quinta-feira, fevereiro 24, 2011

A História de D. Carlota

Olá Amigos
Estava aqui a pensar na vida e na Direcção de Operações Camionisticas, e eis que me lembrei dum capitulo engraçado da nossa História lusa.
História verídica passada no final do séc. XVIII, inicio do séc XIX que traz-nos a enigmática personagem de D. Carlota Joaquina, a mal amada mulher de D. João VI e rainha de Portugal.
A história repete-se e podemos encontrar nela muitos pontos de contacto com os dias actuais.
E para exercício de pensamento, tem sempre mais graça do que ler os periódicos sanguinários que nos entram pela cabine de condução.
Então voltemos à nossa Carlota.
Nascida em 1775, descendia da casa de Bourbon.
Diz-se dela que apesar da sua grande sagacidade politica escolheu sempre o lado errado da História, tentando através de golpes e esquemas, arrebatar o trono ao seu marido.
Esquemática portanto...
Oliveira Martins, no seu livro, define-a como uma megera horrenda, criatura devassa e abominável e em cujas veias corria toda a podridão.
Outos historiadores da época definem-na ainda como uma alma, ambiciosa, inquieta e sem escrúpulos.
Os tais pontos de contacto lembram-se?
Carlota Joaquina ficou ainda na história como um exemplo de escandalosa devassidão sexual, uma mulher cujos insaciáveis apetites libidinosos se manifestavam num corpo que roçava a repugnância.
Apesar do seu Casamento com o rei D. João VI celebrado em 1785 ter durado 36 anos, a vida em comum foi relativamente curta, interrompida por uma longa separação de facto.
Dos nove filhos do casal, a maior parte dos estudiosos concede ser provável que apenas o filho mais velho, D. Pedro IV ser mesmo do legitimo esposo.
Certa vez, D. João VI na estrada que leva ao palácio de Queluz e para o seu coche não se cruzar com o de sua mulher, grita ao seu cocheiro
“ Volta para traz que vem ai a puta”.
Elucidativo não é Amigos.
No livro El Rei D. Miguel, Faustino da Fonseca cita uns versos populares da época:
Miguel não é filho, d’el Rei D. João
é filho do João Santos, da quinta do Ramalhão.
Fabuloso.
A própria nora D. Leopoldina de Habsburgo mulher de D. Pedro relata umas conversas com a infanta Maria Teresa que lhe conta que certa vez, o Rei seu pai mandou prendê-la num convento por não poder confiar mais nela, mas D. Carlota, dribla a clausura e...oferece-se aos criados.
No Convento da Ajuda ainda tentaram conter o seu desejo com uma alimentação especialmente leve, mas ela ficava ainda mais birrenta e cheia de vontade...
Quando da fuga da corte para o Brasil, o nosso Rei para evitar escândalos recompensava os amantes da mulher com a comenda da Torre-e-Espada, mas não podendo dizer o porquê da condecoração, escrevia dos “ justos e particulares motivos que tenho presentes”.
E foi assim que devido aos largos aumentos de Kwanzas recentemente decretados pela CACA, para os seus mais fieis, me lembrei da célebre frase de D. João VI que desabafa:
“Na vida de Carlota a moralidade morreu”
Não foi só na dela pois não?

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Os Salteadores da Arca Perdida

Olá Amigos ouvintes, como têm passado?
Bem? Duvido.
Com aquilo que se prevê que venha aí, duvido mesmo muito, mas há optimistas para tudo.
Volto hoje ao vosso contacto com mais uma historieta de pura ficção passada na grande e única CACA, que tantas alegrias nos tem dado e tanta tinta feito correr.
Obrigado Gutenberg por esta magnifica invenção, pois sem ti ficaríamos apenas com as historias passadas de boca em boca, ou em papiros de pouca dura, como no tempo dos antigos.
Com o passar dos meses, perderíamos em exactidão e pormenores, e a comicidade invariavelmente sairia prejudicada.
Por isso, uma vénia para ti amigo Johannes.
Hoje teremos entre nós nesta saga camionística, a grande epopeia dos Salteadores da Arca perdida.
Não Amigos, não pensem que vamos entrar por uma Ilíada de Homero ou coisas do género.
Epopeia ma non tropo...
Também não entraremos pela saga autêntica do grande Indiana Jones embora em muitos aspectos encontraremos pontos em comum.
Preparados?
Então chapéu na cabeça, faca nos dentes, chicote na mão e, ta na na, ta na na, ta na na, ta na na na na.......
Corria na CACA uma aragem estranha.
Um misto de revolta e ansiedade tomara conta dos corações outrora puros dos nossos Camionistas.
A Pátria Lusa atravessava grandes contrariedades a todos os níveis, com o ensino de rastos, a moral pela rua da amargura e o pior de tudo, sem kwanzas para alegrar a rapaziada.
Os políticos, verdadeiros coveiros desta nação mostravam a sua inépcia e governavam da única maneira que sabiam.
Contra as pessoas.
Ai, não há Kwanzas, carregue-se no pessoal trabalhador que a culpa deve ser deles.
E a rapaziada pagava.
Os esforços eram cada vez maiores, sempre na tentativa de tapar um buraco que teimava em não vedar.
Sabem aquela valvulazinha que existe na Camionete e que não se deve abrir quando há fuga de petróleo?
Era mais ou menos isso, com válvula escancarada e por mais que se injecte de um lado, perde-se tudo pelo outro.
Com o panorama assim, não haveriam os Camionistas de andar danados da vida.
Eles que até cumpriam e tinham dado de si durante a última década, sempre na vã esperança da recompensa adiada.
Eis que agora eram confrontados com uma nova categoria profissional.
Acabava-se a pomposa categoria de Condutor e entravamos no reino dos Escriturários.
Seriam equiparados a um qualquer duma qualquer repartição, aos mangas de alpaca da vida.
Sem tirar nem pôr.
Para a rapaziada mais nova, manga de alpaca era a designação que se dava anteriormente aquilo que hoje carinhosamente apelidamos de besuntas, que ao contrário daquilo que se diz, nada tem a ver com as funções desempenhadas, mas sim com um estado de espírito.
Encontramos aliás na vida, muitos condutores com um espírito besuntoso que não acaba.
Adiante.
Agora seria a doer e para aprenderem como é, os Camionistas teriam de contribuir com mais um pouquinho de si.
O que tinham dado no passado não chegava.
Durante 12 anos e até ao Acordo assinado havia poucos meses, não tinham tido aumento kwanzal, mas isso agora pouco interessava.
Tinham de contribuir como os outros e já que a vida lhes corria de feição, seria justo que dessem o chamado dizimo.
Lembram-se da IURD?
Essa mesmo, igreja fundada em terras de Vera Cruz, pelo “Bispo” Edir Macedo, rapaz honesto e sabedor da poda e que na sua grandeza se instalou por cá, para ajudar a salvar o povo Luso.
Ao governo da Pátria, o que sobrava em imoralidade, faltava em imaginação e vai de copiar o modelo.
A partir de agora, os senhores camionistas irão contribui com a módica quantia de 10% em kwanzas, de modo a que os 13700 institutos possam ser mantidos, mais as secretárias e os motoristas e os coisos e os outros e mais aqueles e também sem esquecer e ....
Isto de esquemáticos de Vera Cruz que vêm salvar o povo Luso, não sei porquê mas começa-me a cheirar a malandrice pegada.
Os da IURD claro...
Os Camionistas não gostaram e ficaram danados.
Então agora iam ganhar menos Kwanzas pela alminha de quem.
Não, não, que não podia ser.
Claro que alguns havia que achavam melhor aceitar, porque isto anda mal e tal, e assim sempre vamos tendo o empreguinho.
E no fim pelo menos recebemos a palmadinha nas costas que tanto gostamos.
Aquela palmada que está apenas 2 palmos acima do pontapé no dito...
A balada do desespero tinha inicio.
Lá está, escriturários por dentro, apesar de se sentarem aos comandos da camionete.
Eram poucos, verdade seja dita.
A maioria não aceitava e queria justiça, nada mais que justiça.
E perguntam vocês, onde raio vamos com esta história, e de salteadores e arcas ainda não vimos nada.
Calma Amigos, calma.
Continuando.
O gestor mor da CACA, antevendo um problema grande, eis que qual kasparov das Camionetes, faz a sua jogada de antecipação.
Ah e tal, eu estou com vocês e acho de uma tremenda injustiça, mas são eles que querem.
Obrigam-me.
A culpa é do governo.
Esquecia-se porém que o governo já anteriormente abrira excepções para aplacar a fúria da rapaziada de outras CACAS e aquilo bem conversado até ia.
Mas resolve ir fazendo o que os desorientados sempre fazem, empurrando com a barriga.
Como só isso não seria suficiente, vai de aplicar a mesma técnica usada anteriormente nestes anos de namoro.
Sabendo que os cães fieis são sempre aqueles a quem se dá o osso maior, eis que toma a decisão.
Vamos dar mais Kwanzas à rapaziada fiel e assim manter a almofada que nos separa da baianada...
A tal almofadinha de conforto.
Se assim pensou melhor o fez.
Seguindo a politica praticada nos últimos anos, eis que compra mais um pouco da alma dos nossos amigos Druidas.
Assim, em édito real, é decretado um aumento médio de 3000 Kwanzas, variável, pra mais ou pra menos, consoante o lugar na hierarquia CACAL.
Sem dúvida um incentivo de monta aos capatazes do chicote.
Se para alguns deles, o simples “poder” de fazer cópias dos manuais das camionetes e enviá-los aos condutores mal comportados, já era razão de pequena ejaculação, isto aliado a mais Kwanzas era o êxtase total.
O clímax era atingido...E sem pôr.
Aquilo que era dado anteriormente no cartão de plástico, era aumentado e passava para a folha, que dá sempre jeito para qualquer doença e outros casos bicudos.
E como não estamos a ir para novos...
E então, eu disse ou não disse que iam haver salteadores?
Mas para os Amigos ouvintes que pensem que a coisa fica por aqui, desenganem-se.
Não, que aquilo é rapaziada manhosa à séria.
Os aumentos dos Kwanzas, ao contrário do sol, não seriam para todos.
Não, que as finanças não aguentam.
Assim, teve que haver aquela distribuição cirúrgica da coisa.
One for me, two for me....lembram-se desse cartoon?
Foi mais ou menos assim e Kwanzas só pros mais chegados...
Tipo família mafiosa italiana.
The Sopranos no seu melhor.
Claro que alguns Druidas houve que não gostaram e como tal, vai de saltar da Camionete em andamento, que isto de andar aqui a aturar fretes por tuta e meia, é desporto que não me agrada.
Os Druidas que ficaram, enfeitiçado estavam pelo vil metal.
Lembram-se dos alemães enfeitiçados com a arca no primeiro filme da saga do Indy?
Assim eram os Druidas, com os Kwanzas.
Já nem se importavam com as diatribes do governo da Pátria.
Depois de vender companheiros de luta, o importante seria fazer crer aos incautos o seguinte.
Estamos com vocês.
Afinal, estamos todos no mesmo barco.
Mas se somos radicais e não aceitamos este esforço, corremos o risco de ir pro buraco de vez
Sim que isto já não aguenta mais e o FMI está aí à porta e a crise e tal.
A mensagem subliminar seria essa.
Mas estamos todos no mesmo barco e também paramos se for o caso.
Paramos com os bolsos cheios claro...Com o peso.
Os passageiros do Titanic também iam todos no mesmo barco, mas uns tiveram netos e outros não.
Adivinhem quem se entalou?
Pois esses mesmo.
Agora com os Kwanzas a mais na folha, era necessário manter a discrição e ir levando a rapaziada.
Será que iriam conseguir?
O tempo, esse que é o melhor conselheiro, o dirá.
E chega de salteadores?
Não chega nada Amigos, ainda vamos a meio da saga.
Ou achavam que salteadores são só meia dúzia?
Nem pensar, a rapaziada Camionista tem igualmente nas suas fileiras uns salteadores de mão cheia.
Passo a explicar.
Até ao ano da graça de 2010 estava em vigor um Acordo entre a CACA e os Camionistas.
Quando a UPA toma posse em 2008, lança-se na procura de um modelo novo de trabalho.
A ideia era tornar tudo mais claro e melhor distribuído.
Deveria ter agradado a todos certo?
Errado.
Mais uma vez um punhado de salvadores da pátria, imbuídos apenas de bondade e visão, eis que se opõe, fazendo de tudo para que tal Acordo não visse a luz do dia.
Diziam que era pior para os Camionistas, que o trabalho ia aumentar e os Kwanzas diminuir.
Se existe algo bom na democracia, é a relativização de tudo e assim foi.
A tal maioria, veio-se a provar serem meia vintena de salvadores da pátria.
O Acordo foi aprovado por larga maioria e apesar da chinfrineira causada por um punhado de indecentes, a coisa foi implementada.
Indecentes? Então agora ter uma diferença de opinião é ser indecente.
Têm razão, não é, se as diferenças forem por causa nobre, mas eis que afinal não era o caso.
Coincidentemente, os maiores opositores ao dito Acordo eram rapazes que muito ganhavam com a manutenção do anterior.
E como?
Salteadores lembram-se?
Enfeitiçados pela arca, iam fazendo o trabalho de 3 ou 4.
Armados em autênticos Hércules da Camionagem, eis que estes nossos malandrecos faziam horas de camionagem até mais não, dando um novo significado ao velho conceito do dia de 24 horas.
Coisa em desuso, pois para eles o dia era elástico.
Eram os campeões das horas de condução.
Nada os parava.
Aquela velha máxima apregoada em tempos idos que sempre que trabalhas no dia de descanso estás a tirar o lugar a outro condutor que quer trabalhar, para eles nada dizia.
Indecentes e Selvagens portanto.
Casos havia com 100 dias de descanso em atraso.
Sim leram bem, não foi gralha, 100 dias.
Montantes anuais de horas de condução que transformados em Kwanzas compravam um Porsche.
Sim, estamos a falar dum Boxster, mas não deixa de ser um Porsche.
A pronto pagamento...
E então isto ainda não é ser indecente?
Com tudo isto a CACA gastou muitos mais kwanzas do que devia, quando tinha os meios para não o fazer.
Se a gestão fosse equilibrada e equitativa, as camionetas tinham andado na estrada sem sobressaltos e muito se teria poupado.
Milhões de kwanzas nos últimos anos.
Muitos milhões distribuídos por alguns.
Selvagens e sem vergonha.
Claro que os salteadores não viveriam da mesma maneira sem esse pequeno incentivo anual e por isso tudo fizeram para que o dito Acordo tivesse o mesmo fim do tão famoso Titanic.
O facto de esse sistema ser muito penalizante para a CACA também não os fazia corar de vergonha.
Com os Kwanzas a mais, mesmo para os que corassem, haveria sempre uma boa maquilhagem.
Das melhores que os Kwanzas podem comprar.
E assim iam os nossos salteadores, sempre bem maquilhados.
Maquilhados de gente séria, cumpridora e honesta, quando na realidade não passavam de salteadores sem-vergonha.
E todos os outros, aqueles que vêem o pó de arroz e aquilo que está por trás, não devem ter vergonha de os apontar na rua, porque o que ali vai não são Condutores, são salteadores.
Sim, salteadores e sem-vergonha.
É diferente.
Muito diferente.