domingo, março 14, 2010

O Sabujo

Caros amigos, a vida é madrasta.
O nosso fiel cachorro, companheiro de tantas brincadeiras, foi chamado para junto do criador.
Deixa-nos saudades. Saudades das suas traquinices, das suas malandrices, das suas brincadeiras.
Aqueles fins de tarde na praia, correndo atrás de uma bola, aquelas corridas loucas em perseguição frenética a qualquer Famel que passasse, aquela alegria contangiante, aquele latir tão característico.
A vida segue em frente e a morte caminha lado a lado, lembrando-nos da nossa condição mortal.
Assim, há que levantar a cabeça e iniciar a busca por um novo companheiro de tropelias.
Em reunião familiar, muito concorrida aliás, fazendo lembrar outras reuniões, decidimos que na escolha do próximo fiel amigo tentariamos uma raça nova.
Várias foram comparadas, pastores, pitbulls, retrievers.
Contra a minha vontade, os meus filhos insistem, que querem ter um sabujo. Porque sim.
Dizem-me que é giro, que dá imenso jeito pra recados, e que adoravam ter um.
Não estou convencido, sempre que vejo um, fico eu com o pêlo arrepiado e dá-me uma vontade de lhe desferir um certeiro pontapé no focinho.
Feitios, sei bem que estou errado.
O problema é que na minha meninice sempre me foi ensinado que eram bichos pouco confiáveis, traiçoeiros, e que para cumulo, conseguiam, qual vírus maligno, alastrar aos outros canídeos e transmitir doenças.
Coisas de outros tempos, daqueles em que ninguém usava cinto, toda a gente fumava nos restaurantes e os ciganos eram mal vistos na sociedade.
Hoje vejo bem que não é assim.
Era tudo exagero e a raça prolifera por aí.
Embora contrariado, vou atender ao pedido dos miúdos.
Pai é Pai.
Dirigi-me a uma casa da especialidade na tentativa vã de satisfazer os petizes.
Pediram-me um balúrdio.
Isto do Euro rebentou com tudo...
Mas isso é uma fortuna disse eu, ainda por cima por um bicho um bocado pro feiote.
Diz o homem da loja que é a regra da oferta e da procura, que hoje em dia toda a gente quer um.
Ah e tal, têm muita saída porque fazem truques, pois, pois, truques fazem todos meu amigo.
Nã...não vou em grupos.
Sendo assim deixo um apelo aos companheiros de camionagem.
Uma vez que a situação económica não está fácil, quero arranjar um sabujo barato, ainda por trabalhar, em bruto, nem precisa ter registo.
Preferimos cachorro, para que tenhamos tempo de o moldar e assim torná-lo um sabujo a nosso gosto.
Vai ficar um mimo.
Agradeço a quem nos possa socorrer nesta altura de dor.
Para que não errem na identificação do animal, deixo aqui a definição de "Sabujo", definição essa encontrada nesta coisa maravilhosa que é a internet.

O Sabujo desenvolveu-se nas montanhas da Alemanha, caçando lebres, raposas, coelhos e javalis.
Especialmente hábil para farejar pistas frescas, sempre usando a sua melodiosa voz, mas seu apuradíssimo faro permite que siga também a pista fria, isto é, rastreia a pista do sangue deixada por animais feridos (como o cervo) e, nesses casos, trabalha silenciosamente.
À tempos atrás, os caçadores temiam que o uso desse cão na caça de cervos feridos, faria com que ele quisesse caçar também os cervos saudáveis, mas isso não aconteceu.
Com métodos de treino qualificados, ele rapidamente aprende a diferenciar as duas pistas.

Aqui fica o apelo, Pelos miúdos.

1 comentário:

  1. Há um, de raça leve e ágil, com muita QUALIDADE e agora também SABEDORIA, lá pelos edifícios, onde outros ordenam qual Deuses no Olimpo!
    Mas cuidado com as crianças, pois como Pai zeloso devo-te acautelar, este sabujo, também é arraçado de ave (coisa estranha) de uma espécie que dá pelo nome de Bubo Bubo, ou em português corrente, Bufo Real!

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