quarta-feira, novembro 02, 2011

The StrikeBreaker - Os Furas

Boa tarde caríssimos Amigos.
Esta do Caríssimos Amigos, confesso que é inspirada na retórica CACAL....
Adiante.
Hoje trago-vos um texto sobre Os Strikebreakers, ou como são conhecidos entre o pessoal da CACA, os Furas.
Os Strikebreakers são aquela turminha lambe-testiculo, que circulam por entre nós e infelizmente vão gastando do mesmo O2 e que por uma razão ou outra acham sempre que "não é a altura certa".
Nunca é, nunca foi e nunca será.
Além de poluírem o ambiente com as suas ideias brilhantes, gastam recursos naturais, o que tudo somado é só prejuízo.
Mas prejuízo só para os outros, pois os benefícios obtidos com o esforço alheio, esse nunca é devolvido nem entregue a organizações de solidariedade.
Talvez por falta de tempo, talvez por falta de vergonha, fica a dúvida.
Esta rapaziada vestindo sempre a capa de moderado, imbuída de um falso espírito de missão, arvoram-se em salvadores da pátria, tentando instalar o medo entre os seus pares.
Na realidade os seus desígnios são outros e o seu soldo é pago em muitos Kwanzas.
Mas há dúvidas?
Eu não tenho.
E agora sem mais delongas eis que na língua de Shakespeare, vos deixo o brilhante texto sobre essa raça inenarrável que são os manhosos, pilantras e vendidos, StrikeBreakers.


The StrikeBreaker

After God had finished the rattlesnake, the toad and the vampire, he had some awful
substance left with which he made a Strikebreaker.

A Strikebreaker is a two-legged animal with a cork-screwed soul, a water-logged brain, and a combination backbone made of jelly and glue.

Where others have hearts, he carries a tumor of rotten principles.
When a Strikebreaker comes down the street men turn their backs and angels weep in
Heaven, and the devil shuts the gates of Hell to keep him out.

No man has the right to be a Strikebreaker, so long as there is a pool of water deep enough to drown his body in, or a rope long enough to hang his carcass with.

Judas Iscariot was a gentleman compared with a Strikebreaker.
For betraying his master, he had the character to hang himself.
A Strikebreaker hasn’t.

Esau sold his birthright for a mess of pottage. Judas Iscariot sold his Savior for thirty pieces of silver.

Benedict Arnold sold his country for a promise of a commission in the British Army.

The modern Strikebreaker sells his birthright, his country, his wife, his children, and his fellow men for an unfilled promise from his employer, trust or corporation.

Esau was a traitor to himself.
Judas Iscariot was a traitor to God.
Benedict Arnold was a traitor to his country.

A Strikebreaker is a traitor to himself, a traitor to his God, a traitor to his country, a traitor to his family and a traitor to his class.

There is nothing lower than a Strikebreaker.

sexta-feira, setembro 16, 2011

Liderar - Um ensaio sobre os Druidas

Liderar...
Por autoridade ou por inspiração e exemplo?
O que será um ‘líder nato’?
Alguém que sabe fazer uso da autoridade que tem, um déspota, ou alguém com carisma e tranquilo que de forma natural e não-coerciva consegue aglutinar vontades e esforços para um objectivo comum?
Fazer do processo de liderança um exercício de fiscalização e de atribuição de responsabilidades (somente) em situações de falha ou ruptura, é um exemplo comum de incapacidade de liderar!
Não é invulgar, quem lidera com medo e pelo medo, assumir como insubordinação toda e qualquer proposta que vá contra a sua "ideologia".
Outro erro de avaliação muito comum, é confundir-se ‘ambição’ com capacidade de liderança.
Temos tido muitos ambiciosos mas poucos lideres.
Alguns dos sinais externos de uma liderança capaz e destemida traduzem-se por exemplo no ambiente de trabalho, entusiástico e enérgico.
Satisfação e sentido de realização pessoal.
Empenho e colaboração.
Veja-se o exemplo de empresas de enorme sucesso como a Google, Microsoft e a Apple!
Quando o ambiente não é esse estamos perante uma organização gerida por fracos lideres, que mais não fazem que "tratar da sua vida".
A ‘receita’ é simples e de fácil consulta para quem esteja realmente interessado.
O difícil é haver vontade e gente séria para o fazer.
E os actuais não são sérios...
Um líder sabe distribuir os louros, e sabe assumir a responsabilidade das derrotas.
Um líder sabe reconhecer a capacidade de quem com ele trabalha e não receia em apostar e premiar essa mais-valia, alimentando um espírito competitivo saudável e fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento.
Um líder sabe aceitar a critica e não a vê como um ataque pessoal.
Um líder valoriza o contributo de todos quantos com ele (e não para ele) trabalham em prole do objectivo comum.
Desde o responsável pela limpeza e higiene ao colaborador mais próximo.
Todos têm um papel a desempenhar e a qualidade da sua performance tem repercussão na organização e em última analise nos resultados e satisfação obtidos pela empresa!
Um líder não se pretende eterno, pois sabe que essa perpetuação trará menos valia para a empresa através da cristalização de ideias e procedimentos.
Encontrar alguém com estas qualidades não é fácil.
No passado já houve, neste momento vivemos uma crise de liderança.
Numa sociedade cada vez mais cínica e desiludida com a falta de atribuição de mérito em que o conhecido ‘factor C’ predomina, assumir a vontade e o desejo de criar uma organização deste tipo é quase um acto de coragem.
Infelizmente, não é a coragem que reina entre Druidas e seus capangas, mas sim a maldade e a prepotência e o medo que tentam instalar.
E como dizia Goethe, ‘o medo e a infelicidade geram o mal. E o mal propaga-se!’
Até quando vamos aturar o mal que nos fazem?

terça-feira, setembro 13, 2011

Zé Colmeia e os Potes de Mel

Boa tarde Amigos ouvintes
Hoje, não vos trago mais uma história da CACA, não nada disso.
Estou cansado da CACA e das suas tropelias, de modo que para desenjoar, eis que vos trago mais uma história para a pequenada.
Uma história mágica, linda como só as histórias de petizes sabem ser, com personagens adoráveis e cogumelos gigantes numa floresta de encantar, em que as árvores falam, os animais dançam, o mel corre solto e os passarinho chilreiam.
E tudo isto acontece, sem que os ditos cogumelos tenham culpa, ou não…
Vamos a isso então meninos e meninas?
Vamos lá, 3, 2, 1…….e eis-nos embrenhados na floresta mágicaaaaaaaa……...
A vida corria solta na floresta encantada, e na sua aldeia mágica, a aldeia dos Rotalumis.
Os habitantes, os Rotalumis, povo simpático e dócil, vivia feliz.
A sua aldeia era linda, farta, o sol brilhava para todos, as águas límpidas corriam por entre as pedras do riacho.
As casas em que os Rotalumis moravam eram bonitas, semelhantes a grandes cogumelos, com paredes brancas e telhados encarnados, salpicados com as flores que caiam e eram trazidas pelo vento. Uma coisa apetecível.
O dia a dia da aldeia era de encantar, com o vento a acariciar as árvores que abanavam levemente à sua passagem, um cenário idílico, bonito de se ver.
Os mais novos acordavam com o nascer do sol e deslocavam-se até à escola, um cogumelo gigante, onde os anciãos cheios de paciência e dedicação, carinhosamente os iniciavam nos ofícios da floresta.
O pôr do sol era coisa indescritível, só comparado à baía de Luanda.
Mas claro, toda esta paz e harmonia não era de graça.
Havia muito trabalho a fazer para manter a aldeia bonita e a funcionar e o mais importante era que cada um tivesse a sua função e a desempenhasse na perfeição.
Na aldeia, que era mágica, (como toda a boa aldeia que se preze num conto infantil), dizia eu, na aldeia mágica, os animais falavam.
Falavam e viviam todos em duas patas, lado a lado com os aldeões que pouco de humano tinham também.
Aliás, os aldeões eram até um pouco estranhos para quem não os conhecesse, e havia quem os comparasse aos Strumpfs (Smurfs para a rapaziada nascida depois de 85), mas em verde.
Um verde seco carregado, para melhor fugir aos predadores e se confundir no meio ambiente.
Igualmente se dizia que alguns dominavam poderes ocultos e magias mil, e que inclusive na noite escura, ao abrigo dos olhares estranhos, se atiravam de penhascos e conseguiam planar, voando lado a lado com os pássaros, em brincadeiras sem fim.
Eram histórias que a pequenada contava nas noites de lua cheia para impressionar os mais novos, mas havia quem jurasse serem verdade.
Mas nem só de histórias com Rotalumis poderosos vivia a aldeia.
Havia ainda aldeões normais que cuidavam da manutenção da vida corriqueira.
Havia o padeiro que assegurava pão quentinho todas as manhãs, o leiteiro que mugia as vacas, o grupo de caçadores que assegurava a carne para a aldeia, os pescadores, os apicultores, enfim um sem número de tarefas e ofícios desempenhados por quem de direito.
Um dia, um grupo de animais do bosque, fartos de viver aos restos e sabendo da vida farta que se vivia na aldeia mágica, quis aproximar-se e ver pelos seus próprios olhos.
Tinham ouvido histórias mirabolantes e decidiram ir ver.
Juntaram-se em grupo e acercaram-se da nossa pacata aldeia.
Sabiam que não era qualquer animal que era aceite na aldeia mas mesmo assim, resolveram investigar sem medo.
Aproximaram-se devagar, sem fazer alarido.
Os aldeões, gente boa e simpática acharam por bem acolhê-los, pois a aldeia precisava sempre de mais uns braços.
O trabalho era muito e havia sempre tarefas que poderiam ser desempenhadas pelos recém-chegados.
-Vinde, amigos, entrai na nossa aldeia sem medo diziam.
-Vindes por muito tempo, perguntou o chefe da aldeia?
Por alguma razão estranha, os aldeões deste tipo de aldeia falam sempre como se de um paroquiano beato de Trancoso se tratasse..
Adiante.
O líder dos animais, um urso grande conhecido por Zé Colmeia (não propriamente devido às parecenças com o verdadeiro, mas sim devido ao seu apetite insaciável), retorquiu:
-Não grande chefe, apenas procuramos um local para descansar e repor energias.
-Se nos puderes dar guarida durante algum tempo, agradecemos.
A hospitalidade dos aldeões era conhecida e outra resposta não se podia esperar.
-Ficai amigos, ficai pois vindes por bem, e sereis nossos hóspedes enquanto vos mantiveres fiel a essa bondade.
Era isso que os animais da floresta queriam ouvir.
Foram entrando, acomodaram-se e com o tempo foram criando raizes, raizes fundas...
Construiram cada um o seu cogumelo, com telhados encarnados, bonitos, janelas com rococós e grandes fundações. Muitos grandes, para que em tempo de tempestade os cogumelos abanassem pouco.
Os aldeões estranhavam a construção tão dedicada dos cogumelos, pois tempestades que se soubesse não tinham acontecido nos últimos anos.
Entretanto a vida na aldeia corria.
A aldeia, por não ser auto-suficiente necessitava de interagir com outras aldeias num sistema de troca directa muito semelhante ao usado na antiguidade.
Dinheiro, ouro ou moedas, era coisa que não havia, pois era por demais sabido que o reluzir do ouro só trazia ganância e dissabores.
Na aldeia queria-se paz e concórdia, de modo que as moedas de ouro tinham sido abolidas em tempos idos, naqueles tempos em que os animais não falavam...
Assim, uma vez que não havia moedas, a aldeia para subsistir dava o que tinha à troca de outros bens.
Trocava carne dos javalis que eram caçados, peixe pescado no riacho, algum pão e mel, muito mel.
A aldeia tinha uma cultura de mel muito grande, a maior da região.
Vinha gente de todo o lado para ver o mel, inclusive autocarros das câmaras municipais com anciãos das outras aldeias.
Havia mesmo um circuito de provas de mel explorado pela aldeia e que contava com muitos turistas.
Até aparecia num guia de bolso que atribuía estrelas ao mel.
E o mel dos Rotalumis estava sempre com a pontuação máxima.
Se outros tinham ouro, a aldeia tinha mel, e não se dava nada mal com isso.
As abelhas que o faziam viviam em perfeita comunhão com os apicultores, sendo bem tratadas, produziam mais.
Certo era que nem todos na aldeia podiam ser apicultores, afinal, era um recurso muito grande e valioso e não podia estar entregue nas mãos de qualquer um.
Assim, só os mais capazes e depois de treino intenso se dedicavam à colheita do abençoado mel, sempre saboroso e brilhante.
Mas como em tudo na vida havia regras e os aldeões também tinham uma.
E qual era perguntam os meninos e meninas?
A regra de ouro era, o mel só era colhido por alguns mas em quantidades aceitáveis, para não depenar a cultura e manter mel para os que viessem de seguida.
Tipo pousio, mas em mel.
Só que os animais que entretanto já viviam na aldeia como se dela fossem donos, não gostavam da regra.
E aí começou o problema e a vida na aldeia nunca mais foi a mesma.
Os animais achavam que não, se o mel estava ali era pra encher a pança à fartazana porque o que é bom é para se comer.
E o mel era do melhor. E brilhava...
Assim juntaram-se e disseram ao grande chefe que não, a partir de agora as regras mudavam.
O grande chefe ainda tentou dizer que não podia ser, que não o fizessem que assim iam escassear os recursos no futuro e a aldeia ia sofrer, a sua aldeia.
Ainda os lembrou que eles eram só convidados, que na realidade não eram os donos da aldeia.
Nada resultou.
Os animais da floresta não queriam saber, iam ter o mel todo, desse por onde desse.
Assim, desrespeitando os aldeões que os tinham acolhido, e munidos de pouco escrúpulos, mais parecendo um pesqueiro espanhol em águas lusas, daqueles que aspira o fundo do mar, eis que, dedicaram-se à “apanha” do mel.
Em pouco tempo as colmeias ia definhando e o mel era saqueado a bom saquear.
O mel que outrora corria solto, agora não mais brilhava.
Os aldeões que outrora tinham o seus potes cheios, vazios agora estavam.
A própria aldeia passou a não ter excedente para trocar por outros bens, pois Zé Colmeia e os animais da floresta tudo arrasavam.
Os aldeões andavam angustiados pois todos sabiam do que se passava mas ninguém ousava enfrentar Zé Colmeia.
Outrora um animal simpático, o nosso Zé tinha-se tornado um animal ganancioso, sem moral e usurpador das boas energias da aldeia.
Fazia lembrar aquele mauzão das cowboyadas de Domingo à tarde que aterrorizavam a cidade fronteiriça de Peco YuppiYaYa MotherFuc**r Ville (Population. 1902)
Todos sabemos o que lhe acontecia quando chegava o John Wayne não sabemos...
Adiante.
Havia quem dissesse que só ele sozinho, já tinha no seu cogumelo 264 potes de mel, cheinhos até acima. A transbordar.
E não dividia com ninguém.
Zé Colmeia achava-se acima da lei da aldeia e ia levando a sua avante.
Até que um dia o amor...
Um dia o nosso Zé estava numa das suas passeatas matinais pela floresta para manter a forma e eis que se enamora por uma ursa muito bonita que por lá andava.
A ursa, usando todos os seus atributos encantou o Zé que ficou caidinho e se demorou mais no passeio.
Enquanto o Zé colhia flores e contava as façanhas, na aldeia...
Os aldeões aproveitando a saída do Zé, mandam um emissário à aldeia mais próxima onde havia uma loja das chaves do areeiro.
O emissário explica que era uma questão de vida ou morte e pede urgência, antes que o grande urso volte.
Pelo trabalho vai logo prometendo, um pote de mel e não se fala mais nisso.
Os chaveiros atraídos pelo mel, acorrem à aldeia e em menos de um nada, entram no cogumelo do Zé.
Ao abrirem a porta, espanto, indignação, raiva.
Os tais 264 potes de mel.
Quase não havia espaço no cogumelo tamanho era o saque.
Era verdade, Zé Colmeia açambarcava potes como se não houvesse amanhã.
Os tipos da chaves que não vão em cantigas tinham que ser pagos, que lá indignação não é com eles.
Mas porque a indignação dos aldeões era grande, ficou acordado que o pagamento seria não um mas dois potes de mel.
Dos do Zé, pra não ser garganeiro...
E agora o que fazer com este malandrim gritavam os aldeões.
-Obrigamos a devolver o mel, gritavam uns.
-E se o cobríssemos de mel e o expulsássemos diziam outros.
Isso não, que o tipo é capaz de se vitimizar.
Conferenciaram e decidiram...
Quando Zé regressou do seu namoro matinal, a aldeia não era mais a mesma.
Estava diferente.
Ninguém no riacho, ninguém na rua, nada, só o vento.
Só não havia rolos de feno, porque não era época...
O Zé de inicio estranhou mas não ligou.
À medida que ia entrando na aldeia a estranheza ia-se tornando medo, muito medo, pois o barulho do silêncio era uma coisa ensurdecedora.
O que estaria a acontecer pensava o nosso Zé Colmeia.
Silêncio, vazio, desespero.
Ninguém, nem vivalma.
Estariam os aldeões a preparar um ataque aos seus potes?
Teriam contratado um urso maior para o enfrentar?
Tudo isto mais parecia um terrível episódio de The Twilight Zone, ou do Lost...
E agora menino e meninas?
Será que o Zé está preparado para o que vai acontecer?
Será que o Zé vai manter os seus potes?
Será que o Zé vai ter vergonha? A resposta para esta eu sei...
Só o tempo o dirá.
O tempo e eu, que sou o autor desta inverosímil história na aldeia mágica dos Rotalumis.
Não percam então o próximo e final capítulo desta aventura fantástica, com animais falantes, mel, casas em forma de cogumelos e muito, muito mais.

terça-feira, agosto 16, 2011

550 Visitas em 48 horas

Caros Amigos Ouvintes,
Não posso deixar de assinalar as 550 visitas que o último texto "Felizmente há Luar" teve em apenas 2 dias.
550 visitas em 2 dias promete luar...
Obrigado Amigos Ouvintes
Até já

sábado, agosto 13, 2011

Felizmente há Luar

Boas tardes Amigos Ouvintes.
Hoje trago-vos um pouco de história como introdução a mais uma saga das Camionetas.
Vamos a isso? Em frente então.
Em 1817 tem lugar nesta pátria Lusa a chamada “Conspiração de Gomes Freire”.
E o que foi a dita conspiração, perguntam os Amigos Ouvintes.
A “Conspiração de Gomes Freire”, encabeçada pelo próprio, Gomes Freire de Andrade, teve como objectivo último a deposição do Príncipe regente João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, mais tarde conhecido por Rei D. João VI
E quem foi este homem a quem a História intitulou de “O Clemente”.
Todos os autores, baseando-se nos depoimentos daqueles que o conheceram de perto, falam de um Rei cheio de bondade, carácter e afabilidade, com visão de estadista, resguardando a coroa portuguesa das humilhações sofridas por outras monarquias europeias, além de enfatizar o senso de responsabilidade política e as preocupações sociais do monarca.
Enquadrados? Continuemos.
A tal intentona não leva a melhor, e depois de muito sofrimento por parte do povo, os seus líderes, que queriam criar um poder absoluto e sem carácter, são apanhados e condenados à morte.
Antevendo muitas execuções, pois era preciso cortar o mal pela raiz, D. João VI faz uma nota ao superintendente da polícia, D. Miguel Pereira Forjaz, ordenando que este prolongue as execuções pela noite fora de modo a garantir o extermínio dos revoltosos.
Dizia a nota -
“É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar”.
E é com base nesta belíssima frase que iniciamos hoje mais uma história inverosímil da camionagem.
Apertem os cintos e aí vamos nós, sempre à luz da lua.
Os tempos corriam cada vez mais estranhos na CACA.
Os camionistas em geral já não acreditavam, nem nos druidas, nem nas suas poções mágicas.
O descrédito era total e os druidas tinham consciência que tinham perdido a maior parte dos Condutores.
É certo que estes líderes ao terem iniciado funções, muitos tinham enganado, pois eram vistos como “dos nossos”, gente conhecida, em quem se podia confiar, pois eram amáveis, fraternos e amigos.
Possuíam portanto todas as qualidades de um Golden Retriever, mas em duas patas, sempre com aquele sorriso amigo e o ar risonho e pateta de quem nos quer afagar e ser nosso amigo.
Sem dentadas.
Mas as dentadas viriam, se viriam.
Vamos desenvolver a história e já vão ver.
Adiante.
O tempo vai passando, os druidas vão-se sentando melhor e eis que os caninos vão aguçando, qual filme de lobisomem juvenil série B.
A crise económica para que entretanto o país vai sendo arrastado, não ajuda, pois perante tal hecatombe financeira, o melhor caminho para a carteira seria o apego incondicional às cadeiras druidais, custasse o que custasse.
Nem que custasse amigos, honestidade intelectual, e coluna vertebral.
Mais hérnia, menos hérnia, a coisa havia de se arranjar e mais vale kwanzas no bolso à tripa forra que o seguro depois logo paga o tratamento à cervical.
Fazendo lembrar inclusive, mais um episódio da nossa história em que os seguidores de D. Miguel, irmão/inimigo de D. João VI eram apelidados de “Os Corcundas”, por baixarem a cerviz, fazendo vénias ao poder real absoluto.
Assim, as atitudes dos nossos “Corcundas” foram-se alterando com casos a sucederem-se.
Perseguições, delações, tratamentos diferenciados, e nenhuma vergonha na cara eram os motes da conspiração que estes druidas "Corcundas" levavam a cabo.
Conspiração contra a decência, a moral e a vergonha. O vale tudo estava instalado.
E valia mesmo.
O druida grande, segunda figura na hierarquia do poder, era na realidade o cabecilha da coisa, levando por arrasto os druidas chefes da camionagem pesada e da ligeira.
O da pesada, rapaz outrora visto como um tipo fiável e amigo, já não enganava ninguém.
Mostrava-se indignado em sessões da UPA em que era confrontado com recibos de kwanzas extra, e fazia a fuga para a frente ancorado em tecnicidades sobre a obtenção desses mesmos dados.
Mais ou menos como agora os vândalos da velha Albion virem dizer que não podem ser julgados porque as câmaras que gravaram não são legais.
Muita escola...
Tinha chegado ao ponto de ir a tribunal mentir para tentar com que um colega fosse despedido.
Mentir a bom mentir, como só os profissionais da coisa sabem fazer.
Ou os estudiosos...
Qual o crime do tal colega perguntam os meus amigos?
Numa tarde de paragem laboral legalmente convocada, o dito criminoso tinha tido a infelicidade de aceder ao sistema de camionagem para visualizar o que se passava.
O que se passava era que dois dos seus colegas, escamoteados numa unidade hoteleira da capital, fazendo tábua rasa de toda a legalidade, eis que despachavam os planos de viagem de centenas de camionetas.
Dois deles a fazerem o trabalho de muitos.
Deve ter saído coisa bonita...
O que saiu mesmo feio foi o nosso criminoso, que infelizmente foi mandado para casa sem direito a contraditório.
A justiça, tantas vezes incompreendida, lá se portou bem e uma providência cautelar foi aceite, de modo que o rapaz em casa ficou, mas kwanzas para o cerelac das crianças sempre foi havendo.
Na sessão em tribunal, o nosso druida da pesada apresenta-se num belo fato escuro e reforça que a entrada no sistema, foi das piores coisas que se podiam fazer.
Por pouco não houve uma hecatombe global, com Camionetas chocando umas nas outras, lançando labaredas mil, num espectáculo de luz e fogo, só comparável aos fins do ano, naquela ilha do atlântico, governada por um senhor simpático que também desfila no Carnaval.
Kwanzas a quanto obrigas.
E a cervical ia cedendo...
O druida da ligeira, esse vivia outro drama.
Sempre tinha sido mais inteligente que os outros e tentava manter a postura de amigo fiel e companheiro. A tal de Golden Retriever.
Mas os kwanzas eram os kwanzas.
Aos poucos ia-se incompatibilizando com tudo e todos, amigos de longa data inclusive.
Quem o ouvisse falar, ficaria com a nítida noção que todos eram bandidos à excepção dele próprio que carregava uma aura de justiça e dignidade sem igual.
E muito a apregoava.
Normalmente é assim...
Aliás, quem o ouvisse, não conseguiria afastar da sua cabeça aquela imagem do tipo que vai na auto-estrada e que se interroga porque raio vai toda a gente em contramão.
Coisas do código da estrada, e de outros códigos, já esquecidos pelos druidas.
A coisa tinha chegado a um ponto que os seus ajudantes de campo tinham dito um basta.
Não estavam para continuar conotados com aquela trapalhada e eis que se demitem, tentando não perder a dignidade.
O nosso druida, confrontado com este problema, começa um périplo de convites tentando recrutar para a função algum rapaz mais desavisado.
Mas as notícias viajam mais rápido que os raios de sol e ninguém do seu circulo mais próximo queria ficar colado às diabruras que se iam cometendo.
Não percebendo a mensagem e achando que a demissão era para os fracos, sim que os kwanzas aqui não têm lugar, o nosso druida resolve montar uma escala de serviço em que a cada dia um dos rapazes ajudantes estaria incumbido das práticas druidais.
Assim foi vivendo durante meses, mas não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe e tentando uma acção de último recurso, qual clube de futebol russo em que a habilidade é pouca mas os Rublos abundam, eis que recorre à contratação de um ponta de lança de craveira internacional, sem ligação ao clube, mas com pergaminhos de goleador.
Rapaz esse que teria sido uma antiga escolha para o cargo, mas que por uma questão de cervical, havia sido preterido.
Uma aliança improvável, mas a realpolitik é isto mesmo.
E a cervical ia cedendo...
Seria este o apaziguador da claque, já tão desavinda ou apenas mais um balão de oxigénio para a manutenção do status quo?
E a cervical deste reforço de fim de época, manterá a firmeza?
O tempo nos trará a resposta.
E com a história já longa eis que chegamos ao nosso druida grande, o chefe da pandilha de saqueadores.
Este tinha sido a desilusão maior de muitos camionistas.
Anteriormente fora um rapaz decente e cheio de energia positiva, sempre gerando simpatias e unanimidades.
Hoje estava mudado.
Não compreendia a diferença de opiniões, não compreendia que os kwanzas não eram tudo.
Vivia enclausurado nas Cabines-Simulador, aquelas em que os camionistas treinam para saber o que fazer quando salta uma roda, mostrando toda a sua sapiência e iluminando o caminho dos seus pares.
De tal modo vivia obcecado pela iluminação dos caminhos alheios e ensino da arte, que quis o destino que o nosso druida estivesse numa Cabine-Simulador, na precisa hora em que a sua continuação neste mundo de Deus visse a luz do dia.
Ele, que poderia estar a acompanhar o nascimento de uma nova vida, a continuação da sua, por dedicação à causa não estava.
Poderão os Amigos ouvintes não entender a opção, mas o que é isso de assistir ao nascimento de novas vidas senão coisas de poetas e líricos, comparado com a nobre missão de ensinar mais uns camionistas a levar a missão a bom porto.
Ah e os kwanzas claro está….
E é num desses Camiões-Simulador que acontece a última tropelia e a mais recente coincidência.
Os intervenientes?
Um Camionista-Principal, Homem alto e de nome sonante, provecta idade, cabelos prateados de sabedoria acumulada, um Senhor, com as suas manias, quem as não têm, mas um Senhor e do outro lado, o druida grande.
A esse Homem, de méritos e serviços firmados no seio da CACA, com um passado de dedicação à causa CACAL, é marcada por coincidência uma sessão de Camião-Simulador em que será avaliado nas suas aptidões para a Condução, pelo tal druida.
Coincidências do sistema, pois o facto de haver uma acção judicial que opunha o nosso camionista à CACA, CACA essa representada pelo druida, nada podia ser senão uma terrível coincidência.
O nosso Camionista, do alto dos seus cabelos brancos não achou graça à coincidência e aquando do encontro, apresenta os respeitosos cumprimentos, mas recusa-se a estender a mão ao druida, pois não embarca em velhacarias e tem-nos no sitio.
É compreensível que não estendesse a mão, pois é a mesma que acaricia os que lhe são queridos.
Há que ter mínimos...
O druida inicialmente enfurecido diz que sem bacalhau isto não vai.
O nosso Condutor, olhando de soslaio diz que nem pensar, considere-se cumprimentado e que por ele está tudo sanado, vamos lá tratar do Camião-Simulador, mais trabalho e menos conversa, faz favor.
O druida grande, esperto e maquiavélico alude à sua grande sensibilidade e dá por terminada a coisa, pois diz não ter condições psicológicas para continuar.
E promete vingança.
E a vingança chegou.
Usando os meios CACAIS ao dispor eis que toma lá um processo disciplinar por não me teres estendido a mão.
Para aprenderem que comigo ninguém brinca e bacalhaus enquanto te espeto a faca no rim é que é.
Tenho a certeza que irão invocar mais meia dúzia de razões, mas a verdade é esta, não me estendeste a mão, eu não brinco, porque fiquei magoado e alterado psicologicamente.
Bonito sem dúvida.
E dá que pensar, pois quando vierem aludir ao facto que o druida grande deixou de ter condições psicológicas para a coisa, devido a um simples aperto de mão, ou à falta dele, estaremos perante um caso bonito nos media e que irá arrepiar o comum dos cidadãos.
Que pensará o povo unido do perfil dos condutores e instrutores da CACA, quando se deixam alterar por uma minudência destas.
E que fará este druida um dia que algo realmente grave aconteça, um problema técnico a sério.
Ou um dia em que alguém que viaje na Camioneta lhe faça frente, que acontecerá e que fará o nosso druida?
Xixi talvez...
Mas o povo será o melhor juiz, porque estas coisas são difíceis de manter escondidas.
E o nosso druida mor perguntam os amigos?
Sei lá, anda desaparecido.
Entretanto os homens da UPA mandaram uma comunicação em que mostram que havia alguma rapaziada que pegava nas Camionetas e entrava em terras estranhas munido de documentação assim-assim, mais ou menos e tal, coisa mesmo...
Não pega bem e caso houvesse algum druida da CACA que lesse estas histórias, deixaria aqui um conselho, que seria o de pouparem nos kwanzas dos aumentos druidais e reverterem esses mesmo kwanzas para a compra de documentos tipo...legais.
Mas isto é muita petulância da minha parte pois bem sei que estes pequenos contos nenhuma repercussão têm e por isso remeto-me ao silêncio.
E no meio desta história toda, de tanta trapalhada, de tanta cervical moída, volto à citação inicial, complementando-a com outra de D. Carlota Joaquina, mulher de D. João VI, que ao ver que tem que ajudar seu marido, dirige-se a um dos Generais e diz, “Vá e corte-me, corte-me cabeças” e, tal como D. João previa felizmente havia luar e as cabeças rolaram.
E nós, vamos cortar cabeças ou vamos deixar a lua cheia passar?

quinta-feira, julho 28, 2011

As 10 Maiores Mentiras e Autojustificativas Druidais

Uma compilação de frases que todos nós já ouvimos pelo menos 1 vez, ou 2, ou 50...
Vejam lá se não é.


01. Não estou vendido ao Sistema. Estou a combatê-lo por dentro.

02. Se eu não aceitasse, eles dariam o cargo a outro e seria pior.

03. Não fui eu que fiz o mundo.

04. Agora não posso mais recusar.

05. Eu nem sabia o que estava a assinar.

06. Ordens são ordens.

07. Faço isto porque sou teu amigo.

08. Eu não gosto disto, gosto mesmo é da "linha".

09. A mim não me compram, a minha dignidade está acima disso.

10. Eu não fui aumentado.

terça-feira, julho 26, 2011

Druida - A Definição

Boa noite Amigos Ouvintes
Ao longo desta vida de histórias e ficções, tenho recebido várias palavras de incentivo, alguns insultos (poucos é certo) e algumas questões.
Uma, que me tem chegado com mais frequência, e que igualmente me intriga é qual a origem do universo.
Porque estamos aqui, de onde vimos e para onde vamos.
Lamento mas mesmo pesquisando a fundo, continuo a não encontrar explicação, de modo que neste capitulo, temo não poder ser-vos útil.
Outra mais terrena é qual a definição de druida.
O que é um druida, como o posso identificar à distância, é uma das questões que os Amigos Ouvintes querem ver respondidas.
Nesta, sem dúvida e infelizmente consigo ajudar.
Ora bem, sem querer alongar-me muito, tentei definir um druida em 10 pontos para que assim seja de mais fácil reconhecimento na rua e todos possam tomar as devidas precauções sanitárias.
As doenças andam aí...
Alerto no entanto para as confusões que podem surgir.
São muitas mas a mais frequente e compreensível, é a notavel semelhança existente entre o Druida e o Sabujo, animal ao qual aludimos anteriormente em post antigo.
Nascem ambos do mesmo tipo de mãe, meretriz por natureza, e crescem por norma com o mesmo tipo de fio condutor.
Sem valores a não ser a cega ambição.
É verdade que ambos têm características comuns desde a nascença, porém na realidade não são iguais e há que saber distingui-los.
Um sabujo nem sempre é druida, aliás podemos chamá-lo de druida wannabe, ao passo que um druida é um sabujo que se deu bem.
É como confundir lubrificação vaginal com orgasmo.
Parece igual mas não é...
Por isso, para acabar com todas as especulações, aqui vos deixo as 10 características principais dos druidas.
Espero que vos seja útil.

Ser Druida é:

01. É engolir sapos dos chefes da CACA e não ter indigestão

02. É apregoar o diálogo em que o poder fala e o outro escuta

03. É ver o que não existe, sem ver a miséria alheia

04. É não ter religião, mas não deixar de cortejar o padre

05. É no meio da mais degradante desonra encontrar sempre uma desculpa honrosa, mesmo que falsa.

06. É flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder

07. É tentar limpar indignidades, projectando para a história, uma biografia no mínimo improvável

08. É estar sempre pronto a usufruir diariamente de pequenas vantagens em detrimento dos seus pares

09. É rir do que não tem graça

10. É mentir sem vergonha de ser apanhado

E com esta pequena reflexão espero ter contribuido para um maior esclarecimento da questão.
Até já

Os 13 Mandamentos dos Druidas

01. Desrespeitarei todos os meus semelhantes independentemente de antiguidade ou serviços prestados

02. Usarei todas as diabólicas oportunidades que oferece a vida das camionetas para infernizar a vida alheia.

03. Farei da minha conduta um exemplo hediondo de intolerância e canalhice

04. Não dormirei não descansarei enquanto houver qualquer possibilidade de criar atrito entre o grupo de Condutores

05. Usarei todos os meios ao meu alcance, para lançar a revolta contra os condutores, nem que para isso utilize mentiras e falsidades.

06. Recusar-me-ei a viver nesse mundo de horror em que o respeito pela lei escrita seja uma constante.

07. Impedirei, sem medir sacrifícios, a liberdade de expressão de qualquer pessoa que discorde de mim ou dos meus pontos de vista mais reles.

08. Procurarei cercear a liberdade alheia, recorrendo à intriga e delação.

09. Procurarei diminuir a crença no certo, o optimismo no futuro e a esperança.

10. Praticarei a ofensa, não pouparei a rectidão e a honestidade, destruindo-as onde quer que as encontre.

11. Recompensarei os vendidos, tirando aos restantes se tal for necessário.

12. Serei um artificie do litígio e do atrito, sempre travestido de tolerante.

13. Serei Druida

segunda-feira, julho 18, 2011

Turbant Air - Crónica Real-Time

Bom dia Amigos Ouvintes
Faço hoje a primeira crónica em directo de um evento social.
Pensarão vocês, olha este já se rendeu às patranhas do lobby rosa (o das revistas claro está...), a seguir está metido com bandidos ou pior ainda, metido com os druidas.
Puro engano meus Amigos, puro engano.
Na realidade não estou em nenhuma festa de qualquer revista manhosa, nem no lançamento de um novo SPA para tratar da beleza, nem na minha sala de estar, rodeado da criançada sorridente com a roupa "daquela" marca.
Não estou na neve a deixar-me fotografar a troco de uma viagenzita, nem no sol caribenho de mojito na mão.
Onde estou eu perguntam vocês?
Fácil Amigos, estou entre vários de vocês a assistir a esta apresentação nacional da Turbant Air.
E o que é a Turbant Air indagam neste momento os 7 Amigos ouvintes que não receberam o mail da LAPA.
Passo a explicar.
A Turbant Air é uma empresa de camionagem pesadissima, com origem num reino das Arábias e que munida de muita convicção, aportou na pátria que nos pariu com o intuito de tentar recrutar alguma rapaziada Camionista descontente.
Fizeram foi as contas por baixo e a sala está pequena para tantas presenças.
Acho que pela composição desta sala os druidas da CACA vão ter que acelerar a formação de mais rapazes condutores...
Estou certo que neste momento já saberão os nomes de quase todos que aqui estão, pois vejo no canto esquerdo de bloco na mão, um druidazeco daqueles mais low-profile que concerteza se encarregará de divulgar a quem de direito o nome e numero dos alegres convivas.
Mas nada temam Amigos, nada temam, é mais o medo que os move que outra coisa, por isso fiquem descansados que ainda estamos num país livre.
Ainda...
Não deixa no entanto de ser sintomático o cheio que está esta sala.
E sei porquê, e vocês também.
Os condutores estão fartos dos druidas, fartinhos da sua velhacaria, arrogância e imoralidade.
Sempre com aquele ar de muitos amigos, mas que traz aquela faca pequenina que nos vão enterrando nas costas.
Sempre com amizade...
Só assim se explica o numero crescente de condutores que undercover já se deslocaram as instalações da Turbant Air para realizar os testes e aqueles que ainda irão num futuro próximo.
Dirão vocês que do ir ao sair vai um grande caminho.
Verdade.
Mas um condutor principal, que está disposto a sair da empresa de camionagem onde cresceu e ir para outra recomeçar a vida como condutor-ajudante, diz muito do estado de insatisfação latente.
A própria Associação dos Condutores mandar um mail a avisar do evento, além de caricato, é sempre um sinal de que algo vai mal.
Será que a CACA vai perceber?
Não sei, aquela rapaziada vive num mundinho muito próprio...
No entanto são considerações que terão de ficar para outra altura pois agora tenho de olhar para isto com atenção, não vá eles quererem levar-me junto.
Eu de turbante a comer queijo sem parar.
Ha vidas piores...
Voltarei ao vosso contacto com relatos mais detalhados.
E tantos de vocês à minha volta sem imaginar que eu estou a fazer uma crónica na hora...
Viva a tecnologia.

quinta-feira, julho 14, 2011

Army of One - Parte II

Boa tarde Amigos Ouvintes.
Tudo bonzinho por essas bandas?
Óptimo.
Aqui pelos lados da CACA a coisa não há maneira de melhorar, pelo contrário.
O que vos vou contar sei-o através de relatos de palavra de honra, não de documentos “furtados”, que embora se provem verdadeiros, carregam sempre esse ónus.
Como todos sabemos, a arrogância nunca foi coisa que passasse com o tempo.
Pelo contrário Amigos Ouvintes, a arrogância é bicho que entra no sistema sanguíneo e corrói lentamente qual cancro correndo livre num organismo saudável.
Corrói a dignidade, a decência, a moral e os valores.
Corrói tudo e as células boas deixam-se vencer aos poucos, entorpecidas pelas falinhas mansas e palmadinhas nas costas.
Conta-me fonte segura, que recentes estudos médicos revelam sem sobra de dúvida que muitos dos chefes da CACA já estão completamente corroídos pelo bicho e que a única maneira de o extirpar será pela força.
E qual é a força que podemos ter perguntam os Amigos Ouvintes, já pensando nos problemas económicos desta pátria que nos pariu.
Que não é a melhor altura, porque o país está mal dizem, é verdade, e mais vale sempre irmos tendo isto do que deitar tudo a perder.
Sempre vai dando para o crédito do LCD 3D que aquilo é um luxo, com jogadores musculados dentro da nossa sala e moças de seios fartos tão perto, tão perto que se sente o odor a perfume barato que exala das ditas moças.
Podemos sempre utilizar igualmente o argumento do "não ser a sede própria".
Aliás argumento frequentemente utilizado pelos druidas sempre que são confrontados com algo que os desagrade.
Ah e tal, os senhores foram aumentados.
Pois, mas não é a sede própria.
Ah, os senhores não cumprem a lei.
Pois, mas não é a sede própria.
Eu compreendo, também concordo que a sede própria para tratar estes senhores seria outra e com outros métodos...
Com a situação do país em espiral descendente, muitos ainda defendem a velha teoria do “enquanto não me vierem apanhar a mim deixa-me estar aqui quietinho”.
A técnica da avestruz.
Pois é Amigos Ouvintes, mas o descontentamento vai crescendo, crescendo e chegou-se a um ponto de não retorno.
O que fazer então era o que assaltava as mentes dos Condutores da CACA?
Continuar a levar as camionetas a bom porto mesmo com estes ataques constantes à classe de Condutores?
Continuar a aceitar esta falsa moral, que tenta despedir condutores por motivos surreais, que despede gente válida baseado em mentiras e dorme descansado?
Não, não podia ser.
Hipóteses tinham de ser pensadas e agir era um imperativo.
Uns defendiam, como já ouvi, o chamado Esmaga-Druida.
Esta jogada táctica, quais gregos desesperados em fim de ciclo, consistiria no arremesso constante e certeiro de paralelos e outros calhaus aos carros, cabeças e afins dos ditos druidas.
Uns há que já conseguiram as moradas dos druidas para lá ir fazer xixi à porta…
Um pouco radical é certo, mas sem dúvida divertido e um pagode de história para contar naquelas noites de inverno à lareira, em que nada de bom passa nos 359 canais.
Outros defendem a CarmenWay que consistiria em convocatórias manhosas, pela rede digital, arrastando um monte de desocupados de braço no ar, para acções apatetadas?
Outros defendem o dialogo.
Há sempre uns patos que defendem o dialogo com o caçador…
Não nada disso.
Os homens da CACA não são burros e já estão a decidir pelo melhor caminho.
Army of One lembram-se?
Vamos atacar a CACA onde dói mais, no seu próprio quintal, é este o seu pensamento.
Usando a prerrogativa de Condutor-Principal eis que de repente tudo muda.
E onde se verifica essa luta perguntam vocês?
As regras são simples.
A principal é só uma.
Os jeitinhos acabam e a despesa aumenta.
Já diz o ditado, “jeitinhos, fazem as mulheres de má vida”.
Os Condutores da CACA na sua maioria não se incluem nessa categoria, embora alguns haja, que provavelmente descendem de mães que abraçam a profissão…
Adiante.
O relatório de Poupança de gasóleo só veio confirmar o que já se dizia.
Não entenderam? Eu explico.
Na CACA, devido aos problemas económicos, instituiu-se que todos poupariam gasóleo sempre que pudessem.
Era pacífico, bom para os cofres da empresa e ajudaria o ambiente, o que nestes tempos de politicamente correcto, cai sempre bem na opinião pública, dá gordas nos periódicos e envaidece os promotores da iniciativa.
E a coisa tem corrido até que…
Até que é divulgado o relatório dos primeiros 6 meses do ano.
Que fartote.
O despesismo chegou na forma de reacção.
Parece que a rapaziada afinal é accionista das gasolineiras e num flic-flac à retaguarda eis que começou a gastar à Tripa-forra.
Sempre quis usar a expressão Tripa-forra numa crónica e eis que hoje tenho essa oportunidade.
Obrigado Amigos.
O Druida-Mor não se conteve com tão maus resultados, e com a azia por estrela-guia, teve que dar largas ao seu latim, tentando sensibilizar os Condutores para que não entrassem por estes caminhos.
Os ínvios caminhos do despesismo.
Enfim, como vive alheado da realidade, não esperaria este resultado, mas estivesse mais atento e ouvisse conversas de terminal, e a surpresa teria sido escusada.
Pouparíamos em estupefacção e ganharíamos em realidade.
Reality-Check.
Casos e mais casos, é só ouvir as conversas de terminal, apenas confirmadas pelos números.
Desligar o ar condicionado dizem uns? Nem pensar.
Chego aos terminais e sempre que eles deixam, o gerador de popa fica a rodar.
Calor, passem “eles” se quiserem.
Ir a 120 pra poupar?
Nã, nada disso, é sempre a dar, que o que meto nos tanques é pra gastar.
Ajudar esses rapazes que nos ligam para mudarmos uma viagem porque alguém faltou ou porque há falta de condutores?
Nem atendo.
Os chefes, já se aperceberam da coisa e tentam aquilo que os velhacos sem carácter tentam, sempre que se vêem num problema.
A intimidação, a mentira, os jogos de contra-informação, enfim a javardice moral habitual.
Mas isso não irá resultar.
Não irá mesmo meus amigos e sabem porquê?
Porque nós já começámos e iremos continuar a mostrar como isto tudo terminará.
Quando todos nós mostrarmos que não aturamos mais o desvario desta gentalha ignóbil e vil, que nos tem governado, isto terminará.
Quando os gestores da CACA entenderem que com estes druidas o que perdem em gasóleo e em viabilidade de operação, é mais do que ganham com a sua javardice moral, isto terminará.
Quando os gestores da CACA sentirem que os druidas já não têm capacidade de missão, isto terminará.
Quando as Camionetas não forem optimizadas por os tempos de rotação aumentarem devido aos pequenos grãos que todos sabem pôr na engrenagem, isto terminará.
Quando os gestores da CACA virem a venda da mesma ameaçada por não querermos colaborar com estes patetas, isto terminará.
Quando muitos de nós, não mais estivermos dispostos a calar as canalhices que fazem a gente válida ao nosso lado, isto terminará.
Quando olharmos para esta escumalha humana e as suas mãos ficarem estendidas no ar, por os 20 anos que temos de conhecimento mútuo, não compensarem as pilantrices que têm feito, isto terminará.
Quando assumirmos que o próximo podemos ser nós, isto terminará.
Pela minha parte, continuarei a viajar em excesso de velocidade, não desligarei o gerador de popa, o ar condicionado estará sempre ligado, no máximo e em duplicado, e se precisarem da minha boa vontade, irão encontrar um grande reduto de nada.
E o relatório de Dezembro será pior...
Mas desenganem-se.
Ao contrário de muitos, não tenho raiva.
Não, nada disso, neste momento o que me conduz é uma paz interior pois sei que esse caminho é o meu.
Estou em paz, pois levei a guerra para o quintal da CACA e lá ela vai ficar.
Não vou esperar ser o próximo e já estou a dar despesa.
E vocês?

quarta-feira, julho 06, 2011

Frase do Dia

We are Anonymous, We are Legion.
We do not forgive, We do not forget.
Expect us.

domingo, julho 03, 2011

Army of One

Amigos ouvintes como tem vivido estes últimos tempos?
Espero que bem.
Não comunicamos já a algum tempo é verdade mas muito se tem passado.
O país mudou e os ares de mudança começam-se a fazer sentir.
Temos novo governo nesta pátria que nos pariu e pior não poderá ser.
Aquela rapaziada que saiu era mesmo duma incompetência atroz e dum esquemismo inqualificável.
O quê? A palavra “Esquemismo” não existe?
Têm razão, mas o blog é privado, não se insere em nenhum sector empresarial do estado e como tal permitam-me estes desvarios linguísticos.
Aliás sendo o blog privado, posso ter os desvarios linguísticos que desejar, posso indicar amigos para cargos no blog e posso até dar-lhes mais Kwanzas por me ajudarem na manutenção do mesmo.
Tudo porque é privado, se não fosse, não poderia como todos bem sabem...
Voltando ao Core da questão.
Esse tal governo de malfeitores que agora cessa funções, saiu mas deixou marcas.
E que marcas.
Marcas profundas na economia que ficou de rastos, na saúde que continua doente, na educação que está deseducada e mais que tudo, nos valores, moral e maneira de actuar perante os outros que estão pela hora da morte.
E isso alastrou meus Amigos, se alastrou.
Alastrou a vários sectores da sociedade e obviamente também às empresas.
Nas vossas não sei, mas na CACA entranhou-se como cultura.
Parece um vírus que foi chegando e entrando devagarinho, silencioso, como todos os vírus malignos e velhacos.
Não se iludam, a cultura que tomou de assalto a CACA nada tem a ver com a de outrora que poderia ter muitos defeitos mas prezava o individuo e o respeitava.
Geria com respeito pois sabia que o poder era sempre temporário e não era influenciada por uma qualquer cultura inspirada em coronéis de fazenda de Alagoas.
Esta que hoje existe na CACA não respeita nada.
Não respeita o saber alheio, a opinião contrária, bolas, não respeita nem os serviços prestados no passado e a idade e história de quem os prestou.
Não respeita ninguém e persegue os não-alinhados.
Os que acham que são respeitados desenganem-se.
São apenas suportados por serem da turminha do Lambe-Testículo e assim que não forem necessários ou que valores mais altos se levantem, serão descartados como outros com mais história e mais idade o foram.
E Porquê?
Porque esta cultura empresarial que se apoderou da CACA tenta criar um pensamento unificado em que o cinzentismo reine e em que os humanos se assemelhem a robots sem vida numa qualquer película de Fritz Lang.
É certo que tal já foi tentado no passado por outros maiores que estes, mas sempre com resultados catastróficos para as instituições e os seus criadores.
Eu, robots, sempre gostei daqueles que aspiram a casa sozinhos e que cozinham uma refeição inteira sem ajuda.
Quanto aos outros estou dispensado por motivos sanitários e de saúde pública.
Ordens médicas.
Mas dizia, é uma cultura que tem os seus alicerces assentes em esquemas, em amizades e com cada um dos intervenientes a tentar roubar o seu bocadinho do queijo.
Eu também gosto de queijo mas só como aquele que mereço, e quando os meus pares estão com pouco queijo, não acho bonito ir à despensa buscar mais.
Feitios...
Enfim, muita coisa se tem passado meus Amigos e muitas delas com requintes de bandidagem que fariam corar de inveja os melhores argumentistas de histórias de gangsters de Hollywood.
Daquelas películas com tipos com nomes como Baby Face, Flashing Ruby e Vinnie.
Vinnie, como todos sabem, é a sub-categoria de gangster, assemelhando-se muito a certos tipos que grassam na CACA.
É o mainato de serviço e que faz tudo por um biscoito.
O Vinnie claro...
Não vos nego que durante este meu defeso, tenho andado expectante a apreciar cada momento e a tirar notas, muitas notas.
My little black book.
São tantas que nem sei por onde começar.
Mas vou começar.
Tenho igualmente assistido ao nascimento de outras personalidades que utilizando métodos diferentes vão contando as suas histórias.
Confesso que me tenho divertido a lê-las e lá está, a tirar notas e mais notas.
Não falamos do mesmo, pois esses rapazes escrevem sobre vidas de glamour e eu como os Amigos Ouvintes sabem, escrevo sobre uma companhia de camionagem pobretanas.
Bem sei que as aventuras de uma companhia de camionagem poderão não ser a coisa mais interessante de ler, sem o brilho de outras vidas mas concerteza encontrarão pontos de encontro com as vossas.
Com isto tudo dito, só me resta agradecer as mensagens que tenho recebido para voltar ao activo e tentar dar um pouco mais da língua de Camões a quem me escuta.
Depois de um árduo trabalho de investigação eis que encontrei um texto fabuloso de um rapaz, Comandante de aviões na Continental Airlines, que julgo ser o mais apropriado para marcar este regresso às lides.
Comandante, para os que não sabem, é mais ou menos como Condutor-Principal nisto da camionagem, mas sem a parte gira dos tacógrafos e dos posters com raparigas de seios fartos colados na parte de trás da cabine de condução.
E come-se pior...
Adiante.
Como texto de introdução, aqui vos deixo "Army of One".
Este texto devido ao idioma original só conseguirá ser lido pelos Amigos Ouvintes que tenham feito a escolaridade mínima através do método antigo com programa de inglês regular aprovado.
Novas Oportunidades e domínio da língua de Shakespeare ao nível do Engenheiro que saiu, terão que esperar pela edição portuguesa.
Até já


I am an Army of One (or 2, or 300, ...)
I am an army of One - A Captain in the Continental Airlines army.
For years I was a loyal soldier in CAL army.
Now I fight my own war.
I used to feel valued and respected.
Now I know I am mere fodder.
They used to exhibit labor leadership.
Now they exploit legal loopholes.
They used to enjoy my maximum.
Now they will suffer my minimum.
I am an army of One.

I used to save a thousand pounds of fuel per leg; finding the best FL, getting direct routing, throttling back when on-time was made, skimping during ground ops, adjusting for winds, being smart and giving the company every effort I could conjure.
Now, it's "burn baby, burn".
I used to call maintenance while airborne, so the part would be ready at the gate. Now, they'll find the write-up when they look in the book.
I used to try to fix problems in the system.
Now I sit and watch as the miscues pile up.
I used to fly sick.
Now I use my sick days, on short notice, on the worst day of the month.
I am an army of One.

I used to start the APU at the last possible moment.
Now my customers enjoy extreme comfort.
I used to let the price of fuel at out-stations affect my fuel orders.
I still do...
I used to cover mistakes by operations.
Now I watch them unfold.
I used to hustle to ensure an on-time arrival, to make us the best.
Now I do it for the rampers and agents who need the bonus money.
But this too may change.

I used to call dispatch for rerouting, to head off ground delays for bad weather. Now I collect overs, number 35 in line for takeoff.

I am on a new mission - to demonstrate that misguided leadership of indifference and disrespect has a cost.
It's about character, not contracts.
It's about leading by taking care of your people instead of leadership by bean counters (an oxymoron).
With acts of omission, not commission, I am a one-man wrecking crew.
An army of One.
My mission used to be to make the company rich.
Now it's to make the company pay.
I will make them pay.

When they under-staff bases and over-work reserves to keep pilots downgraded, down-flowed, or downtrodden.
I will make them pay.

When over-booked customers are denied boarding system wide, while jets are parked in the desert.
I will make them pay.

When they force pilots, who have waited 12 years to become captains, to be FOs again I will make them pay.

When they ask pilots to show leadership at Express, and then deny them longevity.
I will make them pay.

When they constantly violate the letter and spirit of our contract - a contract that's a bargain by any measure, and force us to fight lengthy grievances.
I will make them pay.

My negotiating committee speaks for me, but I act on my own.
I am a walking nightmare to the bean counters that made me.
Are you listening?
This mercenary has a lot of years left with this company.
How long can you afford to keep me bitter?

I'm not looking for clauses in a contract, I'm looking for a culture of commitment and caring.
When I see it, I'll be a soldier for CAL again.
Until then, I am an Army of One.
And I'm not alone


E nós?
Vamos deixar que os druidas da CACA nos roubem a respeito, a dignidade, e mais que isso, a alegria de conduzir?
Vamos permitir que as nossas condições piorem para que as deles sejam melhoradas com base em justificações sem nexo?
Vamos querer e acreditar ou vamos desistir do nosso caminho?
Vamos ou não vamos ser cada um "A Army of One"
Eu já me decidi.


quinta-feira, fevereiro 24, 2011

A História de D. Carlota

Olá Amigos
Estava aqui a pensar na vida e na Direcção de Operações Camionisticas, e eis que me lembrei dum capitulo engraçado da nossa História lusa.
História verídica passada no final do séc. XVIII, inicio do séc XIX que traz-nos a enigmática personagem de D. Carlota Joaquina, a mal amada mulher de D. João VI e rainha de Portugal.
A história repete-se e podemos encontrar nela muitos pontos de contacto com os dias actuais.
E para exercício de pensamento, tem sempre mais graça do que ler os periódicos sanguinários que nos entram pela cabine de condução.
Então voltemos à nossa Carlota.
Nascida em 1775, descendia da casa de Bourbon.
Diz-se dela que apesar da sua grande sagacidade politica escolheu sempre o lado errado da História, tentando através de golpes e esquemas, arrebatar o trono ao seu marido.
Esquemática portanto...
Oliveira Martins, no seu livro, define-a como uma megera horrenda, criatura devassa e abominável e em cujas veias corria toda a podridão.
Outos historiadores da época definem-na ainda como uma alma, ambiciosa, inquieta e sem escrúpulos.
Os tais pontos de contacto lembram-se?
Carlota Joaquina ficou ainda na história como um exemplo de escandalosa devassidão sexual, uma mulher cujos insaciáveis apetites libidinosos se manifestavam num corpo que roçava a repugnância.
Apesar do seu Casamento com o rei D. João VI celebrado em 1785 ter durado 36 anos, a vida em comum foi relativamente curta, interrompida por uma longa separação de facto.
Dos nove filhos do casal, a maior parte dos estudiosos concede ser provável que apenas o filho mais velho, D. Pedro IV ser mesmo do legitimo esposo.
Certa vez, D. João VI na estrada que leva ao palácio de Queluz e para o seu coche não se cruzar com o de sua mulher, grita ao seu cocheiro
“ Volta para traz que vem ai a puta”.
Elucidativo não é Amigos.
No livro El Rei D. Miguel, Faustino da Fonseca cita uns versos populares da época:
Miguel não é filho, d’el Rei D. João
é filho do João Santos, da quinta do Ramalhão.
Fabuloso.
A própria nora D. Leopoldina de Habsburgo mulher de D. Pedro relata umas conversas com a infanta Maria Teresa que lhe conta que certa vez, o Rei seu pai mandou prendê-la num convento por não poder confiar mais nela, mas D. Carlota, dribla a clausura e...oferece-se aos criados.
No Convento da Ajuda ainda tentaram conter o seu desejo com uma alimentação especialmente leve, mas ela ficava ainda mais birrenta e cheia de vontade...
Quando da fuga da corte para o Brasil, o nosso Rei para evitar escândalos recompensava os amantes da mulher com a comenda da Torre-e-Espada, mas não podendo dizer o porquê da condecoração, escrevia dos “ justos e particulares motivos que tenho presentes”.
E foi assim que devido aos largos aumentos de Kwanzas recentemente decretados pela CACA, para os seus mais fieis, me lembrei da célebre frase de D. João VI que desabafa:
“Na vida de Carlota a moralidade morreu”
Não foi só na dela pois não?

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Os Salteadores da Arca Perdida

Olá Amigos ouvintes, como têm passado?
Bem? Duvido.
Com aquilo que se prevê que venha aí, duvido mesmo muito, mas há optimistas para tudo.
Volto hoje ao vosso contacto com mais uma historieta de pura ficção passada na grande e única CACA, que tantas alegrias nos tem dado e tanta tinta feito correr.
Obrigado Gutenberg por esta magnifica invenção, pois sem ti ficaríamos apenas com as historias passadas de boca em boca, ou em papiros de pouca dura, como no tempo dos antigos.
Com o passar dos meses, perderíamos em exactidão e pormenores, e a comicidade invariavelmente sairia prejudicada.
Por isso, uma vénia para ti amigo Johannes.
Hoje teremos entre nós nesta saga camionística, a grande epopeia dos Salteadores da Arca perdida.
Não Amigos, não pensem que vamos entrar por uma Ilíada de Homero ou coisas do género.
Epopeia ma non tropo...
Também não entraremos pela saga autêntica do grande Indiana Jones embora em muitos aspectos encontraremos pontos em comum.
Preparados?
Então chapéu na cabeça, faca nos dentes, chicote na mão e, ta na na, ta na na, ta na na, ta na na na na.......
Corria na CACA uma aragem estranha.
Um misto de revolta e ansiedade tomara conta dos corações outrora puros dos nossos Camionistas.
A Pátria Lusa atravessava grandes contrariedades a todos os níveis, com o ensino de rastos, a moral pela rua da amargura e o pior de tudo, sem kwanzas para alegrar a rapaziada.
Os políticos, verdadeiros coveiros desta nação mostravam a sua inépcia e governavam da única maneira que sabiam.
Contra as pessoas.
Ai, não há Kwanzas, carregue-se no pessoal trabalhador que a culpa deve ser deles.
E a rapaziada pagava.
Os esforços eram cada vez maiores, sempre na tentativa de tapar um buraco que teimava em não vedar.
Sabem aquela valvulazinha que existe na Camionete e que não se deve abrir quando há fuga de petróleo?
Era mais ou menos isso, com válvula escancarada e por mais que se injecte de um lado, perde-se tudo pelo outro.
Com o panorama assim, não haveriam os Camionistas de andar danados da vida.
Eles que até cumpriam e tinham dado de si durante a última década, sempre na vã esperança da recompensa adiada.
Eis que agora eram confrontados com uma nova categoria profissional.
Acabava-se a pomposa categoria de Condutor e entravamos no reino dos Escriturários.
Seriam equiparados a um qualquer duma qualquer repartição, aos mangas de alpaca da vida.
Sem tirar nem pôr.
Para a rapaziada mais nova, manga de alpaca era a designação que se dava anteriormente aquilo que hoje carinhosamente apelidamos de besuntas, que ao contrário daquilo que se diz, nada tem a ver com as funções desempenhadas, mas sim com um estado de espírito.
Encontramos aliás na vida, muitos condutores com um espírito besuntoso que não acaba.
Adiante.
Agora seria a doer e para aprenderem como é, os Camionistas teriam de contribuir com mais um pouquinho de si.
O que tinham dado no passado não chegava.
Durante 12 anos e até ao Acordo assinado havia poucos meses, não tinham tido aumento kwanzal, mas isso agora pouco interessava.
Tinham de contribuir como os outros e já que a vida lhes corria de feição, seria justo que dessem o chamado dizimo.
Lembram-se da IURD?
Essa mesmo, igreja fundada em terras de Vera Cruz, pelo “Bispo” Edir Macedo, rapaz honesto e sabedor da poda e que na sua grandeza se instalou por cá, para ajudar a salvar o povo Luso.
Ao governo da Pátria, o que sobrava em imoralidade, faltava em imaginação e vai de copiar o modelo.
A partir de agora, os senhores camionistas irão contribui com a módica quantia de 10% em kwanzas, de modo a que os 13700 institutos possam ser mantidos, mais as secretárias e os motoristas e os coisos e os outros e mais aqueles e também sem esquecer e ....
Isto de esquemáticos de Vera Cruz que vêm salvar o povo Luso, não sei porquê mas começa-me a cheirar a malandrice pegada.
Os da IURD claro...
Os Camionistas não gostaram e ficaram danados.
Então agora iam ganhar menos Kwanzas pela alminha de quem.
Não, não, que não podia ser.
Claro que alguns havia que achavam melhor aceitar, porque isto anda mal e tal, e assim sempre vamos tendo o empreguinho.
E no fim pelo menos recebemos a palmadinha nas costas que tanto gostamos.
Aquela palmada que está apenas 2 palmos acima do pontapé no dito...
A balada do desespero tinha inicio.
Lá está, escriturários por dentro, apesar de se sentarem aos comandos da camionete.
Eram poucos, verdade seja dita.
A maioria não aceitava e queria justiça, nada mais que justiça.
E perguntam vocês, onde raio vamos com esta história, e de salteadores e arcas ainda não vimos nada.
Calma Amigos, calma.
Continuando.
O gestor mor da CACA, antevendo um problema grande, eis que qual kasparov das Camionetes, faz a sua jogada de antecipação.
Ah e tal, eu estou com vocês e acho de uma tremenda injustiça, mas são eles que querem.
Obrigam-me.
A culpa é do governo.
Esquecia-se porém que o governo já anteriormente abrira excepções para aplacar a fúria da rapaziada de outras CACAS e aquilo bem conversado até ia.
Mas resolve ir fazendo o que os desorientados sempre fazem, empurrando com a barriga.
Como só isso não seria suficiente, vai de aplicar a mesma técnica usada anteriormente nestes anos de namoro.
Sabendo que os cães fieis são sempre aqueles a quem se dá o osso maior, eis que toma a decisão.
Vamos dar mais Kwanzas à rapaziada fiel e assim manter a almofada que nos separa da baianada...
A tal almofadinha de conforto.
Se assim pensou melhor o fez.
Seguindo a politica praticada nos últimos anos, eis que compra mais um pouco da alma dos nossos amigos Druidas.
Assim, em édito real, é decretado um aumento médio de 3000 Kwanzas, variável, pra mais ou pra menos, consoante o lugar na hierarquia CACAL.
Sem dúvida um incentivo de monta aos capatazes do chicote.
Se para alguns deles, o simples “poder” de fazer cópias dos manuais das camionetes e enviá-los aos condutores mal comportados, já era razão de pequena ejaculação, isto aliado a mais Kwanzas era o êxtase total.
O clímax era atingido...E sem pôr.
Aquilo que era dado anteriormente no cartão de plástico, era aumentado e passava para a folha, que dá sempre jeito para qualquer doença e outros casos bicudos.
E como não estamos a ir para novos...
E então, eu disse ou não disse que iam haver salteadores?
Mas para os Amigos ouvintes que pensem que a coisa fica por aqui, desenganem-se.
Não, que aquilo é rapaziada manhosa à séria.
Os aumentos dos Kwanzas, ao contrário do sol, não seriam para todos.
Não, que as finanças não aguentam.
Assim, teve que haver aquela distribuição cirúrgica da coisa.
One for me, two for me....lembram-se desse cartoon?
Foi mais ou menos assim e Kwanzas só pros mais chegados...
Tipo família mafiosa italiana.
The Sopranos no seu melhor.
Claro que alguns Druidas houve que não gostaram e como tal, vai de saltar da Camionete em andamento, que isto de andar aqui a aturar fretes por tuta e meia, é desporto que não me agrada.
Os Druidas que ficaram, enfeitiçado estavam pelo vil metal.
Lembram-se dos alemães enfeitiçados com a arca no primeiro filme da saga do Indy?
Assim eram os Druidas, com os Kwanzas.
Já nem se importavam com as diatribes do governo da Pátria.
Depois de vender companheiros de luta, o importante seria fazer crer aos incautos o seguinte.
Estamos com vocês.
Afinal, estamos todos no mesmo barco.
Mas se somos radicais e não aceitamos este esforço, corremos o risco de ir pro buraco de vez
Sim que isto já não aguenta mais e o FMI está aí à porta e a crise e tal.
A mensagem subliminar seria essa.
Mas estamos todos no mesmo barco e também paramos se for o caso.
Paramos com os bolsos cheios claro...Com o peso.
Os passageiros do Titanic também iam todos no mesmo barco, mas uns tiveram netos e outros não.
Adivinhem quem se entalou?
Pois esses mesmo.
Agora com os Kwanzas a mais na folha, era necessário manter a discrição e ir levando a rapaziada.
Será que iriam conseguir?
O tempo, esse que é o melhor conselheiro, o dirá.
E chega de salteadores?
Não chega nada Amigos, ainda vamos a meio da saga.
Ou achavam que salteadores são só meia dúzia?
Nem pensar, a rapaziada Camionista tem igualmente nas suas fileiras uns salteadores de mão cheia.
Passo a explicar.
Até ao ano da graça de 2010 estava em vigor um Acordo entre a CACA e os Camionistas.
Quando a UPA toma posse em 2008, lança-se na procura de um modelo novo de trabalho.
A ideia era tornar tudo mais claro e melhor distribuído.
Deveria ter agradado a todos certo?
Errado.
Mais uma vez um punhado de salvadores da pátria, imbuídos apenas de bondade e visão, eis que se opõe, fazendo de tudo para que tal Acordo não visse a luz do dia.
Diziam que era pior para os Camionistas, que o trabalho ia aumentar e os Kwanzas diminuir.
Se existe algo bom na democracia, é a relativização de tudo e assim foi.
A tal maioria, veio-se a provar serem meia vintena de salvadores da pátria.
O Acordo foi aprovado por larga maioria e apesar da chinfrineira causada por um punhado de indecentes, a coisa foi implementada.
Indecentes? Então agora ter uma diferença de opinião é ser indecente.
Têm razão, não é, se as diferenças forem por causa nobre, mas eis que afinal não era o caso.
Coincidentemente, os maiores opositores ao dito Acordo eram rapazes que muito ganhavam com a manutenção do anterior.
E como?
Salteadores lembram-se?
Enfeitiçados pela arca, iam fazendo o trabalho de 3 ou 4.
Armados em autênticos Hércules da Camionagem, eis que estes nossos malandrecos faziam horas de camionagem até mais não, dando um novo significado ao velho conceito do dia de 24 horas.
Coisa em desuso, pois para eles o dia era elástico.
Eram os campeões das horas de condução.
Nada os parava.
Aquela velha máxima apregoada em tempos idos que sempre que trabalhas no dia de descanso estás a tirar o lugar a outro condutor que quer trabalhar, para eles nada dizia.
Indecentes e Selvagens portanto.
Casos havia com 100 dias de descanso em atraso.
Sim leram bem, não foi gralha, 100 dias.
Montantes anuais de horas de condução que transformados em Kwanzas compravam um Porsche.
Sim, estamos a falar dum Boxster, mas não deixa de ser um Porsche.
A pronto pagamento...
E então isto ainda não é ser indecente?
Com tudo isto a CACA gastou muitos mais kwanzas do que devia, quando tinha os meios para não o fazer.
Se a gestão fosse equilibrada e equitativa, as camionetas tinham andado na estrada sem sobressaltos e muito se teria poupado.
Milhões de kwanzas nos últimos anos.
Muitos milhões distribuídos por alguns.
Selvagens e sem vergonha.
Claro que os salteadores não viveriam da mesma maneira sem esse pequeno incentivo anual e por isso tudo fizeram para que o dito Acordo tivesse o mesmo fim do tão famoso Titanic.
O facto de esse sistema ser muito penalizante para a CACA também não os fazia corar de vergonha.
Com os Kwanzas a mais, mesmo para os que corassem, haveria sempre uma boa maquilhagem.
Das melhores que os Kwanzas podem comprar.
E assim iam os nossos salteadores, sempre bem maquilhados.
Maquilhados de gente séria, cumpridora e honesta, quando na realidade não passavam de salteadores sem-vergonha.
E todos os outros, aqueles que vêem o pó de arroz e aquilo que está por trás, não devem ter vergonha de os apontar na rua, porque o que ali vai não são Condutores, são salteadores.
Sim, salteadores e sem-vergonha.
É diferente.
Muito diferente.

terça-feira, janeiro 25, 2011

The Protocol

Olá Amigos ouvintes
Volto ao vosso contacto após este longo período de ausência, período esse que foi aproveitado para outras actividades, de cariz extra-curricular.
Poderia estar aqui a inventar mil desculpas para o ocorrido.
Se quisesse transmitir-vos um pouco de glamour poderia dizer-me envolvido numa operação secreta recheada de beldades louras, ilhas paradisíacas, lanchas rápidas, e vilões badalhocos, qual cenário do ultimo filme do agente de sua majestade.
Calma, que lá pra frente, provavelmente haverão badalhocos...
Se por outro lado preferisse o crime e mistério, poderia falar-vos acerca do meu rapto às mãos dos Druidas Cacais e como estes me mantiveram num cativeiro profundo algures num barracão na floresta, e em que com o cérebro ligado a uma máquina de raios gama, era chicoteado 3 vezes por dia, até os reconhecer como os meus mestres.
Podia contar-vos tudo isso e muito mais, mas não seria verdade.
Não Amigos ouvintes, não vale a pena inventar.
A verdade é só uma.
Estive activamente empenhado na campanha presidencial que agora terminou e como tal sem tempo para mais nada.
Foram muitos Kilometros com a camioneta, a viajar por essa pátria Lusa em busca daquele voto decisivo, daquele abraço popular e daquele incentivo ao candidato.
Bandeiras para os graúdos e autocolantes para a pequenada.
Sim, que isto de viver da camionagem não vai durar pra sempre, um dia vou tirar o pé da lama e subir na vida, tal como alguns dos meus pares que sabiamente viram esse eldorado antes de mim.
Gente de visão, com outro “Mundo” e uma maneira de estar na vida muito mais certeira.
Os invejosos chamam-lhes a turminha do lambe testículo, mas todos nós sabemos o que é a inveja a trabalhar, essa qualidade tão lusa e que nos assola no dia a dia, nas mais pequeninas coisas.
Querem um exemplo do que é a inveja das massas?
Ora aí vai.
Então não é que os tais invejosos andam aí a criar uma celeuma acerca do ensino da camionagem sincronizada.
Não estão por dentro?
Eu explico.
Aqui à uns anos atrás, a CACA e a UPA acharam por bem fazer um acordo de cavalheiros em relação ao dito ensino.
Não que o mesmo não funcionasse antes do tal acordo mas havia que impor algumas regras.
E porquê?
Simples, alguns rapazes mais novos e com sangue na guelra, ambicionavam poder trabalhar com aquela parafernália de botões e aquele painel luminoso existente no Camião-Simulador.
Não que fosse mais giro que o camião real.
De facto não era.
Mas tinha vários apelos diferentes.
Primeiro que tudo, eram botões, luzes e manivelas novas e isto já se sabe, tudo que envolva botanitos, computadores e motores, excita a rapaziada.
Boys will be Boys...
Depois havia igualmente o facto de ali dentro, sentados naquela cadeira, qualquer um se tornar um Doutor, cheio de ciência, saber e poder, muito poder.
E de Doutores sem canudo, à cata de poder andava a CACA cheia.
Finalmente, havia o facto de por cada sessãozita do dito ensino da camionagem sincronizada, tal render ao Doutor a módica quantia de 500 Kwanzas.
Não que isso fosse importante, porque nisto dos Kwanzas já se sabe, a rapaziada é muito desprendida.
Afinal, qual de nós nunca ouviu a célebre frase:
Ah e tal, o Alcides ainda não pagou o que me deve.
Estou chateado pá, muito chateado.
Mas não é pelo dinheiro, é pela atitude.
É sempre pela atitude, nunca é pelo dinheiro...
Adiante.
A rapaziada queria mesmo era poder desfrutar daquele mundo, mas o problema é que quem lá estava não queria sair.
Também gostavam dos botões...
A CACA vendo ali um foco de discórdia e a bem da paz social, qual pai numa briga de gémeos determinou:
Ou há moral ou comem todos.
Sendo assim e a bem da nação, avançou-se para a elaboração do dito acordo.
As partes esgrimiam os seus argumentos.
Dum lado, o presidente da UPA, rapaz com imenso jeito para as artes náuticas liderava, do outro a toda poderosa CACA, com os seus advogados de renome e a sua estrutura impiedosa.
Reúnem-se numa sala e como os tempos eram outros, a cordialidade corria solta.
Começaram por onde todos começam, pelo nome a dar à coisa.
Que nome vamos dar ao documento pensaram.
Tinha que ser uma coisa pomposa, com pinta, que deixasse uma marca para as gerações futuras.
E se chamássemos Documento Regulador do Ensino da Camionagem Sincronizada?
Não, era muito comprido e sem estilo.
Tem de ser mais curto diziam, para ficar na cabeça.
Então e se chamássemos pelas iniciais DRECS.
Não, também não, era demasiado Ponte Vasco da Gama numa sexta à noite.
Que fazer?
Na altura, e por coincidência, um dos intervenientes estava a ler um livro muito interessante de Frederick Forsyth chamado “The Fourth Protocol”, que nos fala do tratado de não proliferação assinado em 1968 entre os USA, Rússia e Grã-Bretanha.
Um livro que aconselho e para os que não tiverem tempo podem sempre ver o filme.
Ora, este acordo CACAL também ele era de não proliferação, não das ditas armas, mas da mamata generalizada e selvagem que se vivia.
Haveria mamata sim, mas seria uma coisa organizada, com regras e tempos de exposição ao virús bem definidos.
Com estas coincidências à vista de todos, o nome estava escolhido e o texto viria por arrasto.
Assim nasceu o documento que iria regular o futuro do ensino da camionagem.
Assim nasceu “ The Protocol” em inglês e tudo, já a pensar na internacionalização vindoura.
Sempre visionários.
Escolhido que estava o nome havia que dar substância à coisa.
O que era importante regular pensaram os seus criadores?
Qual o objectivo principal?
Bom, uma vez que se estava no inicio, importante, importante era passar a imagem que a partir de agora tudo seria diferente.
A transparência seria a pedra de toque.
Os candidatos a “Ensinadores” seriam sempre escolhidos entre os mais aptos.
Não mais haveria o compadrio e as malandrices de que os seus antecessores eram acusados.
Haveria regulamentação, seriedade, rigor e todo um leque de lugares comuns muito em voga para vender ideias.
Quem acedesse a tão alto cargo ficava incumbido de uma missão nobre mas já sabia que o seu tempo era limitado.
Não mais haveria a perpetuação nos cargos.
O poder e os kwanzas seriam enquanto fossem.
Efémero era a palavra de ordem.
E assim foi, foi e foi.
Até que...
Os tempos mudam, os intervenientes também e as vontades alteram-se.
Já se sabe, a história, tal como o espeto em que rodam os frangos de churrasco, é cíclica e só não se lembra disso quem não lê.
Eis que passados uns anos, os homens que tinham usado o tal acordo para chegar ao ensino da camionagem, começam a olhar para o bom do documento com um misto de revolta e apreensão.
E porquê perguntam vocês?
Porque é que o que era bom anteriormente agora já não servia?
Os motivos eram simples.
Primeiro a tal limitação temporal que não permitia a perpetuação no cargo.
Que horror de regra, alguém devia estar sob o efeito de substancias ilegais quando aceitaram essa.
Então agora não posso ficar aqui até aos 72 anos pela alminha de quem?
A juntar a isto, o facto igualmente horrível de não poder escolher livremente os amigos para integrar o leque de iluminados “Ensinadores”.
Alguém já viu aqueles anúncios das imobiliárias que dizem, “junta-te a nós, vem fazer parte duma equipe vencedora”.
Pois, aqui era o mesmo mas a equipa boa, mesmo boa, seria aquela composta pelos amigos que compartilham as mesmas ideias sobre o mundo e as relações empresariais.
Afinal, se em minha casa só entra quem eu quero por que razão aqui, havia de ser diferente?
Isto que tem sido a nossa casa nos últimos anos, onde pomos e dispomos, tão habituados a todos os cantos...
Quase um Lar.
Pois é, mas esqueciam-se os moços que aquilo não era a casa deles e que regras havia, que tinham de ser cumpridas.
Gostassem ou não...
Como não gostavam e os prazos urgiam, eis que os Druidas ligados ao ensino sincronizado, encetam uma jogada de aproximação à UPA.
Reformular “The Protocol” era a palavra de ordem.
As razões apresentadas eram as mais floreadas, desprovidas de interesse próprio, e todas a bem da classe.
Outro lugar comum muito em voga...A bem da classe.
Claro que o facto de muitos estarem em fim de comissão de serviço, com o prazo de validade quase a expirar, qual iogurte de ananás numa prateleira de mercearia de bairro, nada tinha a ver.
Nada.
Igualmente nada tinha a ver a previsão de um ano de actividade intensa, cheio de novos petizes ávidos de aprendizagem e em que aquele camião-simulador voltaria aos seus tempos de glória, com os hidráulicos a deitar fumo tal era o uso sem paragens a que estava submetido.
Ora isto era coisa para render alguns Kwanzas.
500 Kwanzas por sessão, vezes 16 sessões, vezes muitos, mesmo muitos petizes que se prevêem...
É fazer a conta... a bem da classe.
Aliás, o a bem da classe podia ser comprovado pelos últimos acontecimentos relativos à questão do ensino sincronizado.
Numa prova de honestidade e transparência tinha sido convidado um Condutor-Principal para as funções de “Ensinador”, sem qualquer concurso e fazendo orelhas moucas do tal documento regulador.
Assim, sem mais nem menos, só porque sim.
Hum, malandrice, cheira-me muito a malandrice.
Afinal anda alguém a não cumprir o que está escrito.
Não é bonito.
Os camionistas que até fazem piada com o célebre, “Onde é que isso está escrito” e vai-se a ver, no fim pouco importa se está ou não.
Bom exemplo não é não senhor, mas nada que nos surpreenda.
Então querem reformular uma coisa em que nem mostram boa fé de fazer cumprir?
Algo me diz que a UPA vai ter dificuldades a lidar com esta gente.
É sempre difícil negociar com malandros.
A provar a malandrice vinha agora o concurso que entretanto tinha sido aberto para a admissão de mais uns “Ensinadores”.
Antevendo os cortes nos Kwanzas preconizados na comunicação social, a rapaziada afluiu ao dito concurso em massa, fazendo lembrar os jeeps dos GIs engolidos pelos petizes à procura de Candys no Berlim pós guerra.
O concurso foi decorrendo sem sobressaltos, mas os Druidas não estavam dispostos a distribuir os Candys por quem não era da sua cor.
Que fizeram então, perguntam os meus Amigos Ouvintes.
Fácil, vai de chumbar aqueles que não nos agradam, através do não cumprimento do que está escrito.
Só porque sim.
As razões apresentadas para tais decisões eram várias e todas reveladores de alguma comicidade.
Ora porque os candidatos não tinham tempo, ora porque não tinham saúde ou porque eram altos, baixos, gordos ou magros.
Igualmente reprovados os que tendo desempenhados funções anteriormente, tivessem saído irritados.
Ali não havia espaço para irritação, pois praticava-se uma cultura ZEN.
Zen vergonha...
Perante tudo isto, com tanta confusão e incumprimento, o que será o futuro do ensino perguntam vocês?
Tudo dependerá do que se fizer da lei.
Por agora a Lei é uma e tem de ser cumprida.
Qualquer estado começa o seu declínio quando faz da lei, letra morta.
Setembro está aí à porta e com ele o prazo de validade de muitos dos “Ensinadores” actuais.
Querem-nos fazer crer que sem eles morre o ensino da camionagem e reinará o caos e o obscurantismo.
Há quem diga que o problema é outro, é mais um problema de uma fonte que teima em minguar e que os que lá bebem não querem que seque.
E vocês, o que acham?