terça-feira, março 02, 2010

A Mina dos 7 Anões

Hoje para deleite da pequenada, trago-vos uma História infantil sobejamente conhecida mas adaptada à realidade dos tempos que correm.
Eram 7 os anões, compostos por ordem decrescente de importância da seguinte forma.
Mestre, Zangado, Soneca, Dengoso, Atchim, Feliz e um rapaz que ninguêm sabia muito bem o que lá fazia e toda a gente tratava por Dunga.
Juntos eram imbatíveis.
Trabalhavam na mina diariamente e recompensavam com pedras brilhantes aqueles que os apoiavam na sua luta por um mundo melhor.
As pedras não tinham grande valor é certo, mas brilhavam e enquanto a rapaziada não der conta, vamos comendo o filé que isto de carne dura já não é pra nós.
Iam cantando e rindo e o resto ia sendo levado.
Aiô, Aiô, pra mina agora eu vou, Aiô, Aiô, Aiô, pra mina agora eu vou...
A mina era do povo, mas já se sabe que nisto das gestões, a iniciativa privada leva vantagem e como tal, reconhecendo as suas incapacidades, o povo resolveu contratar uma rapaziada batida na mineiragem pra assegurar o fluxo de pedras.
Esses rapazes, com carta branca a prazo, tinham feito várias experiências com outros anões mas finalmente tinham encontrado nestes a linha da frente tão necessária à sua sobrevivência.
Se podes ter um airbag que ampare a porrada, bater de frente contra um muro num mini dos antigos é pra malucos.
E assim construíram o seu airbag.
Firmaram um acordo.
A prospecção ficava na mão dos pequenitos que poderiam tirar algumas pedras para si, mas em contrapartida os anões garantiam que ninguém tentaria tomar a mina de assalto.
Que pedras bonitas, pensaram eles.
E brilham tanto, que bom termos sido nós os escolhidos.
Havia no entanto um senão.
O resto da rapaziada andava com maus fígados.
Devia ser dos fusos horários e da falta de pedras brilhantes.
O estômago fica com aquela azia.
A vida na vila encarecia a cada dia e pedras, só havia para alguns.
Os anões andavam apreensivos, querem as nossas pedras brilhantes, estes malandros.
À que unir esforços e começar a tranquilizar as hostes de bárbaros.
Mostrar-lhes qual é o caminho e se não quiserem compreender duma maneira, terá que ser na chibata.
Pensaram num plano, iriam criar Historias paralelas, coisas pequenas a que se dariam importância e enquanto houvesse fumo em cortina o incêndio estaria controlado.
No entanto além dos problemas externos havia igualmente que gerir a cobiça próxima, sim que isto de conviver de perto com pedras brilhantes, desperta sentimentos.
O Mestre era um bom Homem, mas sentava-se numa cadeira de veludo canelado, muito bonita, toda decorada com incrustações douradas. Um mimo.
Inteligentissimo, o Zangado sonhava com aquele veludo e embora soubesse que o seu tempo viria, tinha que preparar bem o terreno, não fosse alguém lembrar-se do mesmo e os Lobbistas (Grupo semelhante ao dos Compostinhos, mas pertencentes todos à mesma casta, e a que voltaremos no futuro) estavam à espreita.
Tenho de arranjar um anão fiel pensou, um que seja ambicioso e que ao mesmo tempo tenha penetração junto da rapaziada.
O Dengoso era a solução óbvia, pois tinha aquela matreirice simpática que a todos conquistava.
Era de abraço fácil.
Assim, aproveitando a saída do anão Capataz, que andava descontente com o rumo da mineiragem, eis que surge a oportunidade.
Havia várias escolhas para o lugar de capataz da mina, algumas menores é certo, mas no fim resumiu-se tudo a duas.
A candidatura vencedora, não era a escolha do Mestre que teria preferido uma escolha mais aristocrática, de uma linhagem mais Habsburgiana , mas viu-se aí o poder oculto do Zangado.
Qual Richelieu, convenceu o Mestre sobre as capacidades do Dengoso e num passe de mágica, tomem lá novo Capataz.
Com este ajudante, o veludo canelado seria uma questão de tempo.
Tão bonita aquela cadeira.
Quando o Mestre caísse, Zangado assumiria o cargo, deixando o seu para Dengoso.
O Soneca, seria ultrapassado pela direita, sem pisca e continuaria o terceiro elemento.
Tudo estava pensado. Tudo corria bem, os Lobbistas estavam controlados.
A vida de atchim era mais calma, dedicando-se a manter o nível de sapiência dos mineiros em geral mas não nutria de grande fama entre a rapaziada.
Vivia um pouco à margem destas lutas.
Continuaria a ter pedras bonitas e isso bastava-lhe.
Organizava os cursos de mineiragem e tratava que todos usassem as picaretas da mesma maneira. Sincronizadinhos.
E já não era pouco.
O Feliz era um caso diferente.
Tinha uma relação muita próxima com as pedras brilhantes.
Gostava muito delas.
Sempre tinha estado ligado ao ensino da mineiragem, mas com alguns revezes.
Uns tempos antes, um anão expatriado tinha tomado o lugar que sempre sonhara.
O seu lugar, de direito.
Foi sol de pouca dura.
Reuniu os outros anões ligados à arte da mineiragem sincronizada e delineou a coisa.
Um a um, os sincronizados foram abandonando a mina.
Ao fim de um tempo o anão expatriado tinha a mina virada do avesso.
As picaretas batiam uma pra cada lado, como se de um 127 a 3 cilindros se tratasse. Reviu-se a coisa e o expatriado lá foi de volta para o seu lugar. (Caso que igualmente trataremos em detalhe no futuro)
E era assim a vida da mina, todos a quererem pedras brilhantes e só alguns a conseguirem.
Ah é verdade, o Dunga perguntam vocês.
Já me ia esquecendo.
Bom o Dunga, o Dunga, que dizer sobre o Dunga.
O Dunga é hoje um e amanhã outro, são muitos.
Pois, sobre o Dunga é isso...
KONIEC

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