sobressaltos.
Um dia a CACA resolve abrir uma subsidiária, a Yes Weekend, já falada anteriormente.
Esta nova empresa dedicava-se ao transportes de veraneantes, para aquela semaninha de inferno All-Inclusive, mojitos à fartazana e coristas de hotel com meias de rede rotas em coreografias deprimentes.
O nosso amigo, junto com outros piratas de renome tinha sido um dos “escolhidos” e transferiram-se todos para a dita subsidiária.
“Escolhidos” é uma maneira de dizer pois os critérios foram sempre duvidosos.
Dizia-se que ele, junto com os outros espertalhões, viram ali um short-cut.
Para uns foi a camionagem pesada antes do tempo, para outros o lugar de condutor-principal muito antes, para outros os mojitos, para outros as louras...
Cada um teve as suas razões, e certamente válidas.
Todos juntos, montaram o esquema e lá foram eles.
Olharam para o bolo e o que cada um comeria ficou logo destinado.
Não deixava no entanto de ser engraçada a feliz coincidência de todos os que ganharam com isso, estarem na altura nos meandros da UPA, tendo-a usado para se proteger, como veremos mais à frente.
Coincidências que o nosso Francis Drake, soube usar em seu proveito.
Deu-se assim inicio à operação Verão.
Experiência fabulosa, semanas inteirinhas em hotéis de luxo, caipirinhas mil, beldades louras de bikini curtos.
Êta vida boa...
Mas a vida das subsidiárias é sazonal e é preciso correr atrás.
Se no verão a coisa corria bem, já no inverno, tal como a cigarra, havia que ir a todas, quando e onde desse.
Só que o nosso pirata e sus muchaxos queriam o melhor de dois mundos.
Os mojitos e as louras, mas as regras laborais da casa-mãe.
Aquela rede de segurança que tanto jeito dá.
Uma Win-Win situation portanto.
I win, I win.
Não há almoços grátis e os gestores da Yes Weekend começaram a pedir um pouco mais de empenho à rapaziada.
Ai que não pode ser, isto é uma vergonha, a escravatura já acabou.
Na altura, como assumia a sua piratice, era só direitos e regalias.
Então se eu estou em casa 15 dias sem fazer nada, hoje que estou de folga é que querem que me faça à estrada.
Só porque arranjaram um contrato para hoje.
Logo para hoje que não me dá jeito nenhum.
É que os 15 dias não me chegaram.
Não, Não vou e não se fala mais nisso. Arranjem outro.
Essa, era uma, entre outras tropelias várias.
Os tempos máximos de trabalho eram pra ser respeitados tal como na casa mãe.
Lei é lei.
A menos que se levasse a namorada na camionete para aquela semaninha de férias...
Aí, como valores mais altos se “levantavam”, quais atrasos, quais tempos máximos.
Aí se via a verdadeira força da lei...
Estamos aqui é pra trabalhar.
Era pra ir e mais nada, desse por onde desse.
Assim acontecia e claro, não deu.
A própria manutenção das máquinas já deixava a desejar e a coisa piorava a olhos vistos.
Com estas e outras que iam acontecendo, não restava grande margem de manobra aos gestores da YW.
Entretanto, uma vez que os piratas dominavam igualmente a UPA, faz-se uma reunião magna.
Qual assembleia do PREC, cheia de piratas e todos cheios de razão.
Até as louras queriam trazer com eles de volta à casa mãe e alguns pediam apoio do resto da plebe para tão altos desígnios.
Lindo de ver é o Amor.
A CACA mais não podia fazer, e ordenou a volta de todos os piratas.
Voltaram mas vinham de bolsos cheios.
O saque tinha sido bom, uma vez que voltavam para os lugares que ocupavam na YW, mas agora na casa-mãe.
O nosso amigo foi assim, um dos principais causadores da queda em desgraça da Yes Weekend, mas isso agora não o incomodava.
Estava de volta à casa que o viu nascer e uma vez que tinha sido incorporado na camionagem pesada, teria tempo livre em mãos para se dedicar a outros hobbies.
Quais seriam?
A ajuda a instituições de solidariedade?
O voluntariado?
Não, não se esqueçam que estamos a falar de um pirata, mas um pirata ambicioso.
Ambicionava ser mais do que pirata, por isso queria algo que lhe desse algum glamour.
A criação de equídeos era a sua paixão e dedicar-se-ia a isso de corpo e alma.
Andaria mergulhado no estrume, com bosta pelos joelhos a desbastar os animais.
Teria belos exemplares e assumiria aquela postura de aristocrata titular que tanto almejava.
Seria um Pirata-Criador, o que sempre confere outro “estar” e impressiona a Coroa.
Assim o fez e pensámos todos que ficasse por aí.
Pois pensámos.
No entanto o saque que tinha trazido da YW não lhe chegava de modo que dá inicio a um movimento rebelde com outros piratas.
Tipo maio de 68, mas sem mamocas à mostra, embora desse ideia que tal como os estudantes de outrora também eles teriam fumado qualquer coisa, tais eram as piratices.
Que nome iriam dar ao movimento era a questão.
Depois de muito pensarem chegou-se a um consenso.
Piratas sem Horizontes, seria o nome escolhido.
Pretendia ser uma plataforma de reflexão da piratice, mas na realidade os objectivos eram bastante mais maquiavélicos.
Plataforma de proscritos diziam uns, mas piratas proscritos? Não seria um contra-senso?
O futuro se encarregaria de nos mostrar que não.
Seria uma plataforma onde encontrariam morada, todos aqueles que se sentissem órfãos da estrutura e do poder de outrora.
Os novos órfãos tinham chegado.
Os estatutos da dita associação eram bem claros.
Recuperar o que foi nosso a qualquer custo.
Não fariam prisioneiros.
Aproveitando tempos de guerra aberta entre a CACA e a UPA, a tal que tinham perdido, vê aí a sua chance de mudança de actividade.
A chance perfeita.
De pirata passaria a corsário.
Faria as malandrices a soldo da coroa.
Assim sendo, inicia conversações com os Chefes da CACA e vende os seus serviços aos antigos inimigos.
Uma vez patrocinado pela coroa, seria muito mais fácil a sua movimentação por mares tempestuosos e teria a cobertura para as suas piratices.
Andaria em cima do muro ao sabor dos ventos predominantes.
Os chefes da CACA sabiam do que ele era capaz, pois os episódios da YW estavam ainda vivos na memória, mas mais vale um Judas do nosso lado que contra nós e assim esfregaram as mãos de contentes, receberam-no no seu seio e emitiram-lhe as instruções.
Começava aí a era do Corsário.
Tal como Francis Drake, também ele traria as riquezas máximas para a coroa que servia.
Seria o Francis Drake da camionagem.
Imbuído do novo estatuto delineou o plano.
Qual a melhor forma de começar o serviço pensou.
Tenho de arranjar um assunto que reúna alguns descontentes e tentar capitalizar a coisa com alguma desinformação.
Já sei, vou impugnar o contrato do Continhas e tentar lançar a confusão.
Se assim pensou, melhor o fez e munido da sua altivez e seriedade vai para os tribunais do reino tentar denegrir a imagem alheia.
Ele cheio de virtudes e os outros só defeitos.
Claro que como bom pirata das suas piratices e malandragens não se lembrava ele.
Eu explico.
Para a prática da camionagem eram precisos dotes físicos mínimos e o nosso amigo não os cumpria.
Não cumpria mesmo.
A lenda dizia que devido a uma batalha antiga nos mares do Caribe, tinha perdido uma das pernas e agora, como bom pirata que era, ostentava uma perna de pau, no lugar onde outrora pontificava uma bela canela de carne e osso.
Mancava até mais não e até os cegos da rua, sabiam quando se aproximava devido aquele irritante, toc toc toc toc, toc, toc...
Apesar disso, estranhamente, os curandeiros do reino emitiam-lhe semestralmente o salvo conduto real para operar as ditas máquinas.
Mais estranho ainda era o facto do nosso amigo possuir uma declaração real que averbava a sua inferioridade física.
Devido a essa declaração, estava isento do pagamento dos vários impostos e tributos devidos ao reino.
Tinha inclusive direito a parar a carroça naqueles locais para diminuídos, aqueles mais perto da porta.
Tudo para não forçar tanto a perna de pau.
Nas filas dos supermercados e mercearias, idêntica situação.
Deixa passar que o senhor é aleijado.
E ele passava, rindo-se por dentro da ingenuidade alheia.
Não, não era aleijado, era sim vigarista, como qualquer pirata que se preze.
Assim decorria a vida do nosso pirata convertido em corsário.
A dar a volta a tudo e todos.
Ficaria por aqui?
Claro que não.
Uma vez que a jogada suja do contrato do Continhas iria demorar, havia que entrar por outros caminhos.
Socorrendo-se de amigos, piratas dos tablóides, minava a confiança dos condutores.
Uma das formas mais ardilosas, consistia em enviar mensagens electrónicas de dentro de assembleias magnas da UPA.
Assim, mesmo antes dos condutores votarem os seus assuntos, já os tablóides os divulgavam para que todo o reino pudesse saber, tirando força à rapaziada.
Enfim, coisas que já saem do âmbito da piratice e ganham novos adjectivos.
Adjectivos esses que infelizmente não poderemos usar por respeito aos mais sensíveis e às Crianças que nos lêem.
Entretanto, avizinhando-se o fim do mandato da direcção da UPA, tem nova ideia mirabolante.
Resolve patrocinar um encontro de condutores numa estalagem, para mais uma vez tentar tirar partido da desinformação e da mentira.
Contactado o estalajadeiro informou-o das suas necessidades.
Vêm aí uns rapazes escolhidos a dedo, de modo que quero uma sala em que possamos reunir sem ser interrompidos.
O estalajadeiro anuiu, mas já se sabe, almoços grátis não há e os impostos do reino estão cada vez mais altos (sim, que ao contrário do nosso pirata, o estalajadeiro pagava os seus).
Eu arranjo a sala, mas quero uns dobrões de ouro para pagar a despesa.
O nosso pirata disse que sim, dobrões não faltariam, mas esqueceu-se de informar os restantes piratas que teriam de pagar pela sua presença.
Mais ou menos do género, vem cá a casa jantar mas traz tu a comida.
Estiveram lá muitos e vindos de todas as partes do reino.
Todos queriam ouvir as boas novas e tentar ver se seria por ali o caminho do novo poder.
Desde antigos dirigentes máximos da UPA, ex chefes da camionagem, chefes wanna be, gente do norte, gente do centro, enfim, até do reino dos algarves chegou um emissário.
Gente boa lá havia, mas muitos deles sem eira nem beira.
Havia de tudo nesta palete. Era só escolher.
O ponto de ordem residia em criar um movimento de fundo e rebentar com a UPA e os seus líderes, antes do dia D, a bem da classe claro.
Claro.
Só que os Homens da UPA estiveram lá e não se acanharam.
Falaram, expuseram os seus pontos de vista e a mentira não vingou.
A reunião acabou por ter um rumo que não era o desejado pelos organizadores.
Um dos convivas, antiga glória da UPA, acabou inclusive por sair irritado com tanta piratice e tanta falta de rumo.
As razões ninguém as soube mas que saiu mais cedo saiu.
Teve sorte, safou-se ao pagamento.
Pois, é que no fim, o nosso pirata organizador não se ficou.
Embora pudesse ter pago o aluguer da estalagem com os dobrões que rouba nos impostos reais, já se sabe, uma vez pirata, sempre pirata.
Se há que pagar, divide-se por todos que eu sou muito doente e não posso.
Reparem na perna de pau.
Eram 7,5 dobrões de ouro a cada um por favor.
A rapaziada ferveu.
Além de não terem conseguido lograr os seus intentos, ainda tinham que pagar.
Que luxo de organização, pra próxima não me convidem.
Acabou tudo zangado e a guerra UPA-CACA foi levada a bom porto.
O dia D chegou, com acordo entre as partes.
A CACA não faliu e afinal até o vulcãozito “Joli”, causa mais dano.
Do nosso Francis Drake de trazer por casa, nunca mais ninguém ouviu.
Mas não se iludam.
Deve andar neste momento, pelos mares a preparar o próximo saque.
Piratas que o queiram acompanhar sempre haverá, pois existem sempre malandros novos.
E foi assim que um pirata ganancioso se tornou num corsário do Reino.
Vitória Vitória, acabou-se a história.

Nota do Autor.
Francis Drake era filho bastardo da Rainha Elizabeth e todos sabemos o nome carinhoso com que o povo mimoseia os filhos bastardos.

29 comentários:

  1. Genial e demolidor, Rato. Eles são mesmo feios, porcos e burros. Mas agora dão-nos um jeitaço. É só rir à conta deles. Esperamos que continuem com as trapalhadas do costume, para que este blog tenha uma longaaaaa vida. Parabéns.

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  2. As aventuras deste pirata parecem aqueles desenhos animados do Beep-Beep, em que ele é o lobo desastrado. As cargas de dinamite estão sempre a detonar-lhe nos braços e nunca consegue a tão desejada refeição grátis. Temos muita pena. Mas é a vida. Não tarda nada, vai ser ele o main course. Os médicos reais estão à espreita e podem-lhe caçar a licença de corsário.

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  3. Agora que estes piratas de meia tigela já perderam a utilidade para a CACA foram marginalizados numa baía recôndida, onde planeiam o next move. Vai ser do estilo "lançamos umas atoardas nos pasquins para pôr a UPA contra os da CACA e vice-versa, para abrirem umas vagas e tomarmos de assalto as duas instituições". Isto claro, porque as contas para pagar não param de se acumularem ameaçadoramente. A vida está difícil, como sabemos, e os equídeos não fazem jejum prolongado, numa espécie de Ramadão do reino animal. E os causídicos custam os olhos da cara, mais as custas daqueles senhores com perucas louras compridas e que usam uns martelos de marisco quando lhes ditam a sorte, ou o azar, para sermos mais precisos e realistas. Precisam de injecções de tesouraria urgentes. Mas como dizia o outro, "queres dinheiro, vai ao Totta", ou melhor "vão trabalhar malandros".

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  4. Os 7,5 dobrões de ouro estão-me atravessados na garganta. Aquilo foi um circo de horrores completo, com direito a inspecções involuntárias à próstata e tudo. Valha-nos Deus.

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  5. O contador das visitas audazes está imparável. Parece um motor turbo-hélice. A este ritmo ainda descolas em direcção a este mundo de ficção Rato. A corja de vigaristas, pantomineiros, aldrabões, escroques e toda a sorte de delinquentes querem-te à perna e congeminam o fim deste tormento que lhes ameaça a entrada no prometido paraíso. Não há direito. Eles julgavam-se muito espertinhos, masters of the universe, e agora esta desfeita. O vento sopra contrário, as vagas alterosas tragam os velhos cascos e eles vão-se afogar nos seus próprios excrementos que o medo os fez evacuar.

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  6. Muito bom! Continuas a manter o nível. Esta do pirata está do melhor. Abc

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  7. Rato, o ensaio está magistral. Mas infelizmente a realidade transcende em muito a ficção. Fica sabendo que este perneta pedia aos ajudantes dos condutores para levarem bombons dourados brilhantes para Madagáscar, sem lhes dizer ao que iam, à revelia da real alfandega. Os bombons eram depois vendidos localmente a bom preço, revertendo o lucro para este pequeno biltre que se dizia amigo das carenciadas crianças locais, só para despistar, através de uma auto denominada associação dos "condutores sem horizontes" que, por sinal, não tem personalidade jurídica. Mas o mais giro veio a seguir. Não é que o aleijado foi apresentar queixa à alfandega real sobre outros condutores honrados que traziam pequenas ofertas para os amigos, dentro dos limites impostos pelos éditos reais. Tudo em prol do bom nome dos condutores de que este fungo se arvorou em guardião.

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  8. É pungente esta caricatura. Esta criatura conseguiu o feito único de se subtrair à pantanosa controvérsia e fazer a unanimidade dos condutores. Que o condenou, decerto. Como aconteceu numa reunião da UPA em que agitava o decreto que lhe conferia a invalidez dos subsídios. O que fez dele um factor, porventura único, da coesão dos condutores na sua condenação e ostracização. Por pouco não ficou sem a outra tíbia e foi obrigado a caminhar sobre a prancha. Mas está lá perto.

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  9. Rato, consta que os tributários descobriram o saque deste corsário e lhe exigiram 36.000 dobrões de ouro para não lhe aprezarem o velho casco. Desesperado, sem fundos e sem tripulação, o bandido foi à Cofidis para obter uma livrança, a uma taxa que ele não pretende pagar, alegando que era um eminente jurisconsulto e que possuia uma propriedade ganha com o seu esforço, evidenciada em grande plano de fundo numa revista semanal, mas que por sinal era do seu vizinho abastado.

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  10. Consta que a CACA está preocupada com a invalidez do equídeo. Se for abordado o seu navio fica-se a saber que a frota da CACA é fandanga, com aleijados no seu comando. Coisa perigosa, se cair no domínio público ou das autoridades. Mas o equídeo, que pretendia reformar-se aos 55, antes do acordo velhotes, agora pretende esmifrar todo o santo cêntimo a que se julga com direito, mesmo que atormentado pela tíbia de pau e pelo seu ridículo deambular. Já delira com membros biónicos para continuar até aos 80. Não vai ser fácil fazê-lo andar sobre a prancha. Mas lá terá que ser, não é verdade? Porque a maralha não está muito divertida com a situação. E os tributários já lhe apertam o cerco, num ritual macabro e terminal.

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  11. O equídeo é apenas uma marioneta do amo do batráquio e um pequeno escroque necessitado que transformou os convivas da estalagem em otários. Pagaram 7,5 dobrões de ouro para assistirem a um filme B de terror em que eles eram os principais protagonistas, no papel de vítimas de burla agravada. Consta que o equídeo não pagou o seu repasto e ainda embolsou uma choruda comissão sobre esse saque. Boiou de costas, dizendo frases esparsas e fazendo coisas avulsas, sem norte nem nexo. Propôs a omissão como ordem de combate e o vazio como objectivo militar. Uma espécie de "vamos-nos empregar rapaziada, que depois logo se vê". Fomentou a "ideia", sob os auspícios do insidioso e pardo amo do batráquio (agora coligado com a cúpula da CACA via um títere emproado), de que seria percorrido um caminho, mas que, não sendo o da cúpula da UPA, seria o da oposição: subversão aberrante da verdade democrática, negação patológica da transparência das instituições, sarcasmo e cinismo lançado à cara dos incautos camionistas. Uma espécie de autoria material de um crime de violação de consciências que não anda muito longe da figura do contrabando (uma sua especialidade antiga) moral e oportunista. Que totó.

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  12. A tudo isto juntam-se os custos em ouro com o causídico e a perda da demanda contra a UPA. Todos os demónios conjuram contra este pequeno verme. Pobrezinho. Não há justiça neste mundo quadrado.

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  13. "Logo que o ambicioso do mando tudo submete ao seu poder é também dono dos que lho venderam"

    Demóstenes,

    em referência ao amo do batráquio e guia espiritual do criador de equídeos

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  14. Mas afinal porque é que este eminente cavalheiro e a sua distinta corte não se candidataram à cúpula da UPA? Será medo? Ou será que pesadamente enterrado na sua poltrona, com uma curta manta (furtada no navio) a cobrir-lhe uma tíbia e o que resta da outra, o seu enorme peito, ondulante no estertor de dois pulmões já vencidos, lhe recomenda sensatamente uma derradeira caminhada em direcção ao pôr-do-sol?

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  15. Há tradições boas e más: as boas mantêm os mortos em vida e as más transformam os vivos em mortos. Por isso, longa vida para as trapalhadas do equídeo que tanto nos divertem e nada nos fazem.

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  16. Ninguém pode legitimamente esperar que o equídeo tenha ouvido falar de Montesquieu. Mas bem podia um qualquer conviva da estalagem, especializado em ideias gerais, explicar-lhe em privado o princípio da legitimidade democrática que resulta do sufrágio directo e universal. Sem complicar, nem meter os clássicos: só uma simples ideia mestra. Com toda a probabilidade ele a entenderá. Aceitá-la será outra história. Mas nada que a polícia judicial não conseguirá fazer.

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  17. O criador de equídeos parasita o estado e o património público, desprestigia e mina na penumbra os camionistas, dá tiros (com silenciador e sem testemunhas)no senso comum, lá do topo da sua ignomínia. Vale tudo. Excepto acertarem-lhe. Como está enganado, indigente criatura.

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  18. O perna de pau tem uma acção simplista e obsessiva que deixa entrever uma vontade de ferro e uma audácia ilimitada. É um espírito rude, com o sentido do rasgo e a vocação da epopeia pessoal; inculto, mas com a intuição da propaganda e das maquinações de bastidores; primitivo, mas com a ânsia dos amanhãs que nunca cantam. Tem uma predilecção pelos rituais neo-fascistas, muito bem retratados no vídeo do Rato, que nos enternece e adormece.

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  19. Aos piratas noutros tempos pendurava-se num poste..Aos vigaristas era dado um tratamento um pouco mais humilhante que envolvia penas. Algum destes era bom.

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  20. Sem dúvida uma bela história esta do perna de pau. Mais uma para o álbum de "recordações"...

    E a propósito da Yes Weekend, grandes histórias poderiam ser escritas acerca desta epopeia. Um verdadeiro "romance". Assistiram-se a episódios lamentáveis, muitos deles levados a cabo... precisamente pelos actuais apologistas da desgraça... os Sakanas, os Pernas de Pau, etc... tudo gente muito "desinteressada"... tudo gente que a única coisa que sempre fizeram ao longo da vida (apesar de eles baterem o pé e dizerem que não), foi olharem para o próprio umbigo. Tentaram (e conseguiram) afundar a Yes Weekend. Minaram e tentaram fazer as maiores tropelias na recente disputa entre a UPA e a CACA... mas felizmente (para todos nós) não conseguiram. Pura escória...

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  21. Este é mais um caso insólito, em que um asno cria equídeos. What a jerk!

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  22. E quando é que esta besta imunda e repugnante é expulsa da UPA?

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  23. O "altruísmo" da abjecta e viscosa carcaça do perna de pau é comovente, como aquele gesto memorável, eternamente gravado nos nossos corações, em que decidiu furar a greve dos camionistas, em prol do bem comum é claro. Vai figurar para sempre no panteão dos most wanted, ao lado das figuras decepadas do guevarista, do amo do batráquio e do próprio batráquio. Vamos-lhes dedicar uma singela homenagem e revesti-los com aquela substância negra, salpicada com plumas e outros aromas orgânicos que o decoro não permite aqui descrever. Ou vamos convidá-los para discursarem nas festas natalícias, ao lado dos senhores com narizes vermelhos, para entreterem as nossas crianças e, já agora, as da Cova da Moura. Como alvos são inúteis, porque são disformes e insufláveis, ao sabor das circunstâncias, tipo teflon.

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  24. O "altruísmo" da abjecta e viscosa carcaça do perna de pau é comovente, como aquele gesto memorável, eternamente gravado nos nossos corações, em que decidiu furar a greve dos camionistas, em prol do bem comum é claro. Vai figurar para sempre no panteão dos most wanted, ao lado das figuras decepadas do guevarista, do amo do batráquio e do próprio batráquio. Vamos-lhes dedicar uma singela homenagem e revesti-los com aquela substância negra, salpicada com plumas e outros aromas orgânicos que o decoro não permite aqui descrever. Ou vamos convidá-los para discursarem nas festas natalícias, ao lado dos senhores com narizes vermelhos, para entreterem as nossas crianças e, já agora, as da Cova da Moura. Como alvos são inúteis, porque são disformes e insufláveis, ao sabor das circunstâncias, tipo teflon.

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  25. Este ácido corroi a pele do asqueroso perna de pau. Eu oiço-o a zurrar impropérios a 60 kms de distância. É um homenzinho com um passado triste. Há-de passar. Até porque não tem a noção do futuro.
    Os homens sem passado, ou com um passado inenarrável, são aqueles que vendo o Inverno lá fora e os lobos na rua, preferiram projectar uma vida sem agruras. Uma vida sem escolhas, nem atitudes dignas, nem riscos, nem valores. Vidas sem sombra, sem rasto, sem caminho ou com má memória. O protelar do útero materno.
    Quem não viveu não sabe projectar a sua vida e, muito menos, a alheia. É, alíás, por isso e só por isso, que não há meninos estadistas. E o perna de pau é apenas um menino mal comportado a precisar de uma gargalhada universal.

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  26. É este profissional da abstenção nas horas difíceis e do apagamento no perigo que se permite criticar as lutas dos seus pares, contemporâneas do seu egoísmo omissivo. No fim pretende lucrar com os frutos das lutas que desertou e traiu e com as benesses que o poder instalado lhe prometeu. Como o guevarista. Vai ter um triste fim, como é óbvio.

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  27. Definição de esquizofrenia:
    Caracteriza-se essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas. Embora primariamente uma doença que afecta os processos cognitivos[de conhecimento], os seus efeitos repercutem-se também no comportamento e nas emoções.

    Os sintomas da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo, podendo aparecer de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais, "acompanham a evolução da doença e reflectem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais", como a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia; indiferença emocional; pobreza do pensamento.

    Estes sinais não se manifestam todos no indivíduo esquizofrénico. Algumas pessoas vêem-se mais afectadas do que outras, podendo muitas vezes ser incompatível com uma vida normal. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões.

    "Não há, contudo, sinais nem sintomas patognomónicos da doença, podendo-se de alguma forma fazer referência a um quadro prodrómico que são em grande parte sintomas negativos, como por exemplo inversão do ciclo de sono, isolamento, perda de interesse por actividades anteriormente agradáveis, apatia, descuido com a higiene pessoal, ideias bizarras, comportamentos poucos habituais, dificuldades escolares e profissionais, entre outras. Posterior a esta fase inicial surgem os sintomas positivos".

    Isto explica muita coisa, não é verdade?

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  28. "Que dos Mares tropicais e cálidos, navegados pela Frota Veraneante, não teve o Engenho nem a Arte de carregar Ninfa Loura de bikini curto, tal qual troféu, a atestar da sua participação em tão Lusa e Gloriosa Campanha, passeia-se altivo e garboso, este Pirata no seu equídeo"
    Ou ..., quem não tem loura jovial de bikini curto e horizontes infinitos, caça com Equídeo!
    Os odores é que não são comparáveis, mas Pirata como o nosso, já não descarta um amigo por um pormenor -aliás sem importância- desses, uma vez que o hábito faz o monge, e todos esses aromas tão em voga na Caca, não são, para Pirata genuíno execráveis, mas familiares, e diria até portadores de recordações agradáveis.

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  29. Amigo Rato, para quando nova prosa? Já lá vão quase dois meses. A malta sente falta dos textos do Rato! Parece que surgiu assunto para mais um escrito. Abraço

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