sexta-feira, abril 10, 2009

The Royal Military College

O RMC (Royal Military College) era uma instituição secular e desde há muito dedicada à formação castrense da meninada.
Por lá passavam os filhos de grandes lutadores da pátria, na tentativa de formar, muitas vezes em vão, adultos justos, honestos, sábios e honrados.
Os laços de amizade que se criavam entre os pupilos eram fortes, duradouros, para a vida.
A partilha de segredos na noite profunda das camaratas deixava marcas impressas na alma, marcas essas que se perpetuavam pela vida adulta.
Assim, tal como uma maçonaria de fim de semana, os irmãos de outrora, continuavam a amparar-se perante as adversidades futuras.
E assim aconteceu na LAPPA (Linhas Aéreas Portuguesas & Pilot Association)
O próprio nome tinha mais 2 significados para alem do inicial.
O primeiro, referente ao bivalve que se prende às rochas e que alem de invertebrado, não desgruda nem por nada e que fazia lembrar alguns dirigentes da dita associação.
O segundo, invocativo do desejo reprimido do seu presidente em ter nascido no dito bairro da capital.
A LAPPA funcionava a par com a UPA-LA e nas mesma instalações.
Embora sem meios financeiros que a permitissem sobreviver sozinha, dava se ao luxo de viver acima das suas possibilidades sempre confiante e sem olhar a excessos.
Os seus colaboradores eram enviados a congressos de extrema importância, normalmente em países floridos e quentes, ficando hospedados nos melhores hotéis da região e usufruindo de todas as regalias que só o dinheiro dos outros pode proporcionar.
O seu presidente, homem visionário e discreto, dirigia a LAPPA com um sorriso e uma amabilidade contagiante.
Também ele proveniente do RMC, era filho de um Conde Português e uma Baronesa Suíça.
Por força da discrição não usava o titulo que lhe cabia, de Conde Barão, mas apesar disso todos prestavam a devida vassalagem, pois viam no homem o bom senso, o aprumo, a finesse, enfim, o esmero na educação que apenas aos titulares está reservado.
Repetente no cargo, rodeou se de alguns irmão do RMC, bem como de outros que procuravam o bem servir como fio condutor das suas vidas aeronáuticas.
A vida corria lhe bem, morava numa vila perto da capital, onde se passeava regularmente de cabelos ao vento, no seu carro, por vezes acompanhado de motorista, devido a um pequeno diferendo com as autoridades sobre a calibragem das maquinas de "sopro"
A relação da sua instituição com a UPA-LA sempre tinha sido a melhor, fruto dos anos passados entre beliches do RMC.
A direcção das duas instituições viviam em plena harmonia, com objectivos comuns entre elas e visões em tudo semelhantes.
Enquanto nada mudasse, todos falariam a uma só voz, não importando que para isso se tivesse que condicionar assembleias, votações e o que houvesse, tudo pelo bem comum.
Os anos passavam e as caras não mudavam, apenas havendo rotação dos cargos, o que obviamente transmitia aos AA aquele conforto que só tem quem sabe que está em boas mãos, pois conta com dirigentes, que abdicavam do seu precioso tempo familiar, da sua qualidade de vida e do seu descanso, em prol duma classe, classe essa por vezes mal agradecida.
Com dirigentes assim, era óbvio que todos podíamos dormir descansados.
E assim o fizemos.

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