terça-feira, agosto 16, 2011

550 Visitas em 48 horas

Caros Amigos Ouvintes,
Não posso deixar de assinalar as 550 visitas que o último texto "Felizmente há Luar" teve em apenas 2 dias.
550 visitas em 2 dias promete luar...
Obrigado Amigos Ouvintes
Até já

sábado, agosto 13, 2011

Felizmente há Luar

Boas tardes Amigos Ouvintes.
Hoje trago-vos um pouco de história como introdução a mais uma saga das Camionetas.
Vamos a isso? Em frente então.
Em 1817 tem lugar nesta pátria Lusa a chamada “Conspiração de Gomes Freire”.
E o que foi a dita conspiração, perguntam os Amigos Ouvintes.
A “Conspiração de Gomes Freire”, encabeçada pelo próprio, Gomes Freire de Andrade, teve como objectivo último a deposição do Príncipe regente João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, mais tarde conhecido por Rei D. João VI
E quem foi este homem a quem a História intitulou de “O Clemente”.
Todos os autores, baseando-se nos depoimentos daqueles que o conheceram de perto, falam de um Rei cheio de bondade, carácter e afabilidade, com visão de estadista, resguardando a coroa portuguesa das humilhações sofridas por outras monarquias europeias, além de enfatizar o senso de responsabilidade política e as preocupações sociais do monarca.
Enquadrados? Continuemos.
A tal intentona não leva a melhor, e depois de muito sofrimento por parte do povo, os seus líderes, que queriam criar um poder absoluto e sem carácter, são apanhados e condenados à morte.
Antevendo muitas execuções, pois era preciso cortar o mal pela raiz, D. João VI faz uma nota ao superintendente da polícia, D. Miguel Pereira Forjaz, ordenando que este prolongue as execuções pela noite fora de modo a garantir o extermínio dos revoltosos.
Dizia a nota -
“É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar”.
E é com base nesta belíssima frase que iniciamos hoje mais uma história inverosímil da camionagem.
Apertem os cintos e aí vamos nós, sempre à luz da lua.
Os tempos corriam cada vez mais estranhos na CACA.
Os camionistas em geral já não acreditavam, nem nos druidas, nem nas suas poções mágicas.
O descrédito era total e os druidas tinham consciência que tinham perdido a maior parte dos Condutores.
É certo que estes líderes ao terem iniciado funções, muitos tinham enganado, pois eram vistos como “dos nossos”, gente conhecida, em quem se podia confiar, pois eram amáveis, fraternos e amigos.
Possuíam portanto todas as qualidades de um Golden Retriever, mas em duas patas, sempre com aquele sorriso amigo e o ar risonho e pateta de quem nos quer afagar e ser nosso amigo.
Sem dentadas.
Mas as dentadas viriam, se viriam.
Vamos desenvolver a história e já vão ver.
Adiante.
O tempo vai passando, os druidas vão-se sentando melhor e eis que os caninos vão aguçando, qual filme de lobisomem juvenil série B.
A crise económica para que entretanto o país vai sendo arrastado, não ajuda, pois perante tal hecatombe financeira, o melhor caminho para a carteira seria o apego incondicional às cadeiras druidais, custasse o que custasse.
Nem que custasse amigos, honestidade intelectual, e coluna vertebral.
Mais hérnia, menos hérnia, a coisa havia de se arranjar e mais vale kwanzas no bolso à tripa forra que o seguro depois logo paga o tratamento à cervical.
Fazendo lembrar inclusive, mais um episódio da nossa história em que os seguidores de D. Miguel, irmão/inimigo de D. João VI eram apelidados de “Os Corcundas”, por baixarem a cerviz, fazendo vénias ao poder real absoluto.
Assim, as atitudes dos nossos “Corcundas” foram-se alterando com casos a sucederem-se.
Perseguições, delações, tratamentos diferenciados, e nenhuma vergonha na cara eram os motes da conspiração que estes druidas "Corcundas" levavam a cabo.
Conspiração contra a decência, a moral e a vergonha. O vale tudo estava instalado.
E valia mesmo.
O druida grande, segunda figura na hierarquia do poder, era na realidade o cabecilha da coisa, levando por arrasto os druidas chefes da camionagem pesada e da ligeira.
O da pesada, rapaz outrora visto como um tipo fiável e amigo, já não enganava ninguém.
Mostrava-se indignado em sessões da UPA em que era confrontado com recibos de kwanzas extra, e fazia a fuga para a frente ancorado em tecnicidades sobre a obtenção desses mesmos dados.
Mais ou menos como agora os vândalos da velha Albion virem dizer que não podem ser julgados porque as câmaras que gravaram não são legais.
Muita escola...
Tinha chegado ao ponto de ir a tribunal mentir para tentar com que um colega fosse despedido.
Mentir a bom mentir, como só os profissionais da coisa sabem fazer.
Ou os estudiosos...
Qual o crime do tal colega perguntam os meus amigos?
Numa tarde de paragem laboral legalmente convocada, o dito criminoso tinha tido a infelicidade de aceder ao sistema de camionagem para visualizar o que se passava.
O que se passava era que dois dos seus colegas, escamoteados numa unidade hoteleira da capital, fazendo tábua rasa de toda a legalidade, eis que despachavam os planos de viagem de centenas de camionetas.
Dois deles a fazerem o trabalho de muitos.
Deve ter saído coisa bonita...
O que saiu mesmo feio foi o nosso criminoso, que infelizmente foi mandado para casa sem direito a contraditório.
A justiça, tantas vezes incompreendida, lá se portou bem e uma providência cautelar foi aceite, de modo que o rapaz em casa ficou, mas kwanzas para o cerelac das crianças sempre foi havendo.
Na sessão em tribunal, o nosso druida da pesada apresenta-se num belo fato escuro e reforça que a entrada no sistema, foi das piores coisas que se podiam fazer.
Por pouco não houve uma hecatombe global, com Camionetas chocando umas nas outras, lançando labaredas mil, num espectáculo de luz e fogo, só comparável aos fins do ano, naquela ilha do atlântico, governada por um senhor simpático que também desfila no Carnaval.
Kwanzas a quanto obrigas.
E a cervical ia cedendo...
O druida da ligeira, esse vivia outro drama.
Sempre tinha sido mais inteligente que os outros e tentava manter a postura de amigo fiel e companheiro. A tal de Golden Retriever.
Mas os kwanzas eram os kwanzas.
Aos poucos ia-se incompatibilizando com tudo e todos, amigos de longa data inclusive.
Quem o ouvisse falar, ficaria com a nítida noção que todos eram bandidos à excepção dele próprio que carregava uma aura de justiça e dignidade sem igual.
E muito a apregoava.
Normalmente é assim...
Aliás, quem o ouvisse, não conseguiria afastar da sua cabeça aquela imagem do tipo que vai na auto-estrada e que se interroga porque raio vai toda a gente em contramão.
Coisas do código da estrada, e de outros códigos, já esquecidos pelos druidas.
A coisa tinha chegado a um ponto que os seus ajudantes de campo tinham dito um basta.
Não estavam para continuar conotados com aquela trapalhada e eis que se demitem, tentando não perder a dignidade.
O nosso druida, confrontado com este problema, começa um périplo de convites tentando recrutar para a função algum rapaz mais desavisado.
Mas as notícias viajam mais rápido que os raios de sol e ninguém do seu circulo mais próximo queria ficar colado às diabruras que se iam cometendo.
Não percebendo a mensagem e achando que a demissão era para os fracos, sim que os kwanzas aqui não têm lugar, o nosso druida resolve montar uma escala de serviço em que a cada dia um dos rapazes ajudantes estaria incumbido das práticas druidais.
Assim foi vivendo durante meses, mas não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe e tentando uma acção de último recurso, qual clube de futebol russo em que a habilidade é pouca mas os Rublos abundam, eis que recorre à contratação de um ponta de lança de craveira internacional, sem ligação ao clube, mas com pergaminhos de goleador.
Rapaz esse que teria sido uma antiga escolha para o cargo, mas que por uma questão de cervical, havia sido preterido.
Uma aliança improvável, mas a realpolitik é isto mesmo.
E a cervical ia cedendo...
Seria este o apaziguador da claque, já tão desavinda ou apenas mais um balão de oxigénio para a manutenção do status quo?
E a cervical deste reforço de fim de época, manterá a firmeza?
O tempo nos trará a resposta.
E com a história já longa eis que chegamos ao nosso druida grande, o chefe da pandilha de saqueadores.
Este tinha sido a desilusão maior de muitos camionistas.
Anteriormente fora um rapaz decente e cheio de energia positiva, sempre gerando simpatias e unanimidades.
Hoje estava mudado.
Não compreendia a diferença de opiniões, não compreendia que os kwanzas não eram tudo.
Vivia enclausurado nas Cabines-Simulador, aquelas em que os camionistas treinam para saber o que fazer quando salta uma roda, mostrando toda a sua sapiência e iluminando o caminho dos seus pares.
De tal modo vivia obcecado pela iluminação dos caminhos alheios e ensino da arte, que quis o destino que o nosso druida estivesse numa Cabine-Simulador, na precisa hora em que a sua continuação neste mundo de Deus visse a luz do dia.
Ele, que poderia estar a acompanhar o nascimento de uma nova vida, a continuação da sua, por dedicação à causa não estava.
Poderão os Amigos ouvintes não entender a opção, mas o que é isso de assistir ao nascimento de novas vidas senão coisas de poetas e líricos, comparado com a nobre missão de ensinar mais uns camionistas a levar a missão a bom porto.
Ah e os kwanzas claro está….
E é num desses Camiões-Simulador que acontece a última tropelia e a mais recente coincidência.
Os intervenientes?
Um Camionista-Principal, Homem alto e de nome sonante, provecta idade, cabelos prateados de sabedoria acumulada, um Senhor, com as suas manias, quem as não têm, mas um Senhor e do outro lado, o druida grande.
A esse Homem, de méritos e serviços firmados no seio da CACA, com um passado de dedicação à causa CACAL, é marcada por coincidência uma sessão de Camião-Simulador em que será avaliado nas suas aptidões para a Condução, pelo tal druida.
Coincidências do sistema, pois o facto de haver uma acção judicial que opunha o nosso camionista à CACA, CACA essa representada pelo druida, nada podia ser senão uma terrível coincidência.
O nosso Camionista, do alto dos seus cabelos brancos não achou graça à coincidência e aquando do encontro, apresenta os respeitosos cumprimentos, mas recusa-se a estender a mão ao druida, pois não embarca em velhacarias e tem-nos no sitio.
É compreensível que não estendesse a mão, pois é a mesma que acaricia os que lhe são queridos.
Há que ter mínimos...
O druida inicialmente enfurecido diz que sem bacalhau isto não vai.
O nosso Condutor, olhando de soslaio diz que nem pensar, considere-se cumprimentado e que por ele está tudo sanado, vamos lá tratar do Camião-Simulador, mais trabalho e menos conversa, faz favor.
O druida grande, esperto e maquiavélico alude à sua grande sensibilidade e dá por terminada a coisa, pois diz não ter condições psicológicas para continuar.
E promete vingança.
E a vingança chegou.
Usando os meios CACAIS ao dispor eis que toma lá um processo disciplinar por não me teres estendido a mão.
Para aprenderem que comigo ninguém brinca e bacalhaus enquanto te espeto a faca no rim é que é.
Tenho a certeza que irão invocar mais meia dúzia de razões, mas a verdade é esta, não me estendeste a mão, eu não brinco, porque fiquei magoado e alterado psicologicamente.
Bonito sem dúvida.
E dá que pensar, pois quando vierem aludir ao facto que o druida grande deixou de ter condições psicológicas para a coisa, devido a um simples aperto de mão, ou à falta dele, estaremos perante um caso bonito nos media e que irá arrepiar o comum dos cidadãos.
Que pensará o povo unido do perfil dos condutores e instrutores da CACA, quando se deixam alterar por uma minudência destas.
E que fará este druida um dia que algo realmente grave aconteça, um problema técnico a sério.
Ou um dia em que alguém que viaje na Camioneta lhe faça frente, que acontecerá e que fará o nosso druida?
Xixi talvez...
Mas o povo será o melhor juiz, porque estas coisas são difíceis de manter escondidas.
E o nosso druida mor perguntam os amigos?
Sei lá, anda desaparecido.
Entretanto os homens da UPA mandaram uma comunicação em que mostram que havia alguma rapaziada que pegava nas Camionetas e entrava em terras estranhas munido de documentação assim-assim, mais ou menos e tal, coisa mesmo...
Não pega bem e caso houvesse algum druida da CACA que lesse estas histórias, deixaria aqui um conselho, que seria o de pouparem nos kwanzas dos aumentos druidais e reverterem esses mesmo kwanzas para a compra de documentos tipo...legais.
Mas isto é muita petulância da minha parte pois bem sei que estes pequenos contos nenhuma repercussão têm e por isso remeto-me ao silêncio.
E no meio desta história toda, de tanta trapalhada, de tanta cervical moída, volto à citação inicial, complementando-a com outra de D. Carlota Joaquina, mulher de D. João VI, que ao ver que tem que ajudar seu marido, dirige-se a um dos Generais e diz, “Vá e corte-me, corte-me cabeças” e, tal como D. João previa felizmente havia luar e as cabeças rolaram.
E nós, vamos cortar cabeças ou vamos deixar a lua cheia passar?